Dados e Fatos (Mundo) - PP - O Embrião de Um Exército Anarquista (Parte I)

 

PP - O Embrião de Um Exército Anarquista, A História dos Comitês de Defesa da CNT:

566 - Surgiram em outubro de 1934. “Os comitês de defesa eram a organização militar clandestina da CNT, financiada pelos sindicatos e sua ação estava subordinada a estes”. Foi aprovada no “Plenário da Federação de Grupos Anarquistas de Barcelona”.

567 - Era o planejamento da ação revolucionária contra a ideia de que a geração espontânea dá conta de tudo.

568 - O grupo de defesa básico era apenas de seis pessoas, para facilitar a clandestinidade e agilidade. Cada um tinha uma tarefa: “1) Secretaria: contato com outros quadros, criação de novos grupos, informes; 2) Investigação pessoal: determinar a periculosidade dos inimigos; 3) Investigação de edifícios: desenvolver planos e elaborar estatísticas; 4) Estudo dos pontos estratégicos e táticos da luta de rua; 5) Análise dos serviços públicos; 6) Investigar onde obter armas, dinheiro e demais abastecimentos.”

569 - Tais grupos mobilizavam grupos secundários que, por sua vez, mobilizavam todo o povo.

560 - Cada bairro tinha um: O secretário-delegado de bairro realizava um informe que era entregue ao Comitê de Distrito; e este, por sua vez, era encaminhado ao Comitê Local de Defesa “e este ao Regional e ao Nacional, sucessivamente”.

561 - O comite nacional, além de ajudar a integrar os vários outros, fazia a ponte com os trabalhadores de atividades nacionais, como as comunicações. “Uma seção especial foi dedicada ao trabalho de infiltração, propaganda e captação de simpatizantes nos quartéis.”

562 - Além do treinamento inicial de milicianos, passou a estruturar escolas, hospitais, ateneus e refeitórios populares.

563 - A conjuntura era tensa. Nazismo, fascismo e stalinismo em alta.

564 - Identificou-se que a revolução não seria obra de um golpe e sim de guerra cível de duração imprevisível.

565 - A comissão de indústrias de guerra pôde, a partir de sete de agosto de 1936, funcionar como indústria bélica para e devido aos esforços dos trabalhadores.

566 - No início de 1936, os movimentos anarquistas discutiam o militarismo e a necessidade ou não de tomada do poder - imagino que se refiram ao Estado. A maioria era contra, preferiam a espontaneidade. Outros, do grupo “Nosotros” de Garcia Oliver, propunham a generalização por toda a Espanha dos comitês de defesa que já estavam organizados em Barcelona.

567 - Ante a ausência de um exército proletário único, os distintos partidos e organizações criaram suas próprias milícias de partido ou sindicato, sem um mando centralizado e com uma coordenação muito precária. Inclusive os liberais-burgueses usaram o modelo dos comitês na luta antifascista.

568 - As milícias instalavam a coletivização das terras nos povoados aragoneses liberados.

569 - Os comitês revolucionários acabavam por trabalhar em conjunto com as milícias confederadas (antigos comitês de defesa). Assumiam as tarefas de instalação de serviços. Ocupavam hospitais, jornais… Faziam, ainda, inspeção armada de prédios que continham possivelmente franco-atiradores da direita. Ajudavam a recrutar milicianos. Havia, por fim, a imposição e arrecadação do imposto revolucionário em cada bairro.

570 - Enfim, as tarefas variavam: “emissão de vales, bônus de comida, emissão de salvo-condutos, passes, celebração de casamentos, abastecimento e mantimento de hospitais, até a tomada de alimentos, móveis e edifícios, financiamento de escolas racionalistas e ateneus gestionados pelas Juventudes Libertarias, pagamentos a milicianos, aos seus familiares, etc.”

571 - O entrevistado pinta o seguinte quadro: O autêntico poder de execução e resolução estava nas ruas, era o poder do povo em armas, e era exercido nos comitês locais, de defesa e de controle operário, expropriando espontaneamente fábricas, oficinas, edifícios, propriedades; organizando, armando e transportando para a frente de batalha os grupos de milicianos voluntários que previamente haviam recrutado; queimando igrejas ou convertendo-as em escolas ou armazéns; formando patrulhas para estender a guerra social; dando guarda às barricadas, neste momento verdadeiras fronteiras de classe, que controlavam o desenvolvimento e manifestavam o poder dos comitês; colocando em funcionamento as fábricas, sem patrões nem capatazes, ou reconvertendo-as para a produção bélica; requisitando carros e caminhões, ou alimentos para o comitê de abastecimento; justiçando burgueses, fascistas e padres; substituindo as ineficazes câmaras municipais republicanas, impondo em cada localidade sua absoluta autoridade em todos os domínios, sem atender às ordens da Generalidad, nem do Comitê Central de Milícias Antifascistas (CCMA). A situação revolucionária se caracterizava por uma atomização do poder.

572 - O que havia, depois de julho, era a federação de barricadas.

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