Econ - Hjalmar Schacht e a Economia Alemã (1920-1950) - Discussão Monetária III

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602 - Sinuca de bico: Entendia também que os empréstimos externos estavam servindo para a compra de bens industriais no exterior, o que prejudicava a criação interna de empregos: “Moeda estrangeira só pode ser gasta no exterior. Provoca o aumento das importações, especialmente produtos manufaturados. A manufatura alemã seria penalizada, o que geraria desemprego” (Ibid., p. 274). O desemprego permaneceu elevado na segunda metade dos anos 1920 (acima de 1 milhão de desempregados), mesmo com a economia alemã crescendo consideravelmente. Segundo Fano (1981), o aumento da produtividade na indústria alemã era o principal responsável pelo desemprego elevado naquela época. 

603 - Trata em detalhes do processo de negociação de Schacht para continuar enrolando o pagamento das indenizações. Ademais, pedia os territórios de volta, para escândalo geral. Porém, continuavam com a faca no pescoço apesar das conquistas e folgas: ... o grande fator negativo era o valor estipulado para as reparações: 121 bilhões de reichsmark (US$ 26,4 bilhões), a serem pagos em 58 anos (Schacht, 1931, 1999). (...) No dia 2 de abril de 1930, Schacht pediu demissão da presidência do Reichsbank, por não concordar com as novas renegociações do Plano Young, que eram prejudiciais à Alemanha. 

604 - De acordo com o BIS, entre 1924 e 1930, a Alemanha recebeu 18 bilhões de reichsmark de empréstimos estrangeiros: 10,3 bilhões foram usados para pagar as reparações e o restante foi gasto em consumo e investimentos públicos, ou seja, em coisas que não geravam divisas estrangeiras. 

605 - Em 1931: Durante suas palestras nos Estados Unidos, Schacht advertiu que as reparações empobreciam o povo alemão e estavam levando ao poder partidos da extrema direita e extrema esquerda.

606 - Efeitos da crise de 29 foram sentidos em 1931: Em 31 de junho, Schacht propôs que o Reichsbank declarasse moratória para evitar a retirada das reservas estrangeiras do país. Seu conselho não foi aceito e em poucos dias as reservas do Reichsbank se esgotaram

607 - Em verdade, desde a saída do capital especulativo de curto prazo em 1928 para auferir lucros na bolsa americana que o desemprego avançou enormemente na Alemanha. A crise de 29 só veio a piorar tudo.

608 - Em 11 de outubro de 1931, Schacht fez o seguinte discurso num encontro com todos os partidos e associações de tendência nacionalista: “Uma diminuição da produção em quase um terço, um alto índice de desemprego que se torna um fenômeno duradouro, uma dívida interna que se expressa diariamente nos números de concordatas, uma dívida externa que impossibilita um pagamento no vencimento, uma moeda que não serve mais para a circulação regular de mercadorias, mas apenas para ocultar a falta de liquidez de nossas instituições financeiras e do setor público, esta é a situação alemã”. (...) Em meados de junho de 1932, o desemprego chegava à casa de 6 milhões de trabalhadores, cerca de 40% da força de trabalho alemã.

609 -  Em janeiro de 1933, na iminência de Hitler se tornar chanceler, o cargo foi oferecido a várias personalidades alemãs, inclusive a Schacht, que o recusou. No final do mês, sem alternativa, dada a força política obtida nas urnas, o presidente alemão, Sr. Hindenburg, nomeia Hitler como novo chanceler.

610 - Schacht no primeiro encontro com Hitler em 1931: “já naquele primeiro encontro me ficou claro que a força propagandística de Hitler teria chances imensas junto ao povo alemão, caso não se conseguisse superar a crise econômica e afastar as massas do radicalismo. Hitler era possuído pelo que dizia, um autêntico fanático com o mais intenso efeito sobre os ouvintes, um agitador nato, apesar de sua voz às vezes rouca e não raramente esganiçada”.

611 - O desemprego preocupava o chanceler Adolf Hitler. Chamou Schacht e perguntou se o Reichsbank teria condições de providenciar o dinheiro para combater o desemprego. Schacht disse que o Reichsbank deveria gastar todo o dinheiro necessário “para tirar o último desempregado da rua” (Ibid., p. 369). Dessa conversa, Hitler convidou Schacht para reassumir a presidência do Reichsbank: em 17 de março de 1933, Schacht era reempossado no cargo. Estava com 56 anos.


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