Murray Bookchin e etc. – O Bairro, a Comuna, a Cidade... Espaços Libertários! (Livro) I
Murray Bookchin, Paul Boino e Marianne Enckell – O Bairro, a Comuna, a Cidade... Espaços Libertários!
1 – Como diz o título, são espaços libertários por excelência. Podem servir para criar, na base, práticas libertárias, autogestionárias, federalistas, ecologistas... Os outros espaços (a nação, p. ex.), embora importantes, são muito propensos a gerar centralização, desigualdade e poder, por mais que a intenção seja boa (libertária). “Pensar globalmente, agir localmente”.
2 – Boino: pra que serve exercer o poder se ele é sem consistência? Ou seja, Boino é contra participar de eleição municipal, visto a dependência financeira em relação às estruturas centralizadoras. Ademais, enquanto não houver autogestão econômica, a autogestão política será vazia (Bakunin).
a) O municipalismo libertário (Bookchin):
3 – Antes da “Política” do Estado-nação (Luís XIV e Henrique VIIII), havia a “Política” do cotidiano. A gestão dos negócios públicos era dos cidadãos, em nível comunitário. Assembléias cidadãs diretas decidiam e elegiam conselhos para executar as decisões. Tais conselhos eram fiscalizados e os mandatos, revogáveis. A discussão política estava em todos os espaços/locais da cidade. Política “orgânica e ecológica”, não a profissional que iria se tornar. Segundo Bookchin, o “eu individual e o nós coletivo se apoiavam mutuamente”.
4 – E quanto as cidades grandes? New York... Como transformá-las numa “democracia direta”, digamos? Utilizar os bairros. Promover uma descentralização institucional (a territorial dura anos), dos serviços e tal.
5 – Bookchin acrescenta que isso tudo não impede e nem substitui, quando necessárias, as grandes assembléias de cidades grandes. Se for mais interessante, pode-se inclusive obter a indicação de delegados – sujeitos à rotatividade, revogabilidade, controle. Se necessário, os delegados portariam instruções escritas para evitar desvios de vontade quanto às pautas das assembléias. Afirma que isso deu certo na Paris 1973 de 500 mil habitantes.
6 – Não quer dizer, a autogestão, que toda os cidadãos devam saber o melhor modo e como construir uma estrada. Isso pode ficar a cargo dos executores (engenheiros, especialistas e tal). O importante é que a assembléia decida.
7 – Critica o pensamento liberal que quer construir uma individualidade sem carne e sangue. É o que eu sempre penso: “a noção de independência... (liberdade) foi de tal forma impregnada de puro e simples egoísmo burguês que temos tendência a esquecer que nossa individualidade depende amplamente dos sistemas de apoio e solidariedade da comunidade”.
8 – A favor da democracia e contra o voto. O voto quantifica o inquantificável, digamos. Opiniões tornam-se preferências. Ideais tornam-se gostos. Tudo se torna números. Não é a expressão inteira da nossa individualidade.
9 – O serviço cívico (nome estranho...) seria um atributo humano essencial e não uma doação ou obrigação chata da qual o cidadão tem que escapar assim que pode. Diz Bookchin. Aí que tá. Creio que, pra isso, o “cidadão” deve enxergar essa participação como útil em sua vida. Esse é o nosso desafio. Tornar os espaços realmente interessantes e úteis.
10 – Propõe a municipalização da propriedade e dos recursos e tal. A comuna decidira como se organizar. Terras, empresas, tudo. E as comunas se comunicariam entre si. São as confederações. Estaria tudo à disposição dos cidadãos nas assembléias, e dos deputados nos conselhos confederais. O princípio obviamente seria “de cada um segundo as suas capacidades, de cada um segundo as suas necessidades”. Aliás, esse princípio demonstra o quanto são tolas críticas ao socialismo baseadas na idéia de que ele trata todo mundo como igual. Que parte do “suas capacidades” o pessoal não quis entender?
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