Econ - Análise Sobre Produtividade do Brasil - Estagnada II

(continuação...)

91 - Na qualidade da educação, estamos perdendo para média da ALCaribe no PISA. Entre 2006 e 2009, o país esboçou uma melhora significativa em sua pontuação, contudo essa tendência não se manteve. Desde então, a nota média dos estudantes brasileiros vem caindo (Figura 11), permanecendo bastante inferior em comparação a dos países desenvolvidos e emergentes (Figura 10). Essa é uma indicação de que a qualidade do ensino não acompanhou o aumento da escolaridade média verificado no país nas últimas décadas. Há evidências, entretanto, de que a qualidade da educação é muito mais importante do que a quantidade de educação para o crescimento econômico.

92 - Uma PTF baixa e declinante implica que os incrementos em capital físico e humano pouco se reverterão em expansão do nível de produção por trabalhador. Esse parece ser o caso do Brasil. (...) No país, entre meados das décadas de 1990 e 2010, a PTF caiu de forma acentuada em comparação com a americana, saindo de 69% em 1996 para 48% em 2014

93 - Elogia a Lei de Falências de 2005: ... aumentou a proteção dos credores. A taxa de recuperação de créditos em caso de falência que era de meros 0,2% foi ampliada para 12%. Isso reduziu o risco da concessão de empréstimos para empresas, inclusive para as saudáveis financeiramente (pois eventualmente poderiam se tornar insolventes).

94 - Reclama do ambiente de negócios. Dificuldades e lentidão burocrática e fala da posição muito ruim do Brasil no ranking, bem abaixo até do que a média da ALC.

95 - Critica o BNDES pelo crédito subsidiado: Além de inibir o desenvolvimento do mercado de crédito privado, esse subsídio implica em um elevado custo ao Estado e, em 2015, foi estimado em 1,5% do PIB. Importante dizer que a parcela para empresas grandes é de 67 a 77%. Pequenas e micro costuma ser de 15 a 23%. Há uma tabela no texto.

96 - Além disso, ao serem providos financiamentos com taxas abaixo dos juros de mercado, passa a ser atrativo para as firmas tomar empréstimos para investir em projetos de mais baixo retorno. A Figura 15 revela que a PTF não acompanhou o crescimento do crédito direcionado (crédito subsidiado) dos últimos anos. Pelo contrário, ela caiu. (...) De fato, há evidências na literatura de que crédito público brasileiro não induziu um aumento na PTF das empresas beneficiadas. Todavia essa ainda é uma questão em debate, pois alguns trabalhos estimam o oposto, impactos positivos sobre a produtividade.

97 - Para as pequenas e médias, estimou-se um impacto positivo. Já para as companhias de capital aberto, não foram detectados efeitos sobre a taxa de investimento ou sobre sua performance, a não ser uma redução de despesas financeiras decorrente do subsídio. Conjectura-se que as grandes empresas são as que menos sofrem com restrição de acesso a crédito e isso explicaria a ausência de impacto sobre as mesmas. Todavia as firmas de grande porte são as que mais se beneficiam do crédito subsidiado governamental. (Cita fonte no texto) (...) os resultados da literatura apontam ineficiências dessa política, o que torna questionável o elevado gasto do governo com subsídios.

98 - As evidências de má alocação de recursos no país não se resumem ao crédito, também se estendem aos fatores de produção (capital e trabalho). Estudo recente estimou que o setor industrial brasileiro opera com uma taxa de apenas 50% de eficiência produtiva, número inferior ao de países pares como China (entre 67% e 77%), Índia (entre 63% e 71%) e Chile (63%). Isso implica que, se o capital físico e os trabalhadores fossem realocados de maneira eficiente (sendo distribuídos para as firmas onde teriam sua produtividade maximizada), o Brasil poderia dobrar seu nível de produção industrial. (...) A qualidade da gestão empresarial, além de ser um fator que pode exacerbar a má alocação de recursos, parece ter um impacto importante sobre a produtividade. Estima-se que cerca de 30% do diferencial da PTF observado entre países e entre as firmas dentro cada país pode ser explicado pelas práticas gerenciais.

99 - Índice da WMS: As empresas brasileiras, todavia, possuem na média práticas gerenciais de baixa pontuação, o que as colocam em posição inferior à de países pares como Argentina, Turquia, China, Chile e México.

100 - Em 1994, exibiu um grau de abertura comercial, medido pela soma das exportações e importações como fração do PIB, de 19%, o quinto menor do mundo. Em 2016, esse indicador foi ligeiramente maior, 25%, porém relativamente ainda muito baixo, superando apenas Sudão e Paquistão. América Latina e Caribe, por outro lado, registrou em 2016 um número mais do que duas vezes o brasileiro (59%), Emergentes exibiram um valor correspondente a quase o dobro (44%) e OCDE, o equivalente ao triplo (76%). Curioso que os EUA têm números apenas um pouco melhores que o Brasil em abertura, mas… Há grandes diferenças: a tarifa nominal média de importação do Brasil em 2016 foi de 11,6%, a dos EUA correspondeu a 2,8%, cerca de um quarto da brasileira.

101 - Outra tabela mostra que as tarifas brasileiras são acima ou bem acima de todos os países.

102 - Nas últimas décadas, o Brasil, bem como ALC e Emergentes, se beneficiou do bônus demográfico. A fração de pessoas em idade ativa no país, que era de 54% em 1960, avançou para 70% em 2016. No grupo dos países emergentes, esse número expandiu de 57% para 68% e, na ALC, de 54% para cerca de 66%. Nos países desenvolvidos, os ganhos no período foram substancialmente menores, EUA passou de 60% para 66% e OCDE, de 62% para 65%, aproximadamente (Figura 19). (...) O bônus demográfico é um fenômeno temporário e a fração de pessoas em idade ativa atingirá seu ápice até 2023 no Brasil, quando então passará a decair continuamente pelas próximas décadas, gerando um efeito oposto ao do bônus (...). Assim, se nos últimos 20 anos o país encontrou dificuldades para se desenvolver economicamente, nos próximos 20 anos, elas tendem a ser ainda maiores.

103 - A situação se agrava quando analisamos os dados da nossa demografia e nos damos conta que ela vai deixar de ajudar e muito rapidamente irá ser mais um peso sobre a nossa economia.

104 - Tecnologia e inovação, atividades de rent-seeking, capacidade ociosa e eficiência de escala são exemplos de alguns outros determinantes da PTF,

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