Dados e Fatos (Brasil) - Parte XXVII
Raquel Rolnik - Crítica aos Megaeventos:
559 - Entrevista para a Viomundo. Ela explica que sua função é relatar se os países estão cumprindo os tratados internacionais que assinaram garantindo o direito à moradia adequada… (Sei lá, infelizmente nem precisa de uma relatora pra isso...). São duas missões (dois países) por ano...
560 - Ela começou a receber denúncias sobre megaeventos. Deu 4 meses (geralmente é 1) pra o Brasil responder sua carta e nada… Porém, é normal governos não responderem...
561 - Teor das denúncias: “A maior parte das comunidades não é informada dos projetos antes de serem removidas, não têm chance de debater e apresentar alternativas. Não há nenhum lugar onde você possa ver exatamente quem vai ser removido, quanto será pago, quais seriam as alternativas a essa remoção.” Chegam a marcar casas com “X” antes de qualquer coisa.
562 - Ora, um principio básico do direito à moradia é que uma remoção nunca pode deixar uma pessoa sem teto. Se você tira uma pessoa de sua casa e dá 5 mil reais para ela, está deixando ela sem teto, porque não tem nenhum lugar que dá para comprar com 5 mil reais. O reassentamento que normalmente é oferecido é a quarenta, cinquenta quilômetros daquele lugar e não tem as vantagens locacionais da antiga casa. (...) É importante repetir que o direito à moradia não é a uma casa, quatro paredes e um teto, mas uma moradia com acesso à escola, posto de saúde, fontes de renda, emprego. A localização é um elemento absolutamente essencial.
563 - As obras costumam escolher passar pelos assentamentos informais já por ser mais barato, por considerar (o governo) que será mais fácil remover/reassentar.
Sarney Ajuda Empreiteiras Contra Mudança em Licitações:
564 - Notícia de 2009 - 2 páginas - mostrando Sarney agindo contra o governo e a favor das empreiteiras numa medida que poderia evitar cartéis. Enfim, nas poucas vezes que Dilma tentou alguma coisa, seus aliados…
Copa do Mundo de 2014 Será Financiada Quase Que Totalmente Por Dinheiro:
565 - Público. 98,5% dos 23 bilhões. Pra ser exato. Isso dois anos após Ricardo Teixeira dizer que o financiamento seria majoritariamente privado.
Passa Palavra - Domingo na Marcha (Três Partes Interessantes):
566 - Foi uma série enorme de textos e comentários no Passa Palavra sobre cultura.
567 - (Eu peguei apenas o que me pareceu mais interessante, mas tem mais textos e comentários lá).
568 - Pessoal que defende um livre mercado mais radical na cultura - ou “novo modelo de negócios” ou “open bussiness”: quanto maior for o fluxo de informação a passar por uma determinada rede, mais opções de negócios serão possíveis. Por exemplo, quanto maior for o número de utentes [usuários] a copiar as músicas de um artista, tanto melhor, pois surgirão assim novas oportunidades de shows, os quais hão-de ter mais público, aumentando também a procura [demanda] por produtos relacionados.
569 - Narra um fenômeno tocado tanto por atores estatais quanto privados de garimpagem de culturas regionais a baixo custo.
570 - São meio que “caçadores de cool”. Procuram coisas que já caíram no gosto de uma minoria e tem potencial para ser adotado por grande maioria, tornando-se a novidade do momento. Ou seja, seria um “ativo com enorme potencial de valorização em curto tempo”, digamos assim.
571 - Um exemplo de reinvenção do modelo de negócios? O tecnobrega do Pará. 1) os artistas gravam em estúdios — próprios ou de terceiros; 2) as melhores produções são levadas a reprodutores de larga escala e camelôs [vendedores ambulantes]; 3) ambulantes vendem os CDs a preços compatíveis com a realidade local e os divulgam; 4) DJs tocam nas festas; 5) artistas são contratados para shows; 6) nos shows, CDs e DVDS são gravados e vendidos; 7) bandas, músicas e aparelhagens fazem sucesso e realimentam o ciclo.
572 - … Sem direitos de autor e com as tecnologias digitais, um DJ conta a mudança na indústria: «a gente distribui as músicas para as aparelhagens. Quer dizer, ela tocou nas aparelhagens, estourou. Aí as pessoas começam a ligar para a rádio pedindo. A rádio é que vai correr atrás da música que está estourada nas aparelhagens. Quer dizer, inverteu o papel. Antigamente, era a rádio que fazia a sua música subir. Hoje em dia, não. De uns sete anos pra cá, as aparelhagens foram ocupando esse espaço. Então, as músicas que estão pegando bem nas aparelhagens, o pessoal já liga para a rádio pedindo. Aí, eles são obrigados a tocar».
573 - O stalinismo fazia a apologia da nova sociedade baseada na técnica, que a todos libertaria. Está na literatura, cinema e propaganda da época, promessas de um paraíso povoado por operários musculosos, camponesas robustas e criancinhas bochechudas. È o que se diz hoje sobre a revolução da internet...
574 - Interessante. Não sabia a origem: O termo empreendedor, restrito em seu aspecto econômico, como o de agente inovador, foi conceituado pelo economista austríaco Joseph Schumpeter. Em sua teoria econômica, o empreendedor passa a ter a função de romper as crises cíclicas de estagnação econômica através da inovação. Torna-se assim uma peça chave para o desenvolvimento econômico: “A função de um empreendedor consiste em reformar ou revolucionar o sistema de produção” (1983:181), seja através de uma nova mercadoria, abertura de um novo mercado, nova fonte de fornecimento de matérias-primas e bens ou através de um método novo de organização da indústria.
575 - Schumpeter diz que mais importante que ter um poder de compra anterior (para empreender) é ter crédito (bancos!). Ou seja, ter poder de compra criado a partir do nada. Mera expectativa de valorização futura daquele dinheiro.
576 - Ótima frase: “O vigarista, o burlão, o mero mentiroso enganam-nos porque dizem algo em que nós queremos acreditar.”
Jorge Portugal - Se Escola Fosse Estádio e Educação Fosse Copa:
577 - Nenhuma novidade. Imagina como seria se o Brasil se esforçasse pra melhorar a educação como se esforçou pra organizar a Copa em tempo. Ritmo das obras, etc. Fala, por exemplo, do projeto de Cristovam Buarque pela federalização do ensino básico - professores e servidores com salários federais, por exemplo…
578 - O outro projeto do senador: “daqui a sete anos, todos os detentores de cargo público, do vereador ao presidente da República serão obrigados a matricular seus filhos na rede pública de ensino”.
Comentários
Postar um comentário