Dados e Fatos (Brasil) - Parte IX
Carta de Carnaíba do Sertão Sobre São Francisco:
166 - Harmonia com os cosmos; mudar modelo de civilização… Fico preocupado com a vagueza de alguns termos da carta, uma importante denúncia.
167 - Alguns dados assustadores são colocados, sem a fonte (não que sejam pouco críveis): “O São Francisco perdeu 25% de suas águas nos últimos 50 anos e poderá perder o mesmo tanto nos próximos.”
168 - Cita os Tumbalalás na Bahia como caso de retomada de terras.
Nassif - O Caso Lina - As Mentiras Contra Dilma:
169 - Lembro vagamente deste caso. Segundo Nassif, a mídia deu atenções ao algo que era claramente uma mentira. Para prejudicar Dilma. Pelo que ele falou, parece estar certo nesta tese, mas gostaria de um contraditório. Porém, hoje já não é mais tão importante este caso.
Blog do Joaci - PAC e Região Cacaueira:
170 - Mostra a incompatibilidade entre o discurso preservacionista (cacau preserva a mata atlântica) dos cacauicultores baianos que querem renegociação e perdão de dívidas, com prazos bem mais longos - dizem que só em oito anos o cacau passar a ser lucrativo - , e o discurso da CNA que fala que parte do dinheiro pode ser usado para a pecuária e o dendê, mais rentáveis desde logo, no Sul da Bahia. Ou seja, atividades inimigas da Mata Atlântica. É um “me engana que eu gosto”.
171 - Sem contar a poluição do rio e o do mar. “O Porto Sul a princípio destina-se ao escoamento do minério de ferro da região de Caetité ou mais precisamente ao complexo de exploração de minério de ferro da empresa Bahia Mineração, que transformará a região sudoeste do estado a terceira maior produtora de minério de ferro do país, atrás de Carajás, no Pará, e do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais. Deixando-se de lado os R$ 2 bilhões de investimentos para o Porto Sul, exigirá investimentos de até US$ 1,6 bilhão.”
172 - Vi no google que a obra custará 5,6 bilhões (teria sido a inflação?) e conseguiu a licença de instalação há 14 meses. A “Bahia Mineração” foi adquirida por um investidor indiano em 2007 e por um grupo “eurasiano” do Cazaquistão em 2010. Ela que tem interesse nisso aí.
173 - “O Porto Sul é uma idéia da Bahia Mineração, que estudou o local mais barato na costa baiana e sugeriu para o governo baiano a escolha oficial da área, dando caráter público a um projeto privado, do setor de mineração”.
174 - É o comitê gestor mesmo. O que se acusa Netinho de fazer aqui com a Odebrecht Wagner fez com as “parceiras” na sua gestão.
175 - Para José Adolfo de Almeida, também professor da UESC, “na região existem outra áreas já degradadas que podem receber o porto”, baseado em estudos da UESC. A região diretamente afetada pelo projeto Porto Sul tem 40% de mata em estado avançado de regeneração. Por isso, diz, “esse projeto é um contra-senso”.
176 - A jazida explorada pela Bahia Mineração, prevê-se, só durará 20 anos. Os demais usos previstos não justificariam tão drástica alteração dos usos do litoral sul afetando outras atividades planejadas e o meio ambiente.
177 - Recém criada, a Ação Ilhéus liderou um abaixo-assinado com seis mil assinaturas, em poucos dias no Centro da Cidade.
Blog do Joaci - A Dominação do Imperialismo na Bahia:
178 - O texto anterior sobre FSM e movimentos sociais já foi fichado na outra pasta.
179 - Nota de rodapé traz definição interessante de Imperialismo: “Guerras mundiais, partilhas de continentes inteiros, surgimento dos monopólios mundiais e o consequente controle internacional dos mercados consumidores e produtores de alimentos e matérias-primas, intervenções externas armadas, empréstimos públicos internacionais como forma de subordinar governos são todos fenômenos de larga influência e repercussão, por todo o mundo associados diretamente à prática imperialista que dominou o planeta nestas décadas, confirmando, assim, as análises feitas por Lênin (1982) e Hilferding (1973).”
180 - Um ponto de partida decisivo, certamente, foi a “Grande Depressão” do capitalismo iniciada em 1873. Na virada para o século XX, a reestruturação capitalista desencadeada por essa depressão econômica seria responsável pela mudança no padrão de acumulação do capital que, da livre concorrência, comandada pelo capital industrial, passaria à fase monopolista, dirigida pelo capital financeiro. Originado da fusão dos grandes bancos e indústrias, este último agiria não mais em bases nacionais, adotando o globo como seu espaço de atuação e reprodução (Hilferding, 1973; Hobsbawm, 1988; Lênin, 1982).
181 - O período Vargas teve diversas moratórias e suspensões. A primeira.
182 - Menciona a “desagregação política e social verificada no final do governo de Antônio Muniz, quando os micro-Estados coronelistas do Sertão ameaçaram cercar militarmente a capital, levando à intervenção do governo federal, que celebrou um “Tratado de Paz” com os coronéis (Horácio de Matos e Marcionílio Souza à frente).” Período da primeira guerra mundial.
183 - Faz uma crítica importante à historiografia: “Tomando os trabalhos de Sampaio e Pang, anteriormente citados, como as principais referências para a historiografia do período, observamos uma historicização do processo político, dos enfrentamentos entre os grupos oligárquicos e dos principais acontecimentos republicanos como efeitos descolados das relações econômicas e materiais”.
184 - Natureza mercantil da economia baiana. Boa parte dos lucros dos baianos economicamente poderosos na República Velha vinha do comércio, externo e interno. “Para os pesquisadores da Fundação CPE, não haveria qualquer evidência que indicasse pressão modernizante do comércio. Na relação com a agricultura, ao contrário, o comerciante exportador revelar-se-ia indiferente ao tipo de relação de trabalho prevalecente, o que se explica pela natureza do lucro mercantil obtido na esfera da circulação e não da extração de valor da força de trabalho.” Isso explica muita coisa...
185 - Fala do governador Vital Soares, para quem “investimentos externos em instalação de grandes maquinarias representariam escravidão”, em vez de “a nossa formação econômica. Ao contrário”, diz ele, não se poderia “abandonar o imenso campo de produção de matérias-primas”. Para o Relatório da CPE, as falas dos governadores cultivavam a crença fatalista numa vocação agrícola para a Bahia. Contudo, mais que uma crença no mito da vocação agrícola, essa mensagem indica uma conformidade de interesses entre o capital estrangeiro e a hegemonia mercantil coordenada pelo aparelho executivo do Estado local.
186 - Nota de rodapé interessante: “Por certo que havia geração de excedente econômico interno nas várias regiões do interior inseridas no circuito mercantil. O caso do cacau é ilustrativo, não só para acumulação privada como para o financiamento público, no qual somente a exportação chegou a contribuir com até 28,56% da arrecadação de impostos da Bahia no ano de 1915 (Freitas, 1979). O problema, todavia, reside no destino desta acumulação. No caso da receita fiscal, a dívida pública transferia essa riqueza continuamente para o capital financeiro, sobretudo o estrangeiro.”
187 - No início do século XX os transportes públicos eram de companhias locais. Foram compradas pelo capital estrangeiro durante o período da República Velha.
188 - A empresa estrangeira de luz e gás (âmbito estadual) deu certo não. “A exploração dos serviços pela nova empresa parece ter sido desastrosa. Depois dos investimentos iniciais, a qualidade deteriorando e os protestos populares crescendo (Santos, 1982) fizeram com que o poder público municipal encampasse a empresa, adquirindo seu controle e propriedade em 1913.” Mais tarde seria vendida/”licitada” a um grupo norte-americano (único interessado).
189 - Qualidade continuou tosca (com o preço alto que o monopólio queria) e em 1930 houve o “Quebra Bondes”. A desapropriação só veio em 1955. Antes disso, “a Circular acionou o governo, ganhou a questão, recebeu o dinheiro, e não colocou nos bondes”.
190 - A cronologia dos empréstimos públicos externos na era republicana brasileira indica que o principal período de contratação dos mesmos coincide com os seus primeiros anos, entre 1893 e 1908. Dos 37 empréstimos realizados, vinte ocorreram nesse período; onze, de 1908 a 1916; seis, entre 1921 e 1927. Na Bahia, contudo, a concentração se dará entre 1904 e 1918: dos oito contratos firmados pelo governo baiano com o exterior, somente um acontecerá antes de 1904 (em 1888) e um outro após 1918 (em 1928), sendo quatro deles com o The Bank of London and South American (cf. Bahia, Fundação de Pesquisas CPE, 1978-1980: 175, tabela 31, anexo).
191 - Em Salvador, talvez mais do que em qualquer outra grande cidade do país, os interesses dos grupos controladores dos transportes urbanos estiveram diretamente implicados nas demolições (verificadas, aliás, em vários recantos, sobretudo nos centros de maior desenvolvimento burguês).
192 - Assim, o capital estrangeiro aqui tinha ainda mais facilidade para modelar o ambiente urbano ao ser bel-prazer do que nas cidades do Centro-sul, onde havia interesses da burguesia local a serem sopesados.
193 - J. J. Seabra, governador entre 1912 e 1916, endividou o estado em nome do urbanismo demolidor sob a ideologia do progresso a fim de construir avenidas o estradas de automóveis. As companhias estrangeiras de transporte, claro, adoraram.
194 - Por fim, traça como o capital estrangeiro esteve presente em peso na construção e administração de vários trechos de ferrovias no Estado.
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