Karl Marx - O Capital, Livro I - Capítulo XXV (Último!)

 XXIV - A Teoria Moderna da Colonização

 

 

 

555 – “Na Europa ocidental, a terra natal da Economia Política, o processo da acumulação primitiva está mais ou menos completado”.

 

556 – “De início, Wakefield descobriu nas colônias que a propriedade de dinheiro, meios de subsistência, máquinas e outros meios de produção ainda não faz de uma pessoa um capitalista se falta o complemento, o trabalhador assalariado, a outra pessoa, que é obrigada a vender a si mesma voluntariamente. Ele descobriu que o capital não é uma coisa, mas uma relação social entre pessoas intermediada por coisas”. Marx fala do modelo de colonização inglesa nos EUA: fabricação de trabalhadores assalariados. Doutrina de Wakefleld.

 

557 – Enquanto o trabalhador tem meios de produção e pode se auto sustentar... Difícil existir capitalismo desenvolvido mesmo. Tem que haver o trabalhador assalariado “livre”. As emigrações para as colônias de ingleses achando que iam “fazer e acontecer” lá mostram um pouco isso.

 

558 – Marx critica a teoria do contrato social. Teria o antagonismo surgido a partir de um contrato no qual as pessoas se uniram em favor da acumulação de capital? Claro que não. A humanidade teria se “auto-expropriado” para enriquecer... Até pela “teoria do egoísmo” isso é falho. Ninguém iria querer ficar no lado pior da história. “Tudo bem... Aceito ser o expropriado. Que lindo... Exemplo disso foi uma pequena colônia nos EUA que perdeu gado por falta de trabalhador assalariado para cuidar do imenso “capital” (empreguei o termo errado aqui). Muita terra livre, quem quer ser trabalhador assalariado? Força de trabalho torna-se bem cara. E como vai existir mercado interno? Importante pergunta de Marx.

 

559 – Estranho o modo como Marx caracteriza os EUA. E como é que já eram um dos países mais ricos do mundo em 1860? Perdia por pouco da Inglaterra. Não era isso?

 

560 – Outra passagem bem interessante sobre os EUA:

 

A oferta de trabalho assalariado, queixa-se ele, não é nem constante, nem regular, nem suficiente. Ela “é sempre não apenas pequena demais, mas incerta”.

 

Embora o produto a ser dividido entre o trabalhador e o capitalista seja grande, o trabalhador toma uma parte tão grande, que ele se torna rapidamente um capitalista. (...) Em contraposição, poucos podem, mesmo se tiverem vida excepcionalmente longa, acumular grandes riquezas.”

 

Os trabalhadores simplesmente não permitem ao capitalista abster-se do pagamento da maior parte de seu trabalho. Não o ajuda em nada, mesmo que seja tão astuto a ponto de importar, com seu próprio capital, seus próprios trabalhadores assalariados da Europa.” Os miseráveis ainda podem virar concorrentes do ex-patrão depois J

 

561 – O livre-cambista Molinari reclama: “Nas colônias, em que a escravatura foi abolida sem que o trabalho forçado tenha sido substituído por uma quantidade correspondente de trabalho livre, viu-se operar o contrário daquilo que, entre nós, se passa diariamente sob nossos olhos. Viu-se os trabalhadores simples, por seu lado, explorarem os empresários industriais, ao exigir destes salários que de modo algum estão em proporção com a parte legítima que lhes caberia no produto.” Comédia...

 

562 – Wakefield compara trabalhadores agrícolas britânicos e americanos. Interessante:

 

“(...) o trabalhador agrícola inglês é um pobre miserável (miserable wretch), um pauper. (...) Em que país, além da América do Norte e de algumas colônias novas, os salários pagos pelo trabalho livre empregado no campo ultrapassam, em proporções dignas de menção, os meios de subsistência indispensáveis ao trabalhador? (...) Sem dúvida, na Inglaterra, os cavalos de lavoura, sendo uma propriedade valiosa, são muito mais bem alimentados que o lavrador inglês”.

 

563 – Para resolver este “mal”, Wakefield propõe que o governo interfira na lei da oferta e procura. Coloque preços artificiais (altos) para se tornar “dono de terra”. Assim, os imigrantes passariam bom tempo trabalhando e acumulando capital para o proprietário, não se tornando um deles rapidamente. Depois substitui o maluco se ainda precisar (ou seja, se o capitalista ainda não tiver capital suficiente para atrair “trabalho livre”).

 

564 – Embora isso tenha até sido aplicado, tornou-se supérfluo. A primeira desvantagem é que desviou migrações que se dariam para outras colônias inglesas (também necessárias). Ademais, os ingleses que chegavam no Leste não supriam a marcha dos que saiam em busca de terras para o Oeste. Continuo com trecho interessante:

 

Por outro lado, a guerra civil americana teve por conseqüência uma imensa dívida nacional, e com ela, pressão tributária, criação da mais ordinária aristocracia financeira, entrega de presente de imensa parte das terras públicas a sociedades de especulação para a exploração de estradas de ferro, minas etc. — em suma, a mais rápida centralização do capital. A grande República deixou pois de ser a terra prometida para trabalhadores emigrantes. A produção capitalista avança lá a passos de gigante, embora o rebaixamento dos salários e a dependência do trabalhador assalariado ainda não tenham caído, nem de longe, ao nível normal europeu.”

 

565 – Finalizando: o modo capitalista de produção (...) exigem o aniquilamento da propriedade privada baseada no trabalho próprio, isto é, a expropriação do trabalhador. 



FIM DO LIVRO 1!

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