Anarquistas - Textos Diversos XII
Capitalismo e Cooperativismo e Textos Anarquistas:
217 - Qualquer cooperativa está submetida às leis de circulação de mercadorias do capitalismo. Mais do que isso: as matérias-primas, máquinas, peças e ferramentas que uma cooperativa utiliza são compradas no mercado, isto é, são mercadorias produzidas de forma capitalista. Há impostos… Há competição… Etc.
218 - Agora que o Estado se retira das áreas sociais passa a ser interessante que a sociedade civil passe a se incumbir de tarefas que lhe cabiam antes. Isso não seria problema se não pagássemos impostos que o Estado nos extorque para custear estes benefícios. Embutidos, por sinal. É ótimo para o Estado, pois sobra mais dinheiro pra pagar juros.
219 - As ONG’s são ótimas para servirem ao discurso demagógico do Estado de que há participação e parcerias com a sociedade. Também são ótimas para aliviar tensões sociais e para economizar com “excesso de direitos” de pessoas que seriam contratadas para serviços. (Vale pensar numa ONG de advocacia “popular não-transformadora” por exemplo, digamos assim)
220 - Bakunin criticava a crença de parte do meio libertário em cooperativas de produção e consumo que seriam experimentos-ilhas (ou achariam ser isso) sem mudar as estruturas sociais (ou antes de).
221 - … Dizia mais: “Os economistas provaram, que as cooperativas de produção somente são possíveis naqueles ramos da indústria que ainda não foram explorados pelo grande capital, posto que nenhuma associação operária pode competir com este na produção de bens de consumo em grande escala. E como o grande capital trata de controlar, em virtude de uma necessidade que lhe é inerente, todos os ramos da indústria, o destino último das cooperativas de produção será o mesmo que sofreram a pequena e média burguesia: miséria geral e inevitável”.
222 - Propõe: “Pensar o cooperativismo dentro uma estratégia revolucionária significa em primeiro lugar saber de seus limites e possibilidades. Não rejeitamos as cooperativas e ONG’s, pelo contrário. Elas podem ser muito úteis para se conseguir fundos e financiar nossas atividades. Mas elas não são a frente de inserção em si. As frentes são as fábricas, escolas, universidades, bairros e o campo por exemplo”.
223 - James Petras: “Ao final deste milênio, existem umas 100 mil ONG’s em todo o mundo que recebem cerca de 10 milhões de dólares e competem com os movimentos socio-políticos pela lealdade das comunidades militantes.”
224 - E o dinheiro das ONG’s? Qual o critério? “Igualmente importante é o fato de que seus programas não são qualificados pelas comunidades a quem ajudam, e sim pelos financiadores estrangeiros”.
225 - O trabalho voluntário, cada vez mais promovido, seria para as elites se sentirem mais seguras contra as potencialidades negativas advindas da desigualdade social? Faz certo sentido. Conter o que restou de aleatório e “democrático” (para todos) na “violência urbana”.
226 - … Por isso, a elite sente necessidade de ir além das moedinhas que sobram no bolso. Sentem necessidade de planejar amplas “ações sociais”. Deve-se tentar fazer o pobre não se desesperar, e, na melhor das hipóteses, sentir gratidão pelos ricos.
227 - O marketing social, combinado ao desconto de até 2% no IR, seria o grande motivo do envolvimento das empresas e suas fundações nisso tudo? Mais ou menos. É que a construção de uma imagem moral positiva da empresa ajuda inclusive a alavancar vendas de seu produto. Não é mera questão de “não ser queimada”. Os próprios funcionários da empresa passam a se sentirem mais tentados a “vestir a camisa” e dar o sangue.
228 - Sem contar as medidas que são apenas aparentemente “sociais/boazinhas”. Dá o exemplo do BB que prometeu dar primeiro emprego a 4 mil jovens a um salário mínimo por cinco horas. Ora, acaba sendo ótimo, já que a outra opção seria contratar gente mais velha a um salário maior.
229 - Além do mais, tudo isso passa a impressão de que a miséria é uma questão de falta de doação individual. Tem gente passando frio na rua? Por que você não separa seu casaco pra doar? Alguns ainda vão dizer: “por que não leva pra casa?”... (Lembrei daquele filme “corrente do bem”)
Carta de Princípios do Núcleo Pró-COB-AIT de Goiás:
230 - Sem importância prática. Curto mannifesto.
Comentários
Postar um comentário