Econ - Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial - PIB Per Capita em PPC e Participação da Indústria no PIB I


Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial - PIB Per Capita em PPC e Participação da Indústria no PIB I


621 -Baseia-se em estudo de O estudo preparado por Paulo Morceiro e Milene Tessarin, da Fipe/USP, a pedido do IEDI. A preços correntes, enquanto a participação da manufatura no mundo como um todo declinou 1/3, passando de 26,2% para 17,3% entre 1971 e 2017, no Brasil a redução chegou a ser de metade: de 23,2% em 1971 para 11,3% em 2017.

622 - A indústria é o principal polo gerador de ganhos de produtividade, possibilitando a redução de custos e preços finais, e é também o setor que mais está sujeito à concorrência internacional, restringindo repasses de preços. (...) Corrigir esta influência dos preços, não traz alteração significativa na evolução brasileira. A preços constantes, que exclui a inflação setorial, a participação da manufatura no PIB do Brasil também recuou fortemente: de 21,4% para 12,6% entre 1971 e 2017. É aqui que fugimos à regra, pois no agregado do mundo a indústria ganha participação no PIB, passando de 15,7% para 17,3% no mesmo período.

623 - E se tirar a China? A preços constantes e excluindo a China, a manufatura mundial como porcentagem do PIB sai de 15,8% em 1971 para 15,1% em 2017. Ou seja, fica praticamente estável, enquanto o Brasil vê o peso da sua indústria ser reduzido pela metade.

624 - Há desindustrializações e desindustrializações. Desindustrialização ocorre em muitos páíses, mas precoce só em alguns. Destes dez países que estão na mesma situação que o Brasil, apenas 3 (Argentina, Filipinas e Rússia) começaram a ver sua indústria perder espaço em suas estruturas produtivas quando ainda apresentavam um nível baixo de renda per capita (inferior a US$ 20 mil em PPC). (...) entre 1970 e 2017, o Brasil foi responsável pelo 3º maior retrocesso da indústria de transformação no PIB, ficando atrás apenas da Austrália (1º) e do Reino Unido (2º).

625 - Mais: No Brasil, a manufatura perde participação no PIB em uma velocidade muito acima de outros países. Em apenas 12 anos (1986-1998), nossa indústria perdeu 13,5 p.p. No PIB brasileiro (de 27,1% para 13,8%), enquanto nos EUA demorou 42 anos para perder os mesmos percentuais no PIB (de 26,1% para 12,3%, entre 1966 e 2008). (...) O regresso industrial do Brasil restringiu o enriquecimento do país. Na fase de declínio do peso da manufatura na economia, o PIB per capita do Brasil aumentou apenas +25%, enquanto nos Estados Unidos quase triplicou. Isso porque, diferentemente dos Estados Unidos, as atividades de serviços que mais cresceram no Brasil foram os de baixa sofisticação.

626 - Entre 1980 e 2017, o crescimento real do valor adicionado manufatureiro (VAM) do Brasil foi de apenas +24%, enquanto no mundo a alta chegou a +204% ou a +135%, se for excluída a China.

627 - Interessante perceber que em preço constante não há, exatamente, desindustrialização - A inflação industrial tende a evoluir em um ritmo bastante inferior ao da economia total. Isso acontece por dois motivos principais: produtividade e grau de comercialização com o exterior.



628 - Há gráficos comparando a inflação. Basicamente, a preços correntes, a indústria perdeu 40% de peso relativo na economia mundial porque os preços industriais cresceram 40% menos que os preços da economia total.

629 - De 1973 a 2009: A preços constantes, a parcela da indústria no PIB do mundo sem China apresentou uma tendência estável, que oscilou entre 15% e 16%.

630 -Dani Rodrik analisou “desindustrializações” a preços correntes de 1940 a 2011. A literatura qualifica a desindustrialização como “normal” ou “positiva” quando a indústria de transformação começa a perder participação relativa no PIB a preços correntes após o país atingir um nível elevado de renda per capita, apontado como o ponto de inflexão o patamar dos US$ 20 mil em PPC de 2017. (...) A partir daí, o declínio da participação industrial se deve ao aumento na participação, principalmente, de setores de serviços destinados a uma população com poder aquisitivo cada vez maior, que consomem progressivamente mais serviços de turismo e lazer, de informação, serviços financeiros, serviços pessoais, saúde privada e educação superior etc..

631 - Este gráfico sintetiza o argumento da “desindustrialização normal” versus “prematura”: • Caso 1: a indústria estadunidense começou a perder participação no PIB a preços correntes após os americanos alcançarem renda per capita de US$ 22 mil em PPC de 2017 – note que durante o regresso industrial a renda per capita aumentou bastante e alcançou o patamar de US$ 60 mil em PPC de 2017 no último ano; • Caso 2: a indústria brasileira começou a perder participação no PIB quando o país tinha uma renda per capita de apenas US$ 12 mil em PPC de 2017 e durante este processo a renda per capita do Brasil aumentou muito pouco, atingindo US$ 15 mil em PPC de 2017.

632 - Como a manufatura americana só começou a perder participação no PIB em 1966 na série a preços correntes, o grau de industrialização dos EUA ficou próximo do pico por duas décadas (1947-1966) – é provável que tenha ficado no pico por um período maior, porém não há dados anteriores a 1947. Entre 1947 e 1966, a manufatura representou, na média do período, 26,2% do PIB dos Estados Unidos. Ou seja, a duração do grau de industrialização próximo ao pico foi longa e nesse período a renda per capita aumentou para US$ 22,0 mil (em PPC de 2017) em 1966. Isso possibilitou aos Estados Unidos escapar da armadilha da renda média.

633 - Nos países desenvolvidos – Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Espanha, França, Holanda, Itália, Japão, Reino Unido, Suécia e Suíça, além dos Estados Unidos – a queda da participação da indústria inicia-se num patamar elevado de renda per capita e durante este processo a renda per capita se expande muito.

(continua...)

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