Nildo Viana - Textos III
Nildo Viana - Democracia e Autogestão:
39 – Carlos Nélson Coutinho defende democracia como valor universal para além do capitalismo, aceitando inclusive uma dualidade de poderes (ao contrário de Marx, Lênin e Trotsky). Achei no mínimo mal explicada essa história.
40 – Já Chauvey aceita essa dualidade porque “é o jeito”. Algumas decisões exigem a representativa.
41 - Critica, a partir de Brinton, a noção de controle operário (muito defendida por leninistas e trotskistas) , que não seria de modo algum autogestão: “Para ele, o controle operário, ao contrário da autogestão, não significa que a classe operária irá gerir a produção e sim que ela irá “supervisionar”, “inspecionar” ou verificar as decisões tomadas por “instâncias exteriores” ao processo produtivo, tal como o estado ou o partido (Brinton, 1975).”
42 - Já as cooperativas são, de certa forma, determinadas, em termos de organização, pelo Estado e pelo mercado (lá vendem suas mercadorias sob determinadas condições de produtividade), não sendo realmente autônomas.
43 - Ou seja, “a autogestão só pode existir em locais isolados por um curto período de tempo e em confronto com o conjunto da sociedade capitalista (Estado, mercado, etc.) e desta luta um dos dois vencerá, ocorrendo a destruição da experiência autogestionária ou a generalização da autogestão a nível nacional e posteriormente mundial.”
44 - Afirma que Marx mudou após a comuna. Teria deixado de defender a estatização dos meios de produção e passado a pregar a abolição imediata, ainda que mantendo o trabalho bonificado (e não o assalariado, embora eu não tenha visto diferença) na primeira fase do comunismo. Cita como provas o artigo sobre a comuna e o “posfácio” ao Manifesto Comunista (sei lá de qual ano).
Nildo Viana - Em
Defesa da Razão:
45 –Defende que o pós-estruturalismo (mesmo que pós-modernismo,
segundo ele) troca a crítica da razão instrumental feita pela Escola de
Frankfurt pelo abandono da razão em geral.
46– Abstrato demais. Pelo menos é curto.
Nildo Viana -
Freud e a Abjuração dos Sentimentos:
47 – Para Freud, não há como fugir dos instintos.
Achava difícil delimitar quais eram estes. Parecia ter certeza de dois, os
sexuais e os autopreservativos.
48 – A libido, em Freud, tem a ver com qualquer tipo de amor. Não
apenas o sexual. Até amor por ideias. É uma energia propulsora.
49 - A confusão que fazem com Freud tem este motivo aqui (isso explica
porque o sexo é assunto popular. Tá na origem de tudo): “Essa extensão se justifica geneticamente; nós reconhecemos como
pertencentes à ‘vida sexual’ todas as atividades dos sentimentos ternos que têm
os impulsos sexuais primitivos como fonte, mesmo quando esses impulsos se
tornaram inibidos com relação a seu fim sexual original, ou tiveram de trocar
esse fim por outro que não é mais sexual.”
50 - Porém essas críticas a Freud têm um pouco de razão, já que o
mesmo acaba sexualizando as demais esferas da atividade econômica, talvez por
achar que a origem de tudo ainda está lá. É o que Nildo acha. Ou o que entendi
que ele acha.
51 - Freud, para explicar o nascimento de regras morais e etc. apelava
à criação de ficções (que pra mim mais pareceram especulações), como a da morte
do pai primevo e ciumento que monopolizava mulheres e filhas até os irmãos se
reunirem, matá-lo, devorá-lo e ficarem com remorsos - no fundo o admiravam
também -, criando, assim, regras.
52 - Nildo defende que isso reflete uma tendência de Freud de querer
explicar tudo pelos instintos sexuais.
53 - Nildo traz um pensamento interessante: “Freud não verificou a hipótese de que o “horror ao incesto”, observado
não só nas evitações, mas desenvolvido nas regras de exogamia, poderia ser
produto da situação de dependência em relação ao meio ambiente, quando a
escassez gera a necessidade de controle do aumento populacional (VIANA, 1997;
CLASTRES, 1988). Tal hipótese é muito mais realista do que a de Freud e não se
enquadra em nenhum modelo instintivista de explicação dos fenômenos sociais.”
54 - Freud acreditava, ainda, que a proibição do incesto era para não
dividir as famílias, já que todos iriam querer todas as mulheres da família.
55 - Abjuração, para Nildo, é fazer jogo de luz. Tipo esconder e
mostrar. É o que Freud faz na ficção do assassinato do pai. Mesmo que
fosse/seja verdade… Estão lá ciúmes, invejas etc. Porém, Freud os resume ou os
deixa absolutamente atrelados ao impulso sexual. Fica parecendo que apenas este
é o motor da atividade humana. Amor, ódio, remorso, temor… E o resto?
56 - Os sentimentos, em Freud, são derivados da sexualidade genital.
Mesmo que tenham perdido esse caráter. Nildo acha essa derivação arbitrária.
57 - É que Freud quer dar preferência ao orgânico. Parecer mais
científico. Nildo crê que matou a charada. O
instinto sexual (bem como o de autopreservação) tem uma origem orgânica, mas o
mesmo não se pode dizer do ciúme, do medo, da inveja, do amor fraterno, do
remorso, pois estes só podem existir após o reconhecimento do outro, ou seja,
num contexto social.
58 - Jung teriam ampliado a energia psíquica. Agora não é só a libido,
ainda que ampla, mas várias paixões e mesmo interesses.
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