João Bernardo – As raízes ideológicas do Brasil Potência (Parte IV e V)

 d) A viagem do Brasil da periferia para o centro – o novo horizonte

 

39 – Crescimento de investimento estrangeiro direto e, ao mesmo tempo, do investimento brasileiro no exterior – BNDES e etc. ajudando. 2003 a 2008. Dados mostram.

40 – Mesmo assim, essa transnacionalização das brasileiras é bem mais tímida e de crescimento lento que as do resto do BRIC’s e de países “emergentes”. Vem crescendo no Brasil, mas em outros países essa tendência é ainda mais rápida, digamos. JB diz que como Lula era meio nacionalista de esquerda, ele não andou no ritmo que poderia ter andado (de apoio à transnacionalização). O setor empresarial exige que se combine atração de investimento e incentivo à internacionalização (saída de investimento). As (poucas?) multinacionais originalmente brasileiras passaram a apresentar grande produtividade.

41 – O BNDES tem iniciado, recentemente, uma tendência de investir cada vez mais (em porcentagem do PIB). Hoje já chega a 4,6%. O presidente do BNDES diz que vai crescer muito até 2014. E os assessores do presidente informam que ainda se investe muito pouco em “internacionalização”. “Só” 9 bilhões.

42 - Polêmica: “Como afirma o relatório de 2008 da KPMG, Multinacionais Brasileiras. A Rota dos Investimentos Brasileiros no Exterior, «a internacionalização revela um Brasil além das commodities minerais e agrícolas, que pode conquistar um espaço de destaque no cenário global das indústrias e dos serviços». Convém recordar, aliás, que alguns dos países mais industrializados, como os Estados Unidos e o Canadá, são grandes produtores mundiais de cereais e de outras matérias primas. O problema não consiste no tipo de bens, mas na produtividade com que são extraídos ou produzidos. Não se trata de uma questão de sectores da economia mas de estádios tecnológicos, e o importante não é o que se produz mas como é produzido.”

43 – As firmas que investem no exterior superam as “iguais” que só ficam aqui. São muito mais agressivas e têm que trabalhar constantemente a produtividade. São as forças da concorrência. È necessário ser competitivo pra competir lá fora. Então dois desafios (mercado externo e interno) é melhor que um (o desafio só do mercado interno). Exige mais inovação e tal. ... Gerdau, Odebrecht, a Companhia Vale do Rio Doce, a Petrobras, a Marcopolo, a Sabó, a Andrade Gutierrez, a WEG, a Embraer e a Tigre. Produção em larga escala, mas principalmente upgrade tecnológico e habilidades gerenciais.

44 – Comentários... -

 

 

e) A geopolítica das companhias transnacionais

 

45 – Segundo JB, os investimentos estrangeiros diretos (exportação de capital) não visam explorar a miséria, mas sim a força de trabalho mais produtiva – ou seja, a mais bem paga e de “países centrais”.

46 – Dados: “A fracção dos investimentos externos directos dirigida para as economias em desenvolvimento, que havia sido 2/3 do total mundial antes da segunda guerra mundial, caiu para 1/4 na primeira metade da década de 1980 e desceu para 17% na segunda metade dessa década. Nos anos seguintes ocorreu uma subida considerável, passando para 26% em 1991 e chegando a 35% em 1992, mas o acréscimo não resultou de nenhum afluxo de investimentos externos àqueles países em desenvolvimento que tradicionalmente os acolhiam. Sucedeu que em 1991 cerca de trinta países em desenvolvimento, entre os quais a China e a Índia, até então hostis a este tipo de entrada de capital, inverteram a orientação e começaram a atrair as boas graças das companhias transnacionais, enquanto a privatização de importantes empresas públicas ofereceu oportunidades suplementares ao capital estrangeiro. [...] Mas a crise nas economias desenvolvidas alterou drasticamente a orientação dos fluxos de investimento externo directo e, em 2008, 43% do total dirigiu-se para as economias em desenvolvimento e em transição, que em 2009 receberam quase 50% do total, situação que se manteve no primeiro semestre de 2010”.

47 – Tudo isso explicaria o “desenvolvimento” recente dos “países em desenvolvimento”. Os BRICs e tal.

48 – Mais evidente ainda é a evolução dos fluxo de investimentos externos diretos emanados dos próprios países em desenvolvimento. De 3% em 80, para mais de 20% em 2009.

49 – “Não assistimos à crise mundial do capitalismo, mas à sua reorganização espacial.” Ao contrário do que muita gente da esquerda pensa/pensou.

50 – Um forte indício da transnacionalização: “...pela primeira vez estão a criar-se nas filiais centros de pesquisa e desenvolvimento que não se limitam a adaptar um tecnologia e procedem a investigações científicas complexas e inovadoras.” Outro indício é são os gestores pluriculturais, em vez da mera exportação/importação dos homens brancos europeus e suas culturas.

51 – Fala de um importante estudo de um economista sobre como os números sobre comércio internacional (exportação/importação) são ilusórios. Que o comércio entre matrizes e filiais às vezes não entram no cálculo. Isso é imperdoável, pois grande parte dos intercâmbios está justamente aí. Filiais que vendem mais um produto da empresa (lá no país já) do que ele é exportado. Ou então, um país exportava pra suas próprias firmas no estrangeiro (de empresas-matrizes do país exportador)...

52 – JB afirma que as estatísticas sobre comercio internacional entre países, usadas por grande parte dos economistas e divulgadas pela mídia, estão obsoletas. Não servem pra quase nada ou nada.

53 – Observação extremamente útil: “Uma das vantagens — para os capitalistas, entenda-se — da dispersão geográfica das empresas é a possibilidade de recrutarem força de trabalho de diferentes qualificações e diferentes patamares salariais, consoante as necessidades de cada fase da cadeia produtiva ou de cadeias produtivas entrelaçadas. Os benefícios trazidos aos capitalistas por esta dispersão sócio-geográfica ampliaram-se porque a transnacionalização permite instalar de uma maneira exacta cada fase de uma cadeia produtiva no país e na região que lhe for mais favorável.” {...} “A coabitação entre companhias transnacionais prósperas e regiões em dificuldades ou mesmo miseráveis encontra-se em praticamente todos os países, desenvolvidos ou em desenvolvimento, e tende a perpetuar-se porque os países mais bem preparados para triunfar na concorrência internacional são aqueles que dispõem de um leque mais amplo de força de trabalho, desde a pouco qualificada e com salários baixos até à muito qualificada e com remunerações elevadas. Estes países podem produzir e exportar tanto bens pouco sofisticados, produzidos em ramos trabalho-intensivos, como com bens muito sofisticados, produzidos em ramos capital-intensivos.”

54 – Termina com a opinião do gestor da IBM lá. De que o próximo passo é criar a superestrutura transnacional adequada. Ordem e segurança pública mantida por tecnoburocratas e especialistas de diversas nacionalidades.

55 – Comentários... -


FIM!

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