Anarquistas - Textos Diversos IX (Bob Black)

 

Bob Black - Abolicao do Trabalho:

172 - Texto de 1985 defende que ninguém deveria trabalhar. O início do texto é estranho. Fala como se as pessoas trabalhassem porque quisessem.

173 - Rodapé interessante: Stakhanovismo: uma ideologia na ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), que tem por objectivo encorajar o trabalho duro e o mais rentável possível, seguindo assim o exemplo de Stakhanov, um mineiro dos anos 30 e 40, cujo padrão de produtividade ganhou fama.

174 - Diz que é hipocrisia criticar a URSS, já que o trabalhador ocidental não tem liberdade e está numa disciplina talvez até mais rígida na maior parte do seu tempo. O patrão determina as horas a que tens de entrar, quando é que tens de sair e o que tens de fazer durante esse espaço de tempo. Ele decide a quantidade de trabalho que tens de fazer e a rapidez em que o realizas. Ele é livre para te controlar, até para te humilhar, guiar e se ele achar necessário.

175 - Quem afirmar que estas pessoas são livres está a mentir ou é estúpido. Tu és aquilo que fazes. Se fazes coisas chatas, estúpidas ou monótonas, acabarás chato, estúpido e monótono. A existente rastejante «cretinização» é revelada pelo trabalho mais do que, inclusive, pelo triste mecanismo da televisão e da educação. (...) As suas aptidões à autonomia encontram-se tão atrofiadas que tem medo do que possa significar a liberdade. Cada membro desse povo transporta para dentro da família a sua treinada obediência no trabalho iniciando, deste modo, a reprodução do sistema em diferentes caminhos: políticos, culturais e outros.

176 - O “tempo livre”. Esquece-se o trabalho nele? Ou é mera preparação para seu retorno… Um descanso necessário para o… Trabalho! Sem contar as horas que se perde devido ao trabalho e sequer são remuneradas.

177 - Sócrates, segundo Platão, já reconhecia que o trabalho gera efeitos destrutivos no ser humano enquanto amigo e cidadão. Que tempo haverá para isso? Cícero declarou que «quem trabalha por dinheiro vende-se e coloca-se na categoria de escravo».

178 - Coletores-caçadores. O antropólogo Marshall Sahlins ao estudar os colectores de caça fez explodir o mito Hobbesiano. Os colectores de caça trabalham muito menos do que nós. Além disso, é difícil distinguir esse trabalho daquilo que nós consideramos hoje como divertimento. (...) O trabalho que fazem — trabalham uma média de 4 horas por dia e supondo que aquilo que fazem é aos nossos olhos trabalho —, são esforços que parecem ser efectuados com habilidade e que provocam a evolução da capacidade física e intelectual.

179 - Adam Smith observou que a compreensão da grande maioria dos homens é formada no local de emprego. «O homem que passa a sua vida executando funções (...) geralmente torna-se estúpido e ignorante, tão e mais estúpido e ignorante, quanto aquilo que o ser humano pode ser». Aqui, em poucas palavras, está a minha crítica do trabalho.

180 - O controlo da economia por parte do Estado não é solução. O trabalho é, (se ele é alguma coisa), muito mais perigoso nos estados socialistas do que aqui. Milhares de trabalhadores russos morreram ou ficaram feridos na construção do metro de Moscovo.

181 - Sua tese central é de que a quantidade de trabalho da sociedade - e seus acidentes, mortes e desgostos - deveria cair 95%, por aí. “Muitos trabalhos servem um desígnio improdutivo de comércio ou controlo social. Podemos libertar milhares de vendedores, soldados, gerentes, bófias, corretores, padres, banqueiros, advogados, académicos, senhorios, guardas e todos aqueles que trabalham para eles.”

182 - Parece meio voltado à linha do consumo inteligente/restritivo. Preocupa-se com a crise energética/ambiental.

183 - Não desenvolve muito a ideia, mas quer acabar com as escolas (“campos de concentração”)

184 - Todos os cientistas, engenheiros e técnicos, uma vez dispensados de se preocuparem com a investigação bélica e a necessidade de os seus produtos se tornarem obsoletos, deverão divertir-se a descobrir meios de eliminar a fadiga, o tédio e o perigo de actividades, tais como o trabalho mineiro.

185 - Teor lúdico. “O que eu gostaria realmente de ver acontecer é a transformação do trabalho em jogo”.

186 - :) Fourier foi quem levou mais longe a especulação sobre as possibilidades de tirar proveito de expedientes aberrantes e perversos na sociedade pós-civilizada. A isso chamou «Harmonia». Segundo ele, o imperador Nero teria acabado por ser uma boa pessoa se, em criança, tivesse saciado o seu gosto pela carnificina trabalhando num matadouro.

(continua...)

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