Textos sobre a Guerra Civil Espanhola - Texto 2
Texto 2:
13 – Apresenta os proletários espanhóis como herdeiros de Kronstadt (que lutaram contra o leninismo).
14 – Não possui a mesma visão da CNT que tinha o primeiro texto. Apesar de seus princípios conselhistas, não efetivava a democracia direta, com resquícios organizativos de “partido”.
15 – “O aparecimento dos conselhos em 1936 foi resultado de 50 anos de atividade revolucionária, a maioria sob a direção do movimento anarquista espanhol.”
16 – “(...) as expropriações de julho foram uma resposta ao termidor fascista e não uma insurreição anarquista. A fé anarquista nos poderes apocalíticos de uma guerra geral era, em grande medida, quimérica. A CNT-FAI havia falhado, levante após levante, não tendo sido capaz de estender a revolução além dos confins paroquiais de umas poucas cidades ou regiões”
17 – Apresenta a CNT-FAI como aliada e integrante do governo republicano, ameaçada pela força dos comitês revolucionários (autônomos) de Aragão e Asturias.
18 – Apresenta a FAI como uma “vanguarda consciente de anarquista militantes”. Na prática, agindo “quase como um partido de vanguarda leninista”. Diz que era algo parecido com a Aliança pela Democracia Socialista de Bakunin no século passado.
19 – “Então, a imensa atividade revolucionária das massas anarquistas foi enquadrada e canalizada para a luta entre frações do Capital, em que a CNT-FAI seguiu, a reboque do estado burguês republicano, atrelada a seu principal aliado, o partido "comunista" espanhol. A iniciativa autônoma dos trabalhadores se expressou nos conselhos de fábricas, coletividades agrárias e milícias, no ano de 1936-7, apesar das ações políticas da organização anarquista oficial. Enfrentando inúmeros obstáculos erguidos em seu caminho, o movimento pela autogestão na revolução espanhola proporcionou o mais claro exemplo histórico de socialismo genuíno. “
20 – “No ano seguinte, mediante os conselhos, a classe operária iria se tornar uma terceira força lutando contra ambos, fascistas e antifascistas, rechaçando as tentativas do governo republicano de restabelecer sua autoridade. O sucesso das milícias dos operários e camponeses não pode ser medido em termos puramente militares. Enquanto resistiam ao avanço fascista, essas milícias implementaram um programa revolucionário de expropriação e coletivização.” Armou trabalhadores e organizou a produção.
21 – Julho de 36 demonstrou a viabilidade do modelo conselhista. “Nas áreas industrializadas da Catalunha, uma fortaleza anarquista, o proletariado provou ser capaz de administrar e desenvolver uma economia urbana moderna, aumentando a produtividade enquanto mantinha os serviços necessários à população”. Técnicas modernas de agricultura foram introduzidas no processo de coletivização.
22 – Houve a abolição do dinheiro. O lema “de cada um de acordo com suas capacidades, para cada um de acordo com suas necessidades” na prática foi estimulante o suficiente para os proletários. Leninismo refutado, segundo o autor do texto. Democracia direta posta em prática sob os conselhos.
23 – Delegados eram eleitos, com funções específicas e poderes limitados sujeitos a uma reconvocação, para coordenar a produção. Houve a gradativa união entre conselhos de fábrica e coletividades agrárias.
24 – A Federação dos Coletivos de Aragão tinha programas avançados que não se limitavam a qualquer regionalismo ou “primitivismo religioso”, como dizem alguns.
25 – “As milícias nunca aceitaram ser parte de um exército regular”. “Os milicianos, assim como as assembléias das fábricas e coletividades, elegiam e revogavam seus delegados. O caráter não-hierárquico dessas colunas de milícias é evidenciado pelo fato de que as diferenças de graduação em suas fileiras e de pagamento não existiam. A história das milícias continua sendo a do poder proletário armado: as colunas revolucionárias resistiram até o fim a qualquer tentativa de ‘militarização’, dos que pretendiam subordiná-las ao exército regular”.
26 – O poder conselhista não conseguiu, porem, avançar e acabar com a autoridade do governo republicano. A Espanha antifascista experimentou, assim, um poder dual.
27 – Os conselhos operários de julho de 36 praticamente superaram a estrutura sindicalista da CNT-FAI.
28 – Mas, segundo o misterioso autor deste texto, “Repetindo os lemas stalinistas de “unidade” e “disciplina”, a CNT-FAI persuadiu o proletariado de que a eliminação dos conselhos e das milícias era uma necessidade imposta pelas exigências da guerra civil”.
29 – Mais: “Enquanto o proletariado anarquista encarregava-se da reconstrução da sociedade mediante a autogestão, CNT-FAI se limitava aos termos de seu compromisso com a burguesia. A política colaboracionista dos anarco-burocratas tornou-se clara quando eles abandonaram sua ideologia anti-estatista e de fato aliaram-se ao governo. (...) os ministros da CNT consentiram numa ação governamental contra os conselhos. O governo republicano impôs os conselhos municipais, nos quais exigiram representação extra-proporcional para a UGT e o Partido Comunista, numa tentativa de domesticar os conselhos do proletariado. Adicionalmente, a liderança da CNT concordou em baixar o decreto da coletivização, de 24 de outubro de 1936, que limitava o poder dos conselhos operários e, no lugar da autogestão, estabelecia um ‘controle dos trabalhadores’, no qual os comitês dos trabalhadores desenvolveriam um papel meramente consultivo."
30 – “As milícias anarquistas, às quais foram negadas armas, não desarmaram aqueles que ostensivamente estavam preparando sua destruição. A morte da revolução espanhola não aconteceu, é claro, sem resistência, mas o reconhecimento pelo proletariado de sua traição não veio à tona até os primeiros movimentos contra os conselhos e as milícias”. O autor defende que os anarquistas perderam a chance de “tomar todo o poder” em julho de 36, sendo levados pela CNT a uma aliança impossível.
31 – Em maio de 37, os stalinistas iniciaram uma ofensiva violenta.
32 – Num momento crítica, a CNT, mais uma vez, tentou uma mediação impossível que resultou na derrota da insurreição espontânea dos anarquistas. Depois, a CNT teve a ingratidão dos republicanos.
33 – “Em sua derrota, a revolução espanhola desmascara o papel desempenhado pelos inimigos que atuam dentro das fileiras do proletariado e que não são tão facilmente reconhecidos como os crápulas dos diversos partidos leninistas.”
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