Econ - Estagnacao Longa da Produtividade na America Latina (José Gabriel Palma) I

 

Artigo em Ingles Sobre a Estagnacao Longa da Produtividade na America Latina Mesmo Após Reformas:


142 - Artigo excelente de José Gabriel Palma, de Cambridge. A taxa média anual de crescimento da economia mundial caiu de 4,5% (1950-1980) para 3,5% (1980-2008); e a taxa mediana caiu ainda mais - de 4,7% para 3,1% (GGDC, 2009). No entanto, o colapso da taxa de crescimento de LA foi extremo, mesmo nesse contexto (5,4% a 2,7%).

143 - Por exemplo, se alguém classifica todos os países do banco de dados (excluindo países do Oriente Médio exportadores de petróleo) pela taxa de crescimento do PIB (97 países), o ranking de crescimento do Brasil cai de 10 (1950-1980) para 70 (1980-2008); por sua vez, o México cai de 13 para 62. Que contraste com a China (43 para 1), a Índia (72 para 7) e o Vietnã (84 para 2)! 

144 - O gráfico de múltiplo entre PIB AL-Ásia mostra claramente essa inversão brutal a partir de 1980.

145 - No Chile, no entanto, as reformas econômicas começaram em 1973, então uma comparação mais significativa seria entre os períodos de reforma pré-1973-ISI e pós-1973. Nesse caso, a taxa de crescimento é realmente a mesma em ambos (4%; veja 'ch *' na Figura 2). (GDP growth)

146 -  Na América Latina, o declínio no crescimento do PIB após 1980 foi totalmente absorvido pela produtividade, deixando o crescimento do emprego praticamente inalterado.

147 - A produtividade do trabalho no México ficou parada e levemente declinante de 80 a 2010. Na Tailândia só subiu.

148 - A produtividade do trabalho também subiu imensamente na China (6.7) e Vietnã (4.2) e Índia (3.8) entre 1980 e 2008. Enquanto que na América Latina a média foi de meros 0.2. Todo o crescimento, já menor, parece ter sido puxado por mera expansão no emprego. Colômbia, Chile e Costa Rica ainda conseguem 1.4 e 0.9 no período, mas só. 

149 - A produtividade do trabalho mundial caiu de 2,4% durante a 1950-80 para 2,1% durante 1980-2008. USA cai de 1.9 para 1.6. Austrália e Nova Zelândia também (1.9 para 1.5). UE cai de 3.6 para 1.5. 

150 - Existem problemas bem conhecidos com dados de emprego, especialmente em serviços (informações sobre empregos formais estão normalmente disponíveis, mas as do setor informal geralmente são estimativas). No entanto, não há razão para acreditar que as estatísticas de emprego de LA sejam diferente do da Ásia.

151 - O resumo é a questão da elasticidade do emprego: No entanto, as coisas pós-1980 mudaram bastante: enquanto o PIB da AL - a taxa de crescimento - caiu pela metade (ficando entre os piores), sua criação de empregos estável salta para o topo da liga. Consequentemente, seu emprego-elasticidade quase dobra (de 0,49 a 0,92, um nível aproximadamente o dobro dos países). E sua produtividade do trabalho (crescendo apenas 0,2% ao ano) afunda no inferior.

152 - Em termos de produtividade do trabalho (não sei bem a diferença disso para o PTF (ou TFP)) a comparação Brasil Coréia é de 3.6 a 4.8 (PTF seria 2.2 a 0.8 - Brasil vira!) entre 1950 e 1980. Já entre 1980 e 2009 a comparação Brasil Coréia é de estagnação do Brasil (e até declínio na PTF) e crescimento de 4.3 na Coréia (PTF de 1.6). (...) Como resultado, (e apesar da recuperação pós-2003 no Brasil) em 2009, a produtividade da Coréia era quase três vezes maior que a do Brasil (US$ 59.000 e 21.900). Então, enquanto a Coréia estava fechando a lacuna de produtividade com os EUA muito rapidamente - de 27% (1980) para 60% (2009) - o Brasil estava caindo atrás igualmente rápido (mas de forma cíclica) - diminuindo de 31% para 21% dos níveis de produtividade, respectivamente.

153 - (A diferença da produtividade do trabalho para o PTF - a Coréia, por exemplo, apresenta taxa de crescimento bem diversa entre uma coisa e outra entre 80 e 09 - seria a mais-valia absoluta? Já li que a carga de trabalho na Coréia é maior que o habitual. Talvez o grosso do crescimento da produtividade do trabalho seja isso, só vendo).

154 - Certeiro: Como tem sido amplamente divulgado (e evidente na Figura 4), a economia brasileira mudou em um ciclo de crescimento mais dinâmico desde 2003 (liderado principalmente por um boom de commodities, finanças e imóveis), que foi rapidamente retomada em 2010 após a desaceleração de 2009 devido a um boom de gastos nas eleições pré-presidenciais). Como resultado, o crescimento da produtividade atingiu uma taxa anual de 1,9% entre o ponto inicial do ciclo (2003) e 2009. No entanto e apesar do crescente otimismo coletivo no Brasil e na imprensa financeira, até agora, existem poucas evidências de que a atual aceleração da produtividade no Brasil possa ser sustentada e provar ser a exceção à regra acima.

155 - Mesmo os melhores países da América Latina falham em 1980 para frente. Nem a Colômbia escapou da queda brusca na taxa de produtividade 50-80 a 80-10. Foi de 2.6 para 0.5. E a PTF foi de 1.9 para -0.9 (negativo!). Temos dados parecidos para Argentina, Peru e mesmo o incensado Chile. Especialmente na década 00-10 todos esses países apresentaram queda substancial na PFT (especialmente Argentina e Uruguai). Enquanto isso a PFT da China foi 4.5% positivo no mesmo período! (contra 0.6% entre 1960 e 1980). E a produtividade subiu 6.7% (contra 2.0% entre 60 e 80). Taiwan teve produtividade de 4.1% (80-10) e 6.0% (60-80). A PFT de Taiwan foi mais ou menos constante em 1.8% nos dois períodos. Indonésia foi um meio-termo entre Ásia e AL, mas positivo e crescente. 

156 - O caso chileno é provavelmente o mais notável, pois seu alto período de crescimento da produtividade parou abruptamente em 1998 sem ter experimentado uma grande crise financeira (como na Argentina) ou crise política (Peru). Chile necessário apenas dois tremores secundários relativamente pequenos (ou contágio) da Ásia (1997) e da Rússia(1998), e - sendo LA - uma reação exagerada por seu Banco Central (após a tradição neoliberal 'macho-monetarista' da região). Posteriormente produtividade praticamente desapareceu (0,6% entre então e 2008), tornando-se realmente negativo em termos 'por hora trabalhada' (-0,4%) - e ainda mais em termos de PTF (-1,3%).

157 - Produtividade dos países asiáticos nas “últimas” (texto de 2011) três décadas: Coréia (4,7%), Vietnã (4,2%), Tailândia (4%), Índia (3,8%), Hong Kong (3,4%), Malásia (3,3%), Cingapura (3,1%), Sri Lanka (3,1%), Bangladesh (2,4%) ou Paquistão (2,9%), entre outros. Para não falar da China. Mesmo que os anos 80 sejam excluídos (devido à crise da dívida de LA e suas consequências), e o período é restrito a pós-reforma de 1990-2008, a média de LA (1,3%) é apenas uma fração da maioria dos países asiáticos.

158 - Indonésia, o pior asiático, supera o melhor AL. Não foi apenas o mais atingido pela crise financeira de 1997, mas também toda a sua história pós-independência foi turbulenta, atormentada por desastres naturais, separatismo, pobreza, genocídio e corrupção (os dois últimos especialmente durante a presidência de três décadas de Suharto). Além disso, desde o final de seu boom do petróleo, a Indonésia abandonou em grande parte sua (um tanto megalomaníaca) política industrial e logo adquiriu uma tendência ao estilo latino-americano para financeirização prematura e macro-monetarista. No entanto, nenhum latino-americano tem a taxa de crescimento da produtividade da Indonésia desde 1990.

159 - Para aqueles que consideram o crescimento da PTF um indicador mais revelador de sucesso (apesar dos principais problemas associados ao seu conceito) a Figura 7 mostra que em LA a imagem contrastante entre as duas períodos é ainda mais impressionante. Ótimo gráfico.



(continua...)

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