Econ - Samuel Pessoa - Textos Variados Com Suas Ideias Liberais Sobre Conjuntura do Brasil Atual II
(continuação...)
260 - Culpa total dos termos de troca? Não. Apesar de os termos de troca estarem em queda e terem caído bastante nesses últimos dois anos, eles ainda estão em níveis 15% maiores do que os observados durante o governo Lula, durante o governo FHC. (...) o governo todo da presidente Dilma, foi um período de termos de troca extremamente favoráveis a nós
261 - Quando nós saímos de um crescimento de 2,3% ao ano, no governo FHC, e caminhamos para 4% ao ano, no governo Lula, portanto uma aceleração de crescimento de 1,6% por ano, esse é um fenômeno de produtividade. Por outro lado, quando nós saímos dos 4% ano, no governo Lula, e fomos para o 1,6% ao ano, no governo Dilma, essa redução, 80% dela, é um fenômeno também de produtividade. (...) A velocidade de crescimento do esforço de trabalho, a velocidade de crescimento das horas trabalhadas não aumentou nem no Lula, em comparação ao FHC, nem na Dilma, em comparação com o Lula. Também a velocidade de crescimento da acumulação de estoque de capital, da utilização de estoque de capital não aumentou quando eu comparo o Lula ao FHC, nem a Dilma em relação ao Lula.
262 - Gasto social só subiu o que normalmente já vinha subindo, não haveria descontinuidade do PT em relação aos últimos 25 anos (CF). Como era muito baixo e a CF escolheu subir tal gasto, o processo seguiu seu curso natural.
263 - Critica o argumento dos heterodoxos de que não dava pra comparar Dilma I com Bolívias e Paraguais da vida. “A nossa estrutura produtiva já é igual à estrutura produtiva de um país de primeiro mundo, então o normal nosso é crescer que nem os países de primeiro mundo” (em outro texto: … segundo Fiori e Nogueira da Costa, compararmos o crescimento brasileiro aos de Chile, Peru e Colômbia, por exemplo, pequenas economias exportadoras de commodities. Isso faz um pouco de sentido se pensarmos que a produtividade não melhorou tanto nesses países. Foi algo mais conjuntural que estrutural, portanto. Um bom “trade” de estrutura produtiva, eu diria. Não à toa o Chile sofre nos últimos anos). Argumentam eles. Samuel rebate que há muito espaço pra crescer - mais que nos EUA - por mero ganho de produtividade intra-estrutural (digamos), fechando o enorme gap de quatro vezes a nossa renda que os desenvolvidos possuem.
DÚVIDA/INSIGHT ALEATÓRIO: é impressão minha ou o Brasil foi adequando sua estrutura produtiva a ser um grande exportador de commodities e colher o sucesso disso “a la Chile”, surfando a onda de 00 pra isso, e quando teve a melhor estrutura produtiva para tanto… O preço das commodities desabou. O Brasil seria sempre um mal trader internacional? Chega sempre atrasado.
264 - Em outro texto, ao final de 2014, Samuel lançou este diagnóstico: O ano fechará com um deficit primário na casa de 0,5% do PIB, quando deveríamos ter um superávit primário de 2,0% do PIB. O buraco é de aproximadamente 2,5% do PIB.
265 - Histórico fiscal brasileiro: Em seguida ao Plano Real, em 1997, apareceu um deficit primário de 1% do PIB, como consequência do fim do imposto inflacionário. A crise externa da virada de 1998 para 1999 exigiu que o problema fiscal fosse enfrentado, caso contrário a inflação retornaria. (...) Entre 1997 e 1999 foi construído um superavit primário de 3% do PIB majoritariamente por meio de elevação da carga tributária. De 1999 até 2011, o gasto público e a receita cresceram em termos reais aproximadamente à taxa de 8,5% ao ano.
266 - A expansão dos gastos pode se manter concomitante ao superávit por três fatores: A formalização da economia aumentou a taxa de crescimento da receita; a elevação dos termos de troca (relação entre o preço das nossas exportações e das nossas importações) permitiu a elevação das importações, e a carga tributária na importação é maior do que a carga tributária média da economia; a elevação da taxa de crescimento da produtividade acelerou o crescimento econômico e da receita. Esses três fatores não irão se repetir nos próximos anos.
267 - Chega a preferir ajuste fiscal na receita a alta da dívida: É possível argumentar que uma nova rodada de elevação da carga tributária reduzirá muito o crescimento. No entanto, o atual regime fiscal, que é não sustentável, produz distorção na decisão de investimento. Por pior que seja o impacto ruim dos impostos sobre o funcionamento da economia, ele é menor do que o impacto de um regime fiscal não sustentável.
268 - Resume os problemas da “nova matriz”: a) o controle direto dos preços e a maior leniência com a inflação; b) a tentativa de reduzir na marra os juros; c) a perda de transparência na política fiscal, além da forte piora das contas públicas; d) o excesso de intervencionismo nas políticas de desenvolvimento setorial (política de conteúdo nacional e alteração do marco regulatório do petróleo, entre outras) e de concessão de crédito subsidiado (hipertrofia do BNDES); e) desonerações de impostos tópicas, segundo lógica muito pouco transparente; etc. A lista é longa.
269 - Sucesso da estratégia do Leste Asiático seria simplesmente educação e poupança. Por exemplo, as famílias na China poupam o equivalente a 22,5% do PIB chinês, o que significa algo próximo a 50% de sua renda disponível. (...) O motivo é que essas sociedades contrataram – quase sempre de forma não democrática, é bom repisar – que a seguridade social é uma responsabilidade individual.
270 - O segundo truque retórico é a descontextualização da informação. Por exemplo, a dívida pública no governo FHC cresceu. O que não se fala é que mais da metade do crescimento da dívida pública no período resultou da assunção de dívidas passadas que não estavam contabilizadas. Este fato está bem documentado no texto para a discussão de janeiro de 2004 do Ipea “Os Passivos Contingentes e a Dívida Pública no Brasil: Evolução Recente (1996-2003) e Perspectivas (2004-2006)”. (...) Por exemplo, afirmar que a inflação foi mais elevada com FHC do que com o PT é não reconhecer que antes de FHC havia hiperinflação e que a sociedade melhorou: 7% ao ano no período FHC é conquista; 7% hoje é derrota.
271 - O quarto truque retórico é escolher estatísticas e bases de comparação de forma oportunista. Este é o caso quando se afirma que o desempregou caiu 7,6 pontos percentuais, dos 13,0% de 2003 para os 5,4% de 2013. Esta informação de desemprego refere-se à Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE. Abrange somente seis regiões metropolitanas. A taxa de desemprego medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE, que abrange todo o território nacional, apresenta redução de 3,2 pontos percentuais, de 9,7% em 2003 para 6,5% em 2013. (...) Se tomarmos como base de comparação 2002, último ano de FHC, o desemprego caiu 2,6 pontos percentuais, de 9,1% para 6,5%. Queda bem menos brilhante se considerarmos a dinâmica demográfica muito favorável.
(continua...)
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