Nildo Viana - Um Marxismo Vivo (Livro?) - Parte II

 

           147 - O quarto texto é sobre a URSS. O termo “capitalismo de Estado” viria já na década de 20. Os criadores seriam “Amadeo Bordiga e a esquerda comunista italiana, os comunistas conselhistas e o grupo "Verdade Operária" na URSS.”

148 - Bordiga defendia que o “asiatismo” (modo de produção) russo impediu o desenvolvimento imediato do capitalismo privado. A estatização dos meios de produção era, assim, uma transição necessária não para o comunismo e sim para o capitalismo privado.

149 - Os conselhistas consideravam o Estado soviético a unificação do patronato. Era como se fosse.

150 - “Ainda na década de 30, A. Ciliga defenderia a teoria de que a Rússia vivia sob o Capitalismo de Estado.”

151 - Traz um monte de autor em cada década que defendia isso.

152 - Para Nildo, “Com o regime czarista em crise e com a pouca possibilidade de implantação do capitalismo privado, devido a debilidade da burguesia russa, restava com tendências principais: o Capitalismo de Estado e o Socialismo.”

153 - O proletariado russo, apesar da ideologia da "nulidade operária" criada por Lênin, cria os sovietes (conselhos operários) na revolução de 1905 e novamente na revolução de fevereiro de 1917.

154 - Nildo invoca “A Miséria da Filosofia” para defender que (...) na URSS a propriedade jurídica é coletiva, mas a propriedade real é privada. Segundo Marx "em cada época histórica, a propriedade desenvolveu-se diferentemente e numa série de relações sociais totalmente distintas. Por isto, definir a propriedade burguesa não é mais do que expor todas as relações sociais da produção burguesa", pois, "pretender dar uma definição da propriedade como uma relação independente, uma categoria à parte, uma idéia abstrata e universal -isto não pode ser mais que uma ilusão de metafísica ou jurisprudência". As relações de propriedade são uma expressão jurídica (e portanto, ideologia) das relações de produção. Assim, a propriedade é de quem controla a força produtiva.

155 - É meio incorreto dizer que não havia mercado na URSS. “Os camponeses possuem, entretanto, suas pequenas parcelas de terrenos individuais atrás de suas casas. Eles se alimentam através do trabalho nestes terrenos e também a maior parte da população urbana apesar de serem apenas 3% das terras cultiváveis. Estes produtos são vendidos pelos camponeses diretamente à população criando uma forma de comércio livre”.

156 - O chamado "mercado negro" urbano e a reprodução das pequenas propriedades urbanas são outras formas de expressão das relações comerciais e monetárias na URSS.

157 - Ademais, as empresas possuíam autonomia financeira: “As empresas estatais possuem seus fundos próprios; compra e venda e seus meios de produção, matérias-primas, combustíveis, etc.; possuem autonomia para decidir o número de assalariados e a forma de contrata-los e dispensa-los; e se auto-financiam através de suas receitas e do sistema bancário.” Faziam trocas entre si, com as fazendas estatais, etc.

158 - Conclui com certa lógica a meu ver: “Essa autonomia das unidades de produção, aliada às demais formas de relações comerciais e monetárias, torna necessário a comparação entre as mercadorias para medir o tempo de trabalho socialmente necessário. (...) A dinâmica da acumulação de capital sob o Capitalismo de Estado é impulsionada principalmente pela competição internacional que se realiza no mercado mundial.”

159 - As trocas com os países imperialistas do Ocidente representavam, por sinal, 31% do comércio externo da URSS. (Só achei que Nildo deveria ter citado a fonte deste dado).

160 - Defendeu que existia uma relação forte entre URSS e imperialismo. A fase imperialista do Capitalismo de Estado russo é demonstrada tanto através do "velho imperialismo" (dominação político-militar direta), como ocorreu no Afeganistão, quanto através da exploração dos países do Leste Europeu no comércio internacional. Existe entre a URSS e o Leste Europeu uma "troca desigual" e o exemplo da Hungria deixa isso bem claro: "no caso da Hungria, enquanto esta, de 16 Rublos passou a pagar 36 par tonelada de petróleo importado da URSS, o que significou o aumento de 131% (na verdade, 125% - NSV), os preços das máquinas que ela vendeu à URSS tiveram um aumento de apenas 33%" [18]. A URSS se não bastasse isso, implantou no Leste Europeu "empresas mistas" com 50% de capital soviético e 50% de capital nacional. Isso além das empresas que foram cedidas pela Alemanha Oriental como pagamentos de indenização pelas destruições da II Guerra Mundial e se tornaram propriedades soviéticas [19].

161 - Nas instituições educacionais havia o ensino obrigatório do chamado "marxismo"-leninismo, a ideologia oficial do capitalismo estatal russo.

162 - Havia um problema de baixa produtividade nos kolkhozes e nas fábricas que Nildo associa a permanência de um luta de classes mais ou menos velada. Nem os “incentivos materiais” resolveram.

163 - O ano do último antepenúltimo texto é 1994. Nildo e suas previsões… Do ponto de vista histórico, o ciclo das revoluções burguesas clássicas durou alguns séculos e terminou no século 19; o ciclo das revoluções burguesas tardias ocorreu no século 20 (ele inclui a URSS, o populismo latinoamericano e a China, por exemplo), principalmente na sua primeira metade; o início do século 21 marcará o começo das revoluções anti-capitalistas.

164 - Penúltimo texto é de 2003. A axiologia na sociedade capitalista moderna aponta para determinados valores, tais como a competição, o culto à autoridade, a luta pela ascensão social e status, o desejo de consumo e posses etc. A sociedade capitalista produz uma estruturação de valores que são inculcados nos indivíduos desde sua infância.

165 - A competição está presente em quase tudo. Esportes, relação amorosa, etc. Tudo isso nos leva ao individualismo.

166 - Marx não nega a força das ideias. Num trecho fica claro. Nildo comenta: “A força do imaginário, tal como Marx colocou, é ativa e mobilizadora. Uma idéia é, independentemente de ser verdadeira ou falsa (Deus), mobilizadora, ativa. Assim, os valores geram uma visão imaginária de sua realização que mobiliza conservadoramente grande parte da população.”

167 - Último texto é um manifesto prevendo a revolução como será e etc...

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