Para Ler o Capital, de Alex Callinicos

 Anotações Sobre Partes do Texto: “Para Ler o Capital”, de Alex Callinicos.

 

 

Parte 1 – Trabalho e valor:

1 – Sob o capitalismo, os produtos do trabalho tomam a forma de mercadorias (assim, parece-me que o valor de troca vai assumindo importância em relação ao “de uso”)

2 – O valor de uso tem que satisfazer algumas necessidades específicas. Assim, se você tem fome, um livro não irá satisfazê-lo.

3 – Marx não estava interessado em achar os preços de mercado das coisas, a magnitude exata do valor de cada coisa a partir de uma fórmula. Desejava singularizar e estudar o capitalismo.

4 – “Só podemos descobrir, por exemplo, se os produtos de uma fábrica específica atendem algumas necessidades sociais apenas depois de eles terem sido colocados à venda no mercado. Se ninguém quiser comprar esses bens, então o trabalho que os produziu não era trabalho social.” Os produtores, no capitalismo, não sabem, de antemão, se os seus produtos atenderão uma necessidade social.

5 – Marx no “Teorias da Mais-Valia”: como valores, as mercadorias são magnitudes sociais, (...) relações entre homens na sua atividade produtiva (...) Onde o trabalho é comunal as relações entre homens em sua produção social não se manifestam como "valores" de coisas.”

6 – Não é apenas o capítulo um que prova o acerto da teoria do “valor-trabalho”. É todo o livro.

               

Parte 2 – Mais-valia e exploração:

7 – Sob o capitalismo, os produtos do trabalho tomam a forma de mercadorias (assim, parece-me que o valor de troca vai assumindo importância em relação ao “de uso”)

8 – O valor de uso tem que satisfazer algumas necessidades específicas. Assim, se você tem fome, um livro não irá satisfazê-lo.

9 – “Dinheiro e comércio são encontrados em sociedades pré-capitalistas. Todavia, a troca de mercadorias em tais sociedades é principalmente um meio de obter valores de uso, as coisas das quais as pessoas necessitam”.

 

Parte 3 – Concorrência, preços e lucros:

10 – Essências do capitalismo. Duas separações: trabalhador assalariado e patrão; variados capitalistas (concorrência), ou seja, vários capitais.

11 – Valor e preço diferem freqüentemente em Marx. Lembre-se da lei da oferta e da procura. Porém, as flutuações se cancelam com o passar do tempo. É o que afirma Callinicos ao menos.

12 – As taxas de lucro médias de cada ramo industrial irão diferir, isso devido à já estudada “composição orgânica do capital”. O que percebo também é o seguinte: a primeira impressão que isso pode causar é que as indústrias de setores extremamente mecanizados são ruins para o capitalista, pois a taxa de lucro torna-se menor (a mais-valia extraída é menor). Porém, uma coisa pode compensar, qual seja: quanto mais mecanizado o ramo, mais “investimento inicial”, mais “difícil acesso”, ou seja, as poucas empresas que operam serão enormes. Assim, embora a taxa de mais-valia seja pequena, a massa de mais-valia pode ser gigantesca devido à forte concentração e/ou centralização no ramo. Por isso, não é preciso ficar com pena desse capitalista.

(aproveito para anotar que o eu de fim de 2020 discorda parcialmente de ambos os comentários acima)

13 – Ademais, quando a “paradinha dá prejuízo” ao capitalista, ou seja, a mais-valia tornou-se insuportavelmente pequena, basta deslocar o capital (o investimento) para outro ramo/setor com taxa de lucro boa (obviamente há uma relação entre taxa de lucro e taxa de mais-valia, mas vale sempre lembrar que não é a mesma coisa!).

14 – Por sinal, fico pensando... De fato, parece-me que Marx não disse que o capitalismo poderia ter morte natural. Talvez nem chegasse perto de dizer isso. Entretanto, vejo que isso não é impossível, mas tão somente bastante improvável. Improvável porque o capitalismo tem fortes mecanismos de auto-regulação ou sei lá como dizer. Não é impossível porque não creio que o capitalista é um ser tão perfeitamente racional como às vezes alguém pode interpretar/extrair da obra de Marx (mesmo que ele não tenha dito isso, o que eu não sei).

15 – Callinicos diz de Marx: “O equilíbrio é alcançado quando os preços de diferentes bens se situem em níveis que possibilitem a cada capital a mesma taxa de lucro.” Tenho que ler os Livros II e III pra saber se o barbudo diz isso mesmo (não que eu ache necessariamente errado, tem que ver a interpretação disso aí). Uma coisa que não pode ser esquecida aí é que uma boa massa de mais-valia (num setor concentrado ou centralizado) compensa uma taxa baixa desta. Isso influencia no equilíbrio. Portanto, o equilíbrio pode se dar com taxas de mais valia díspares. Outra coisa que influencia no equilíbrio (ou melhor, falta dele) é o “quase fato” de que a razão humana não é perfeita e soberana...

16 – Marx no Capital III: “A soma dos preços de produção de todas as mercadorias produzidas na sociedade (...) é igual à soma dos seus valores".

17 – “Problema da transformação”. Callinicos mostra que Marx sabia dele (que deveria transformar o valor das matérias-primas em preço e tal, estando também sujeitas às variações causadas pela taxa geral de lucro). Entretanto, o pensador alemão imaginou que isso (a necessidade de uma maior explicação disso) não resultava em quaisquer maiores conseqüências. Também imaginei que não, devido ao tal “teorema das duas igualdades (texto anterior)”, mas só estudando isso tudo, pois Callinicos se limitou a citar um engano de Marx (segundo ele não compromete...). Não em que medida ele (Marx) está enganado. Não vi “o que muda”. Mas enfim... Ainda não li o “II e III” também.

18 – “Alguns economistas, incluindo inúmeros marxistas, ainda insistem que o "problema da transformação" prova que a teoria do valor-trabalho deve ser rejeitada. Seus principais argumentos para isso é que existem técnicas para determinar os preços das mercadorias que não implicam em tomar seus valores como ponto de partida. Isso é perfeitamente verdadeiro, mas é equivocado no tocante à teoria do valor-trabalho. O principal propósito da teoria não é nos fornecer uma fórmula para determinar a razão na qual as mercadorias serão trocadas umas por outras (embora ela possa determinar, uma vez que corrijamos a versão de Marx da transformação). A intenção de Marx é "revelar a lei do movimento da moderna sociedade" - desvelar as tendências do desenvolvimento histórico contidas no modo de produção capitalista. A teoria do valor trabalho é um instrumento voltado para esse fim.” Afinal, do que ele fala? Qual o erro de Marx? Achei o texto de Gorender melhor, embora também não explique tanto...

19 – Marx, em “O Capital”, ascende do abstrato ao concreto.

 

Parte 4 – Acumulação e Crises:

20 – “Não há qualquer garantia de que o que foi produzido será consumido. Se isso acontece ou não depende da existência de uma efetiva demanda para a mercadoria. Em outras palavras, não só deve ter alguém que queira comprá-la, mas esse alguém deve possuir dinheiro para comprá-la. Freqüentemente essa demanda não existe. O resultado é uma crise econômica”.

21 – Um fator de crise é certo “entesouramento”, digamos. Diminui o ritmo/a velocidade das transações comerciais, gera excesso de oferta... Pelo que entendi. Alguém pode querer vender no momento em que o outro alguém não quer comprar (no momento ao menos, só depois...),

22 – Callinicos passa a explicar a tendência para o declínio da taxa de lucro (explicada também no livro de Mandel que eu fichei). Cita como grande fonte de Crise no capitalismo. É uma tendência extremamente controlada e retardada, conforme explicou Gorender.

23 – “(...) Está criada o que Marx chama de "superpopulação relativa". Não é, como Malthus e seus seguidores postulavam, que existem mais pessoas do que alimentos para mantê-los vivos. Ao invés disso, existem mais pessoas do que o capitalismo necessita, e então esse excedente é privado dos salários de que os trabalhadores dependem para a sua existência”. De certa forma, é isso mesmo. Tem uma parte (cada vez maior?) que nem os ciclos absorvem quando a coisa toda tá no período quente.

24 – Muito acertadamente, Callinicos afirma que Marx aceita a possibilidade de elevação dos salários (ou ao menos aumento do poder de compra), abocanhando um pouquinho do aumento da produtividade, por exemplo, aproveitando-se que o capitalista tá “ganhando” também com “essa coisa toda”. Cita como prova a “Crítica do Programa de Gotha”.

25 – Segundo Callinicos: Muitos críticos de Marx (muitos deles marxistas) têm argumentado que o fato da crescente produtividade do trabalho baratear os elementos do capital constante significa que a composição orgânica não aumenta e, por isso a taxa de lucro não cai. Discordo (embora não tenha gostado nada – ou não entendi – da discordância apresentada por Callinicos. A coisa dele, no máximo, minora a coisa, ou seja, retarda o barateamento do capital constante). Parece-me tão somente uma contratendência não suficientemente forte.

26 – Interessante (não sei se é isso mesmo, mas vale estudar): “A destruição de capital é, algumas vezes, literal - máquinas enferrujam, estoques de bens apodrecem ou são destruídos. Mas os preços em queda também destroem uma grande parte do valor dos meios de produção. "A destruição de capital através das crises significa a depreciação de valores, a qual impede-os de renovar seu processo de reprodução como capital na mesma escala". (TMV) É desse modo, através das crises econômicas que o valor do capital constante é equiparado, não com o tempo de trabalho originalmente gasto para produzi-lo, mas com o que agora custaria para reproduzi-lo. Dessa maneira, a composição orgânica de capital é reduzida, e a taxa de lucro se recupera”.

27 - Marx escreve que as "crises são sempre preparadas por (...) um período no qual os salários sobem em geral e a classe trabalhadora consegue uma porção maior daquela parte do produto anual que está destinado para o consumo"

28 – Crise: sistema capitalista se reorganiza e reformula a fim de restaurar a taxa de lucro que incentive investimentos. Ademais, “As empresas mais débeis e menos eficientes e aquelas com um maquinário muito ultrapassado serão levadas à falência. Os capitais mais fortes e mais eficientes sobreviverão, e emergirão da recessão mais fortes. Eles são capazes de comprar terras e instrumentos de produção a melhores preços, e a forçar modificações trabalhistas no processo de trabalho que aumentarão a taxa de mais-valia”. Centralização e concentração.

 

Parte 5 e última – Conclusão:

29 – Seguem elogios de Marx ao papel do capitalismo... Tipo Goku antes de matar Majin Boo (é verdade... Que comparação mais tosca...).

30 – Marx diz em Teorias da Mais-Valia: “Crises permanentes não existem!”

 

FIM

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