João Bernardo – As raízes ideológicas do Brasil Potência (Partes I e II)

 

João Bernardo – As raízes ideológicas do Brasil Potência

 

a) – a política da nação proletária:

 

1 – Fala de Gunnar Myrdal – ministro da economia sueco pós-guerra (socialista) - e Mário Pedrosa para demonstrar como a tese da união dos países subdesenvolvidos atraía a esquerda da época.

2 – O italiano Corradini desenvolve a estranha idéia de nação proletária, que teria o imperialismo como solução para superar a luta de nações. Queria parar a imigração italiana. Colocar a Itália em lugar de destaque.

3 – Corradini propôs, em 1908, por aí, a união dos sindicatos, os quais poderiam dar origem a uma nova “direção” para o Estado italiano. Renovando-o. Considerava as elites conservadoras de então fracas. “Substancia do fascismo” segundo JB.

4 – Os tais “sindicatos revolucioários” que, antes, romperam com os reformistas, agora concordavam com Corradini sobre a necessidade de expansão imperialista da Itália sobre a Líbia, isso pra frear a imigração.

5 – De 20 a 30% dos sindicalistas não embarcaram nessa onda imperialista-nacionalista.

6 – “Sindicatos revolucionários”, no início da primeira guerra mundial, afirmavam claramente que a questão nacional deve ser resolvida para criar um ambiente para a questão da classe.

7 – Mussolini, ex-Partido Socialista Italiano, “funda” o fascismo a partir de idéias semelhantes. Enaltece a importância da questão nacional, acima de todas. JB anota que Engels tinha trechos que poderiam dar razão ao Mussolini.

8 – Sindicalistas revolucionários, tropas de elite e “futuristas” formaram uma espécie de tripé mais tarde sustentadora da ascensão de Mussolini. Renovaram o nacionalismo.

9 – Mussolini realizou o que Corradini teorizou. Ele inclusive usava “nação proletária” nos discursos. Na invasão da Africa (1935), disse que era uma guerra para libertar os proletários.

10 – O mesmo no Japão com Kita Ikki. Se o proletário pode encampar a luta de classe, o Japão, “nação explorada”, pode puxar a luta de nações. Tudo para libertar...

11 – Comentários – Surge a notícia de que ativistas do Greenpeace e tribos maori estão defendendo suas águas contra a exploração da Petrobrás.

12 – Para um leitor, o erro de JB é: a ideologia do Brasil potência NÃO têm origem na noção de “nação proletária”, mas sim na idéia de um Brasil burguês, cristão, conservador e euroamericanizado, do general Golbery, ideólogo neofascista que inspirou o golpe de 1964 e a ditadura militar.

13 – Notícia sobre Gbagbo, da Costa do Marfim, um ex-“marxista” e crítico do imperialismo. ...

 

 

b) a economia da nação proletária:

 

14 – Raul Prebisch, argentino, em 1944, usou o “centro” e “periferia” para desequilíbrio entre países.

15 – Segundo JB, “ao entenderem o desequilíbrio estrutural entre as nações como uma troca desigual e ao conceberem a desigualdade entre o Centro e a Periferia como uma modalidade de exploração, os economistas da CEPAL deram novo alento e outro rigor às teses defendidas na década anterior pelo economista e político fascista romeno Mihail Manoilescu”.

16 – Para Manoilescu, um país explorava o outro. Cada cidadão estrangeiro tinha dez escravos a sua disposição no explorado. Era como se tivesse. A troca era desigual. A desigualdade era exploração.

17 – A saída do romeno era a industrialização, a qual justificava o protecionismo. Sair de economia agrária para a industrial, de maior produtividade. Para isso, era necessário um Estado organizando a produção, sem aniquilar, porém, a ação individual.

18 - Raul Prebisch, o argentino, permitiu a continuidade das teses de Manoilescu. Inspirou, ainda, Furtado e cepalistas marxistas da teoria da dependência.

19 – Termina provocando com o “e agora José” da atualidade. Brasil crescendo e países dominantes estagnando... Que fazer? Apoiar a “nação”?

20 – Comentários – Afirma, um leitor, que Marini, Serra, FHC, etc. não eram entusiastas da “nação proletária”. Ao contrário do que quer JB. Apenas usam a noção “centro-periferia”. Para outro, mesmo assim temos um problema. Afinal, isso escamoteia a luta de classes, que é a que importa. JB diz, ainda, que se refere mais a teóricos mais influentes da CEPAL/CEBRAP que a Marini e Cia. (Por mais que estes sejam interessantes). Acho que se refere aos Furtado e Serra da vida.

21 – JB acha que “centro-periferia” está ultrapassado, já que as fronteiras nacionais já não importam tanto. Criam-se vários “centro-periferias” no interior tanto dos “centro” quanto das “periferias”. (Eu discordo. Efeito Balassa-Samuelson)

22 – Uma leitura puxa a discussão sobre o Brasil não ser sequer subimperialista, mas apenas “semi-periferia”. Justifica pelo fato do país não despontar nas áreas tecnológicas mais importantes e que devem promover os processos civilizatórios dos próximos anos. Nano-tecnologia; eletrônica; robótica; softwares; fármacos; bio-tecnologia; energia renovável… . Quem detém, tem como influenciar as civilizações. As outras, no máximo, só refletirão e terão acesso ao desenvolvimento de tecnologias “de segunda ordem” (as “revoluções tecnológicas passadas”), digamos. Cita ainda o pouco investimento estatal e do faturamento privado em P & D. E que o BNDES tá mais interessado em construção civil mesmo... Por último, afirma que não vê inversão geopolítica no capitalismo mundial.

23 – Um leitor contesta a leitora com o link...

http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=potencias-cientificas-emergentes-ciencia-global&id=020175110330

 

...o qual mostra que o Brasil investe cada vez mais em pesquisa e desenvolvimento. Mas não diz quanto do PIB cada pais “desenvolvido” investe.

24 – JB afirma que os BRICS (digamos) têm cada vez mais empresas ou filiais inovando tecnologicamente. Inclusive cita Vale, Odebrecht, Gerdau e Petrobrás. Afirma que o BNDES usa sim critérios “tecnológicos”.

25 – JB – interessante – “Uma classe que domina auto-organiza-se; uma classe dominada é hetero-organizada. Esta é uma definição que qualquer administrador de empresa aceitará”. Segundo JB, resta espaço, porém, à privacidade do trabalhador (não há teletela, digamos). Isso é perigoso. E o fascismo (Hitler inclusive) queria acabar com isso também. A idéia era criar um estado de mobilização permanente. Massa passiva pode ser surpreendentemente perigosa. Talvez por isso Hobsbawm afirme que “Hitler” era totalitário e “Stálin” não.

26 – JB: “A autodeterminação nacional tem deixado os povos independentes muito pouco autodeterminados, pois passaram a ser dominados por novas elites. Olhe o que se passou em África, e o que antes se passou na América Latina. Por isso, na minha opinião a luta pela auto-organização ocorre fundamentalmente nas relações de trabalho”.

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