Bertrand Russell - O Poder Nú

 Bertrand Russell - O Poder Nú:


28 – Texto muito “culto”, digamos, mas não estou familiarizado com boa parte das referências. Joga algumas informações sem números também. Complicado.

29 – Menciona que a tirania na Grécia era apenas um governante assumindo sem “título”. Porém, este não se parecia com os ditadores atuais. Governava buscando consentimento. Isso antigamente. Talvez no tempo de Sólon e Sócrates. Porém, depois a coisa foi se perdendo...

30 - Dionísio contra a aristocracia e a lei: “Siracusa - afirmou -jamais poderia ser salva, a menos que homens de caráter inteiramente diferente fossem investidos de autoridade - homens, não escolhidos pela riqueza ou par sua situação, mas de nascimento humilde, pertencentes ao povo pela sua posição e bondosos, em sua conduta, pela consciência de sua própria fraqueza.

E, assim, se tornou tirano; mas a história não se refere a nenhuma vantagem que os pobres e os humildes hajam tido com isso. Confiscou, é verdade, as propriedades dos ricos, mas foi aos seus guardas pessoais que êle as deu. Sua popularidade logo se dissipou, mas não o seu poder.”

31 - Heródoto afirma que nenhum espartano sabia resistir a um subôrno. Em tôda a Grécia, era inútil fazer-se objeção a um político sob alegação de que êle recebia subornos do rei da Pérsia, pois seus adversários também o faziam, quando se tornavam suficientemente poderosos para que valesse a pena comprá-los. (...) O resultado disso era uma luta desordenada pelo poder pessoal, conduzida pela corrupção, arruaças e assassínios. Neste assunto, os amigos de Sócrates e Platão estavam entre os mais inescrupulosos. O resultado final, como se poderia prever, foi a subjugação por potências estrangeiras.

32 - Conjuntura: “Siracusa era a maior das cidades gregas e, talvez, a maior cidade do Mediterrâneo. Sua única rival era Cartago, com a qual estava sempre em guerra, salvo durante curtos períodos, depois de alguma séria derrota sofrida por uma das combatentes. As outras cidades gregas da Sicília colocavam-se ora do lado de Siracusa, ora de Cartago, segundo a maré da política partidária. Em cada cidade, os ricos eram a favor da oligarquia, e, os pobres, da democracia. Quando os partidários da democracia saíam vitoriosos, seu líder, habitualmente, conseguia converter-se em tirano. Muitos dos que pertenciam ao partido derrotado seguiam para o exílio e uniam-se aos exércitos das cidades em que o seu partido estava no poder. Mas o grosso das fôrças armadas consistia de mercenários, na maioria não helênicos.”

33 - Agátocles foi um dos tiranos de Siracusa. A história da sua ascensão envolve, entre outros vários eventos dignos de filme. uma cruel matança de aristocratas e testemunhas inadvertidas. Os soldados pilharam a aristocracia. os pobres gostaram pois sumiram dívidas e ganharam terras. Depois, narra um série de sacanagens de Agátocles. Parece um dos personagens mais escrotos da história…

34 - Assim terminou o seu governo: Sua vida familiar, lamento dizê-lo, não era inteiramente feliz. Sua espôsa teve  um caso amoroso com o seu filho, um de seus dois netos assassinou o outro, induzindo depois um criado do velho tirano a envenenar os palitos do avô. O último ato de Agátocles, quando viu que ia morrer, foi convocar o Senado e exigir vingança contra o neto. Mas suas gengivas, devido ao veneno, tinham-se tornado tão doloridas que não podia falar. Os cidadãos sublevaram-se, levaram-no apressadamente à pira funerária antes que êle estivesse morto, seus bens foram confiscados e, segundo nos dizem, a democracia foi restaurada.

35 - Na Itália renascentista, como na Grécia antiga, um nível muito elevado de civilização se unia a um nível moral muito baixo: ambas as épocas revelaram as maiores alturas do gênio e as maiores profundidades da canalhice e, em ambas, os canalhas e os homens de gênio não são, de modo algum, antagônicos uns aos outros.

36 - Os discípulos de Sócrates, Platão e Ari faziam merda pra caramba segundo Russell. Alguns foram tiranos terríveis.

37 - Para o autor, essa trairagem toda e falta de coesão levaram-nos a serem dominados por civilizações menos avançadas mas coesas.

38 - Começa a pensar quais os mecanismos que garantem o consentimento da dominação: “Nos lugares em que alguma classe, que contenha indivíduos dotados de energia e capacidade, é excluida de carreiras desejáveis, há um elemento de instabilidade que tem probabilidade de conduzir, mais cedo ou mais tarde, à rebelião.”

39 - Lembrei de um dos motivos que me fazem gostar de ler os textos de Russell. Frases como estas hehe: Estou certo de que isto não é verdade com respeito aos autores: verifiquei sempre, em meu próprio caso, que quanto mais eu achava que um livro valia, tanto menos me pagavam por êle. E se os homens de negócios que tiveram êxito acreditam, realmente, que o seu trabalho vale aquilo que lhes proporciona em dinheiro, devem ser ainda mais estúpidos do que parecem.


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