Alex Callinicos - Marxismo e Imperialismo Hoje

 

Anotações Sobre “Marxismo e Imperialismo Hoje”, de Alex Callinicos.

 

 

Parte 1 – Introdução:

1 – Callinicos comenta que muitos querem enterrar o imperialismo devido aos efeitos da globalização que tornariam, a guerra, uma das grandes manifestações desse fenômeno, algo obsoleto. O autor duvida de que não possa haver guerra entre potências no futuro e traz escritos de 1910 e 1914 que duvidavam de tal coisa (por ser uma irracionalidade incompatível com a fase “evoluída” do capitalismo)

2 – Segundo Kautsky, processos econômicos empurrariam os capitalistas para a unidade global. Seria uma espécie de “cartel político” das grandes potências capitalistas, assim como ocorre nos oligopólios e tal.

3 – O autor, que escreve no inicio da década de noventa pelo jeito, pergunta se o massacre no Golfo (Iraque) e intervenção na Somália são últimos resquícios do imperialismo caduco ou se não, fazem parte do sistema mesmo e pronto.

               

Parte 2 – A Teoria Marxista do Imperialismo:

4 – Imperialismo como dominação de pequenos países por outros mais fortes.

5 – Lênin coloca como a etapa superior do capitalismo com certas características (Callinicos diz que há falhas) especiais: "1) a concentração da produção e do capital levada a um grau tão elevado de desenvolvimento que criou os monopólios, os quais desempenham um papel decisivo na vida econômica; 2) a fusão do capital bancário com o capital industrial e a criação, baseada nesse "capital financeiro", da oligarquia financeira; 3) a exportação de capitais, diferentemente da exportação de mercadorias, adquire uma importância particularmente grande; 4) a formação de associações internacionais de capitalistas monopolistas, que partilham o mundo entre si, e 5) o término da partilha territorial do mundo entre as potências capitalistas mais importantes”.

6 – Lênin partiu de “Capital Financeiro” de Hilferding e “Imperialismo” de J. A. Hobson (liberal radical). O próprio russo colocou que sua definição era relativa e que o importante era ressaltar que a concorrência levava ao monopólio (como Marx já dizia, creio) que, por sua vez, criava condições (cooperação social maior, creio) para a superação do capitalismo (como Marx já dizia, creio).

7 – Bukharin: “O estágio final desse processo de "organização" é a crescente integração do capital privado com o Estado-nação - em outras palavras, a emergência do capitalismo de Estado. Em segundo lugar, contudo, essa organização nacional do capitalismo ocorre no contexto da crescente internacionalização das forças produtivas.” Ao que parece, Callinicos acha meio contraditório isso. A mim, não parece tanto. Ainda segundo Bakhurin, tal quadro leva à guerra entre nações.

 

Parte 3 – O Imperialismo Clássico (1875 a 1945):

8 – No Século XIX, mesmo as monarquias foram levadas a se industrializar (pra fazer guerra). Os avanços tecnológicos dos equipamentos de guerra demandavam uma indústria moderna. Callinicos coloca como um dos fatores da industrialização européia (agora não eram apenas ingleses).

9 – Foi um período de grande expansão colonial e crescimento exponencial de investimentos externos (2 para 44 bilhões de libras). Quadruplicou-se a “população colonizada”.

10 – A “exportação de capitais” da Grã-Bretanha era, sobretudo, para os países habitados por descendentes de ingleses (EUA, Canadá, Austrália etc.). Porém, a Índia ajudava a suprir esse déficit mediante impostos pagos à metrópole e etc.

11 – A Grande Depressão e a Primeira Grande Guerra comprovam a importância das colônias para o menos impacto de crises nas economias das metrópoles.

12 – EUA e Alemanha tinham que recorrer à associação capital industrial/bancos e conseguir recurso no método de sociedade anônima por ações e tal... Inglaterra, com seu monopólio manufatureiro, não precisava de nada disso para acumular capital. Porém, a longo prazo, Alemanha e EUA se deram bem. Callinicos coloca que desde 1960 e pouco, os EUA (e, de certa forma, a Alemanha) tornaram-se protecionistas para evitar a concorrência industrial inglesa. Só em 1930 a Inglaterra abandonou o dogma do livre-comércio.

13 – Parece implícito no pensamento de Callinicos que “a fase superior do capitalismo” exige o apoio do Estado para a formação dessas grandes empresas, tornando o capitalismo mais produtivo.

14 – O comércio de bens manufaturados (porcentagem em relação à produção) só voltou a ultrapassar o recorde de 1913 em meados da década de 70. Antes, os Estados tornaram-se protecionistas e cresceram como nunca.

 

Parte 4 – O Imperialismo das Superpotências (1945 a 1990):

15 – Alex Callinicos coloca que entre 1948 e 1973 houve o maior boom do capitalismo, sendo a baixa tendencial da taxa de lucro contrabalanceada pela corrida armamentista.

16 – Depois ele diz: “Os altos níveis de gastos em armamentos, os quais foram uma condição da hegemonia político-militar norte-americana, desviaram capital dos investimentos produtivos”. Achei meio contraditório com a anterior. Não entendo muito esse cara...

17 – Cita-se um trecho no qual o “capitalismo de Estado” reduziu a dependência dos países industriais de matérias-primas dos países pobres, tal coisa foi impulsionada pela perda das colônias. Ou seja, acabou sendo bom, não é? É uma coisa que pensa às vezes, mas não sei se concordo.

18 – Eu não estou entendendo esse texto de Callinicos e nem como ele chegou a esta conclusão aqui: “A norma no Terceiro Mundo não foi a exploração intensiva pelas multinacionais ocidentais, mas a efetiva exclusão da maioria dos países pobres do comércio mundial e dos investimentos. Os trabalhadores e camponeses da África, Ásia e América Latina viviam em situação de miséria, não tanto porque os frutos de sua exploração eram fonte principal dos lucros imperialistas, mas mais pelo fato de que o seu trabalho era irrelevante para os principais centros de capital na América do Norte, Europa Ocidental e Japão – a menos que eles seguissem esse capital às suas bases de origem”.

19 – Callinicos diz que Brasil e Coréia do Sul (não entendi a junção) se utilizaram do intervencionismo para entrar no mercado...

20 – Termina explicando a quebra dos países “socialistas” e do keynesianismo a partir da internacionalização do capital. Entretanto, achei meio mal explicado. Aliás, não estou gostando muito desse texto, fala mil coisas e explica muito pouco ou insuficientemente. Meio sem ligações. Algumas coisas eu acho contraditórias e/ou erradas. Também pode estar me faltado alguma leitura preliminar para ele.

 

Parte 5 – O Imperialismo Após a Guerra Fria:

21 – Guerras dos EUA pré-Guerra Fria (além do financiamento de guerrilhas de direita em países de Terceiro Mundo hostis): Líbano 82/83, Granada 83, Líbia 86, Golfo 87/88, Panamá 98/90... Aí são as intervenções diretas.

22 – Continuo achando o texto muito “fala tudo, justifica pouco”. Vai ver é um capítulo que comprova alguma explicação prévia (outro texto). Também não compreendi a importância do tal sub-imperialismo.

 

Parte 6 – Perspectivas do Imperialismo:

23 – Faz umas previsões (possíveis conflitos).

 

Parte 7 e Última – Conclusão:

24 – Lênin criticou Kautsky, pois este acreditava que o capitalismo podia passar a viver sem guerras imperialistas. Pra mim tudo é possível.

25 – “Portanto, o objetivo principal dos revolucionários é, nas palavras de Lênin, "utilizar" a crise gerada pelo confronto entre os imperialistas e seus oponentes nacionalistas para "ajudar a verdadeira força antiimperialista - o proletariado socialista - a entrar em cena".

26 – Não há imperialismo “progressista”. Iraque X EUA foi mais imperialismo X anti-imperialismo que fascismo X imperialismo. Era melhor o Iraque mesmo. Visão de Callinicos.

27 – Eu já disse que não gostei do texto? Ou ao menos não era o que eu esperava.

 

 

FIM

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