Apresentação ao Capital, de Jacob Gorender
Anotações Sobre Partes dos Textos: “Apresentação ao Capital”, de Jacob Gorender.
Fichamento de 2009/10.
Parte 1 – Do liberalismo burguês ao comunismo:
1 – Segundo Jacob Gorender, a tese de doutoramento de Marx tratou dos filósofos gregos materialistas: Epícuro e Demócrito.
2 – O humanismo naturista de Feuerbach contribuiu para que Marx rompesse com Hegel, inclinando-se para o materialismo, contrapondo-se ao idealismo. Feuerbach apresenta a alienação como empobrecimento (para Hegel, era o contrário).
3 – “Assim, foi a atividade política, no exercício do jornalismo, que o impeliu ao estudo em duas direções marcantes: as da Economia Política e das teorias socialistas”. Engels já era mais experiente que Marx nisso tudo.
4 – Engels considerava a Economia Política Clássica por demais ideológica e, por isso, não-científica. Ademais, negava a teoria do valor-trabalho. Os escritos dele sem dúvidas influenciaram e despertaram curiosidade de Marx para a pesquisa da Economia Política.
5 – “Os Anais Franco-Alemães (assim intitulados com o objetivo de burlar a censura prussiana) estamparam dois ensaios de Marx: a Introdução à Crítica à Filosofia do Direito de Hegel e A Questão Judaica. (...) o procedimento analítico e a formulação literária dessas idéias mostravam que o autor ainda não adquirira ferramentas discursivas e linguagem expositiva próprias, tomando-as de Hegel e de Feuerbach. Do primeiro, os giros dialéticos e a concepção teleológica da história humana. Do segundo, o humanismo naturista”.
6 – Nos Manuscritos Econômico-Filosóficos, Marx seguiu a linha de Engels (economia) e rejeitou a teoria do valor-trabalho.
7 – Marx traz um novo conceito de alienação (mesmo em relação a Feuerbach). Alienação vista enquanto processo da vida econômica.
8 – Depois, alienação deixou de ser a palavra-chave para explicar o domínio do burguês. Entrou a expropriação.
Parte 2 – Materialismo histórico, socialismo científico e Economia Política:
9 – Na época de Marx, Proudhon, Blanqui e Lassalle eram os teóricos influentes da corrente socialista.
10 – Engels era o “consultor crítico e exigente” de Marx. Uma espécie de “opinião do público” para sua obra.
11 – Em “A Sagrada Família”, Marx e Engels colocam a necessidade de uma consciência crítica que não viria das massas cultas, mas seria a do proletariado. Era uma crítica à esquerda hegeliana. Havia elogios, na obra, a Proudhon.
12 – A Ideologia Alemã “passou a limpo” idéias de Marx e Engels e significou a grande virada. Critica Hegel, Feuerbach etc. Há a formulação do materialismo histórico.
13 – “A ideologia é, assim, uma consciência equivocada, falsa, da realidade. Desde logo, porque os ideólogos acreditam que as idéias modelam a vida material, concreta, dos homens, quando se dá o contrário: de maneira mistificada, fantasmagórica, enviesada, as ideologias expressam situações e interesses radicados nas relações materiais, de caráter econômico, que os homens, agrupados em classes sociais, estabelecem entre si. Não são, portanto, a idéia Absoluta, o Espírito, a Consciência Crítica, os conceitos de Liberdade e Justiça, que movem e transformam as sociedades.”
14 – Assim, o socialismo só seria efetivo se construído pelas massas. Não servia um modelo pronto e acabado (utópico) entregue as massas.
15 – Marx, em contato com os ricardianos de esquerda, revisou sua posição sobre a teoria do valor-trabalho passando a “ver o socialismo” na exploração do trabalhador.
16 – “Em 1846, Proudhon publicou o livro Sistema das Contradições Econômicas ou Filosofia da Miséria, no qual atacou a luta dos operários por objetivos políticos e reivindicações salariais, colocando em seu lugar o projeto do intercâmbio harmônico entre pequenos produtores e da instituição de “bancos do povo”, que fariam empréstimos sem juros aos trabalhadores. Tudo isso apoiado na explicação da evolução histórica inspirada num hegelianismo mal-assimilado e retardatário.”
17 – Segundo Gorender, Marx, em “Miséria da Filosofia”, explica até melhor a questão do materialismo histórico (comparando com Ideologia Alemã).
18 – Engels pegou em armas “e as porra”. Não sabia dessa. A repressão tava feia na Alemanha. Tudo isso mais ou menos em 1848/50.
19 – Segundo Gorender, 18 de Brumário e Luta de Classes na França, duas obras de Marx datados do ano de 1852, desmentem a lenda de “economicismo” marxista.
Parte 3 – Os Tormentos da Criação:
20 – Marx relacionou o refluxo das lutas democráticas e operárias pós-1848 ao surgimento da nova fase de prosperidade que se seguiu à crise econômica, sendo necessário esperar nova crise.
21 – Interessante uma das idéias dos Grundrisse: “Uma dessas idéias é a de que o desenvolvimento das forças produtivas pelo modo de produção capitalista chegaria a um ponto em que a contribuição do trabalho vivo se tornaria insignificante em comparação com a dos meios de produção, de tal maneira que perderia qualquer propósito aplicar a lei do valor como critério de produtividade do trabalho e de distribuição do produto social. Ora, sem lei do valor, carece de sentido a própria valorização do capital. Assim, o capitalismo deverá extinguir-se não pelo acúmulo de deficiências produtivas, porém, ao contrário, em virtude da pletora de sua capacidade criadora de riqueza.”
22 – Parte legal dos Grundrisse: “Formas que precedem a produção capitalista”. Até para quebrar a idéia de capitalismo como “sistema natural” ou algo do tipo. O capitalismo só pode surgir mediante expropriação de pessoas.
23 – Há perigos nos Grundrisse. Exemplos: escravismo americano (abordagem posteriormente superada) e a questão do dinheiro (ainda muito ricardiana nesse escritos).
24 – Há de se ler os três livros do O Capital...
25 – A fusão dos adeptos da social-democracia de orientação marxista com os seguidores de Lassalle num partido operário único ensejou a Marx, em 1875, a redação de notas, de fundamental significação para a teoria do comunismo, reunidas no pequeno volume intitulado Crítica do Programa de Gotha.
26 – Segundo Gorender, Engels foi fiel à Marx ao completar o Segundo e Terceiro Livros e, quando preencheu, deixou claro que era ele. Inclusive escreveu todo o capítulo quarto do Livro Terceiro, rotação do capital... Algo assim.
Parte 4 – Unificação Interdisciplinar das Ciências Humanas:
27 – Segundo Gorender, a obra apresenta marcante interdisciplinaridade e: “O que, convém enfatizar, não representa incoerência, mas, ao contrário, perfeita coerência com a concepção do materialismo histórico enquanto teoria sociológica geral: a concepção segundo a qual a instância econômica, sendo a base da vida social dos homens, não existe senão permeada por todos os aspectos dessa vida social, os quais, por sua vez, sob modalidades diferenciadas, são instâncias da superestrutura possuidoras de desenvolvimento autônomo relativo e influência retroativa sobre a estrutura econômica”.
28 – O trabalho aparece como fundamento antropológico das relações socioeconômicas em gerais.
29 – Marx desenvolveu a metodologia do materialismo dialético, marcando época entre os pensadores que pensaram o pensamento (Aristóteles, Descartes, Bacon, Locke, Leibniz, Kant e Hegel).
Parte 5 – Modelo e Estrutura de “O Capital”:
30 – Segundo Lênin, não poderia compreender “O Capital” quem não fizesse o prévio estudo da Lógica hegeliana.
31 – Godelier afirma que Mao-Tsé-Tung e Lênin confundiram um pouco a questão da “unidade dos contrários” (que não é a identidade dos mesmos).
32 – Marx distinguiu investigação e exposição. Para ele, as partes devem formar um todo orgãnico. Antes, investiga-se detalhadamente a matéria e, somente depois, parte-se para a exposição
33 – De qualquer forma, afirma Gorender: “Em primeiro lugar, se o lógico é o fio orientador da exposição, o histórico não pode ser dispensado na condição de contraprova. Daí a passagem freqüente de níveis elevados de abstrações a concretizações fatuais (...).”
34 – Marx intentou desenvolver as leis de nascimento, desenvolvimento e morte do modo de produção capitalista.
Parte 6 – Mercadoria e Valor:
35 – Importante: Gorender afirma que Marx, ao contrário de Engels, vê trocas imediatas/diretas desiguais (não baseadas na teoria do valor de troca e tal) no comércio pré-capitalista. Tudo baseado mais no valor-de-uso. Eu acho que também (a)notei isso.
36 – Gorender diz, antes do 35, que Smith e Ricardo não explicavam satisfatoriamente o lucro. Não o vinculavam à exploração de mais-valia.
37 – As sociedades pré-capitalistas, tal qual apresentadas no livro, seriam, de certa forma, um recurso de abstração (não sem um pé numa realidade, ainda que rudimentar). Porém, não seriam um “tipo ideal” weberiano... Seja lá o que for isso exatamente....
38 – Marx no texto “Tratado de Wagner” contesta parte importante das críticas que surgiriam quando estava morto (de Bohm-Bawerk). Não se negligenciou o valor de uso. Afirma que não pode ter valor o que não tem valor de uso.
Parte 7 – A lei do valor como reguladora da produção:
39 – Não entendi muita coisa dessa parte. Ficou clara apenas a conclusão de que a lei do valor não é uma lei de equilíbrio do modo de produção capitalista. Não há equilíbrio.
Parte 8 – Capital, Fetichismo e Acumulação Originária:
40 – Capital comercial e usurário de fato já existiam desde a antiguidade, mas não dominam os meios de produção (como o industrial faria posteriormente). Restrito à circulação. Havia a figura do escravo, não do trabalhador assalariado.
41 – Capital não é coisa (e sim relação social mediada por coisa).
42 – A alienação é secundária perto da mais-valia.
43 – “A tese segundo a qual o capital contém dois componentes distintos — o constante e o variável — constitui uma das proposições fundamentais da Economia Política marxista. Insuspeito como crítico e adversário, Schumpeter reconheceu a superioridade desta proposição em face da de Ricardo”.
44 – “Por conseqüência, uma parte das atividades abrangidas pela rubrica do comércio tem natureza de trabalho produtivo. São somente improdutivas aquelas atividades comerciais que derivam das características mercantis das relações de produção capitalistas, dizendo respeito aos gastos com as operações de compra e venda e com as suas implicações especulativas”. Transporte e conservação de mercadorias são, assim, algo produtivo.
45 – Parágrafo interessantíssimo: “Por fim, Marx referiu-se ao que denominou de faux frais: falsos gastos inseridos no processo de produção, embora sem lhe dar contribuição do ponto de vista técnico e produtivo. Um desses falsos gastos é o do trabalho de vigilância ou controle da força de trabalho, que impõe um acréscimo de custos sem significação técnica para a produção propriamente dita, decorrendo tão-somente do caráter antagônico das relações de produção. Se, nesta questão, Marx estava certo do ponto de vista de suas premissas, tanto mais quanto os serviços de controle dos trabalhadores se sofisticaram nas grandes empresas modernas (com a expansão dos “serviços sociais” e congêneres), o mesmo não se podia dizer da imputação de faux frais à contabilidade. Afinal, a produção industrial moderna, sejam os países capitalistas ou socialistas, é tecnicamente impraticável sem contabilidade. Como, por igual, no capitalismo avançado dos dias atuais seria errôneo deixar de qualificar a pesquisa científica e o desenvolvimento de projetos como trabalho produtivo, ao passo que o marketing e a propaganda entram, sem dúvida, no âmbito do trabalho improdutivo, pois sua utilização não é suscitada senão pela natureza mercantil e concorrencial do modo de produção capitalista.”
Parte 9 – Mais-Valia e Acumulação de Capital:
46 – DEVO DIZER QUE DEIXO DE ANOTAR COISAS IMPORTANTES JÁ ANOTADAS NAS ANOTAÇÕES DE “O CAPITAL”. ISSO ERA PRA SER UMA OBSERVAÇÃO PRELIMINAR...
47 - Schumpeter não considera o lucro ordinário como lucro, porém como remuneração do trabalho de administração, sendo o lucro verdadeiro equivalente apenas ao superlucro marxiano.
48 – Importantíssimo. Segundo Jacob Gorender:
“Diferente veio a ser, não obstante, a perspectiva dos anos sessenta. Marx passou a enfatizar o fator luta de classes e demonstrou, do ponto de vista teórico e com apoio em dados estatísticos, que a classe operária podia conquistar aumentos efetivos dos salários reais e, na verdade, os havia conquistado na Inglaterra (Ver Salário, Preço e Lucro).”
Parte 10 – Valor e Preço – O Problema da Transformação:
49 – Smith e Ricardo traduziram o valor-trabalho em preço sem qualquer mediação. Gorender diz.
50 – O valor tem a ver com a mais-valia. O preço tem a ver com o lucro médio (que tem a ver com a concorrência).
51 – Acho que é o que eu imaginei: “Marx demonstrou, no Livro Terceiro, como é possível a transformação do valor em preço de produção com a simultânea satisfação de duas equações: a da igualdade entre o total dos valores e o total dos preços de produção; e a da igualdade entre o total da mais-valia e o total dos lucros. Trata-se do que chamaremos doravante de teorema das duas igualdades.
52 – Ao contrário do que diz Bohm-Bawerk, Marx não desprezou a lei da oferta e da demanda. A oferta grande (e demanda baixa) fará com que a indústria mais produtiva do ramo, em vez de auferir o “superlucro” (pra quem lembra dessa categoria), conseguirá tão somente o lucro normal. São as flutuações entre setores. Por sinal (talvez seja até a mesma coisa), creio que isso mostra também que Marx não subestima a utilidade dos produtos, já que estes podem provocar isso, daí eu não enxergar tanta dicotomia assim entre os dois modelos. Lei da oferta e da procura influencia, portanto, nos preços (e não no valor). Para mim, a teoria de Marx tem uma lógica interna difícil de ser quebrada caso a pessoa entenda os conceitos.
53 – “A oferta depende da aproximação dos preços de mercado com relação ao preço de produção. Em última instância, portanto, dado certo preço de custo, depende de que o capitalista obtenha a taxa média de lucro. Em caso contrário, reduzirá sua oferta ou transferirá seu capital para outro ramo. Mas a taxa média de lucro é determinada por fatores como a taxa de exploração da força de trabalho e a composição orgânica do capital, que nada têm a ver com inclinações subjetivas”.
54 – No mais, as preferências individuais estão limitadas pela renda. Do que adianta ter um trabalhador as mesmas preferências individuais do seu patrão se este não tiver dinheiro para comprar? De outro lado, o patrão pode ter tanta grana que compra até bosta assada por cem milhões.
55 – Schumpeter afirmou que o valor-trabalho só se aplicaria num sistema de concorrência perfeita.
56 – Interessante Polêmica Sobre o Valor-Trabalho: “Semelhante imputação positivista ao conceito, que o coloca no reino da metafísica, repete-se em Robinson. Haveria um conflito entre o misticismo do Livro Primeiro e o senso comum do Livro Terceiro. Por felicidade, segundo a autora, o marxismo se salva para a ciência econômica, uma vez que nenhum ponto substancial da argumentação de Marx dependeria da teoria do valor-trabalho. Para Morishima e Catephores, por último, o valor não passaria de um tipo ideal, instrumento heurístico adequado à clarificação do funcionamento da economia capitalista.
57 – Difícil entender as críticas/teorias trazidas por Gorender sobre transformação do valor de preço, até pelo motivo de que não ficou claro o “problema” do teorema de Marx (que, por sinal, ele parece negar). Sraffa e tal. Não está explicada a polêmica. Acho que só lendo mesmo.
58 – Parece-me que alguns (talvez Popper) querem tirar a “cientificidade” de Marx baseando-se na idéia de que sua teoria não tem como ser comprovada na prática por não estudar profundamente a transformação de valores (que “não existem” no mundo real) em preços (algo concreto mesmo). Teria que explicar melhor isso para ganhar “cientificidade”. Por isso que Morishima e outros empenharam (ou tentam) uma leitura matemática de “O Capital” (e do teorema das duas igualdades que há nele). Marx parecia não considerar isso tão necessário. Não dá tanta importância ao “problema da transformação”.
59 – O único marxista mesmo que desenvolveu a teoria dos preços foi Rubin (em oposição a Marshall). Mas Gorender lamenta, afinal, Rubin mostrou que mais poderiam ter feito.
Parte 11 – Tendências do Desenvolvimento do Modo de Produção Capitalista:
60 – “Todos representam grandes etapas do desenvolvimento histórico, cujo princípio explicativo reside na correspondência entre as relações de produção e o caráter das forças produtivas. A cessação de tal correspondência torna os homens conscientes, cedo ou tarde, da necessidade de substituir o modo de produção decadente por um novo modo de produção”,
Parte 12 – O Capital Social Total e as Contradições de Sua Reprodução:
61 – “Da argumentação marxiana decorre tão-somente que a efetivação da reprodução do capital social total não se dá em estado de equilíbrio”.
62 – Há uma polêmica entre marxistas acerca da “harmonicidade” ou não dos modelos de reprodução social marxianos. Lênin, ao que parece, acha que não tem isso. Rosa, Hilferding etc. crêem que existe e, por isso, não há derrocada inevitável do capitalismo. Ainda não percebi bem essa polêmica. Como a reprodução social desequilibrada implicaria numa derrocada inevitável? Não vi isso no “O Capital”. Por enquanto, fico com Hilferding. Só lendo...
Parte 13 – Os ciclos econômicos:
63 – Estudo disperso e fragmentado do tema, mas meio que pioneiro, segundo reconheceu Schumpeter.
64 – Cita Motivos que creio estarem nos Livros II e III (a maioria), portanto, não anoto aqui, pois ainda vou lê-los. Reler esta Parte 13 algum dia. É um resumo interessante. Fala até da crise atual
65 – A insuficiência da demanda não é causa, mas conseqüência da superprodução.
66 – Em Marx, “as crises cíclicas cumprem a função precípua de recuperação passageira do equilíbrio do sistema capitalista, justamente por haver sua tendência ao desequilíbrio atingido um grau paroxístico”. Ocorre que há depreciação da mercadoria; destruição de estoques.. e coisas do tipo. Desvalorização do capital constante, desemprego...
67 – Tema um pouco extra-Marx e só apresentado mesmo.
Parte 14 – A Lei da Queda Tendencial da Taxa de Lucro:
68 – “A queda da taxa de lucro já fora constatada por Smith”
69 – Teoria da renda da terra de Marx eliminou a teoria de Ricardo que atrelava a terra a rendimentos decrescentes, gerando a queda tendencial da taxa de lucro.
70 – Gorender cita a teoria de Marx para a queda tendencial, que, de certa forma, já esta nas anotações sobre O Capital que fiz. A novidade são os atenuantes (devem estar nos livros II e III)
71 – Ótimo parágrafo sobre atenuantes: “Marx aduziu outros fatores que, sem serem consubstanciais à atuação da lei, também contribuíam para atenuar ou deter temporariamente a queda da taxa de lucro. Um deles é o comércio exterior, que permite obter bens de produção e/ou bens-salário mais baratos, coincidindo, portanto, com os efeitos apontados acima. O outro fator é a exportação de capitais aos países atrasados, onde a taxa de lucro costuma ser mais elevada, motivo por que os lucros dos investimentos no exterior impelem para cima a taxa de lucro no país exportador de capitais”. Veja a ligação clara disso com o imperialismo.
72 – Devido a taxa, parte da corrente marxista interpretou como “derrocada inevitável do capitalismo”. Morreria de morte morrida mesmo. “Henryk Grossmann expôs um modelo matemático segundo o qual, após 35 ciclos, a taxa de lucro chegaria ao ponto em que a acumulação se tornaria insustentável, impedindo o prolongamento da existência do capitalismo.” Só consigo ver isso na longínqua sociedade de robôs (e olhe lá). Aí lutaremos para evitar a dominação das máquinas já que seremos todos burgueses (talvez)...
73 – Gorender acertadamente coloca: “Na concepção marxiana, o surgimento do socialismo exige a ação política revolucionária dos operários, cujo êxito, isto sim, será sempre condicionado pelo desenvolvimento dos fatores econômicos e pelo aguçamento das contradições do sistema capitalista, em todas as instâncias da vida social”.
74 – “É por demais conhecido o fato de que as taxas de lucro, em países como Inglaterra, França, Alemanha e outros, foram consideravelmente mais altas na etapa inicial do capitalismo do que na sua etapa de “maturidade”. Ainda hoje, é possível observar que as taxas de lucro são mais altas nos países atrasados do que nos países avançados, o que, precisamente, atrai a exportação de capitais dos últimos aos primeiros. Ora, não é difícil verificar que, nos países atrasados, a composição orgânica do capital é mais baixa do que nos países avançados”.
Parte 15 – Concorrência e Monopólio:
75 – Em Marx, concorrência é essencial para a compreensão das leis do capitalismo.
76 – A concepção de Marx não tem nada a ver com a concorrência pura ou perfeita do pessoal neoclássico, diz Gorender.
77 – “Numa época em que os fundadores do marginalismo trabalhavam com a idéia da manutenção inalterável da concorrência pura, Marx previu, com inteira clareza, a tendência da transição inevitável da concorrência ao monopólio”.
78 – O processo de centralização (concentração é diferente, é o de superlucros) ganha impulso com as sociedades anônimas, favorecendo a centralização do disperso capital social.
FIM DA PARADINHA
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