Econ - Textos Variados LXXXI


Steven Horwitz - Carta aberta aos meus amigos de esquerda (Crise Financeira):

326 - Em primeiro lugar, Fannie Mae e Freddie Mac foram empreendimentos “patrocinados pelo governo”. Embora fossem, tecnicamente, propriedade privada, possuíam privilégios especiais, garantidos pelo governo, eram supervisionados pelo Congresso e, o que é mais importante, sempre trabalharam com a promessa de que receberiam ajuda financeira caso tivessem problemas. (...) No começo dos anos 1990, o Congresso afrouxou as exigências para empréstimos de Fannie e Freddie (para um quarto do capital exigido pelos bancos comerciais comuns) a fim de aumentar a sua capacidade de conceder empréstimos em áreas pobres. (Então, esse “livre-mercado” nem existe, amigão. Governo sempre tá aí pra salvar as TBTF. Pare de endeusar o “livre-mercado”, que não existe, pelas benesses do mundo todo então. Se a concorrência é irreal). (Ademais, o impacto dessas é superestimado na crise. Outros textos explicam).

327 - Afirma que ambas faziam doações de campanha aos congressistas.

328 - O que complicou ainda mais as coisas foi a revisão, realizada em 1994, da Lei de Reinvestimento Comunidário (CRA), de 1971. A CRA exige que bancos concedam uma determinada porcentagem de seus empréstimos às comunidades locais, principalmente aquelas menos favorecidas economicamente.

329 - Ao mesmo tempo, os preços dos imóveis subiam, fazendo com que aqueles que tinham conseguido empréstimos altos com pagamentos suaves sentissem que poderiam pagá-los, e inspirando uma grande variedade de “instrumentos de financiamento”.

330 - Lugares mais regulamentados tiveram um boom maior nos preços (restringe a oferta total): Essas regulamentações evitaram que alguns tipos de espaço fossem utilizados para a construção de moradias, empurrando a crescente demanda por habitação (turbinadas pelas considerações acima) para uma oferta de terras que respondia lentamente aos estímulos. O resultado foi um rápido aumento nos preços. Naquelas áreas com regulamentações menos exigentes em relação ao uso da terra, o efeito da explosão no preço dos imóveis foi muito menor.

331 - Cita o incentivo da farra de crédito barato do FED.

332 - De 2004 a 2006, a porcentagem de empréstimos das categorias de maior risco cresceu de 8% para 20% de todos os empréstimos concedidos nos Estados Unidos. (...) Sim, os bancos foram gananciosos na busca de novos clientes e da concessão de empréstimos mais arriscados, mas eles estavam respondendo a incentivos criados pelas bem intencionadas, mas equivocadas, intervenções governamentais.

333 - Fannie e Freddie ganharam bilhões enquanto o preço das casas subia e seus CEOs recebiam generosos salários. E congressistas ganhavam simpatia da população de baixa renda que conseguia casas, afirma.

334 - Prega contra o salvamento do sistema em dificuldade, devido ao risco moral.

 

Stiglitz - Globalização Produz Países Ricos com Pessoas Pobres:

335 - A competição dos salários se dá agora em escala global o que impede a subida real deles. Apenas alguns especializados se salvam.

336 - Nos primeiros 10 anos do Acordo de Livre Comércio da América do Norte, por exemplo, a disparidade de renda entre americanos e mexicanos cresceu mais de 10%. Agricultores mexicanos pobres agora têm de competir em seu país com o milho americano fortemente subsidiado, o que com freqüência os expulsa do campo para as cidades ou para os EUA, ainda que o milho tenha ficado mais barato para os moradores urbanos.

337 - A questão, para Stiglitz, é dar as pessoas conforto e segurança para correrem riscos empreendendo. A receita para fazer a globalização funcionar é o que geralmente se chama de 'modelo escandinavo'. Isso significa altos níveis de investimento em educação, pesquisa e tecnologia mais uma forte rede de segurança. Mas isso, claro, também acarreta, como nos países escandinavos, um imposto de renda altamente progressivo. Longe de tornar esses países menos competitivos, tornou-os mais.

338 - Sucesso do Leste asiático: eles encorajaram o investimento estrangeiro direto, insistindo na transferência de tecnologia, e investiram maciçamente em educação e infra-estrutura, em grande parte com as próprias poupanças nacionais, que são as mais altas do mundo.

339 - Real: América Latina tem sido, no geral, uma imagem espelhada do Leste Asiático. Ela não tem poupanças domésticas. Não tem os recursos fiscais para os necessários investimentos em educação e pesquisa ou para pagar por uma rede de segurança. Ela permitiu o capital especulativo de curto prazo, que fugiu ao primeiro sinal de encrenca, enviando um país como a Argentina com classificação A+ do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a inadimplência e a calamidade.

 

Stiglitz - O Fim do Neoliberalismo ou Não:

340 - Apesar de toda a retórica de Reagan sobre o livre comércio, ele impôs livremente sanções comerciais, incluindo a notória restrição “voluntária” das exportações de automóveis de concorrentes dos EUA.

341 - Acho que o Brasil não está incluído neste outro exemplo aqui que ele dá dos males do neoliberalismo: Essa mistura de retórica de livre mercado e intervenção governamental foi particularmente ruim para os países em desenvolvimento. Foi-lhes dito para deixar de intervir na agricultura, expondo assim seus fazendeiros à devastadora concorrência dos Estados Unidos e da Europa. Eles poderiam competir com seus pares americanos e europeus, mas não com os subsídios dos EUA e da União Européia.

342 - … os bancos americanos erraram no cálculo dos riscos numa escala colossal, com conseqüências globais, enquanto os responsáveis por essas instituições saíram de cena com bilhões de dólares em recompensas. (...) Hoje, há um descompasso entre o retorno social e o privado. A menos que sejam corretamente alinhados, o sistema de mercado não pode funcionar bem.

.

Comentários