Texto sobre Mística e Lutas - Parte I
Dissertação Sobre Mística:
152 – Percebe que a grande crise que a esquerda vive hoje (o texto é de 2010, mas está valendo) veio da “vitória” do projeto construído pela mesma esquerda - a eleição de Lula e do PT. Isso é pior que a crise da esquerda após o golpe de 64, já que esta ao menos foi gerada por uma ofensiva do inimigo.
153 - Interessante a declaração de Genro em 2005, em meio à chamada ‘crise do mensalão’. Fica claro o que o cacique entende ser o papel do PT na sociedade brasileira: “Se as classes populares não tiverem um mediador democrático dentro do Estado de Direito, como o PT, que transforme as demandas em lutas com qualidade dentro da legalidade, o Brasil pode entrar numa situação de anomia semelhante à da Colômbia. "A destruição ou a diluição do partido pode levar para uma desesperança radical e aguçar de maneira irracional os conflitos de classe do Brasil, uma radicalização dos confrontos de classe. As pessoas que eventualmente queiram destruir o PT devem pensar muito bem quais as conseqüências disso para a história do País".
154 - Folha fez uma reportagem com os historiadores chapa branca do PSDB que deram logo a ideia - talvez uma meia-verdade: “Segundo Villa, o PT não é mais um partido de massas, mas um partido de assessores: "Muitos militantes foram saindo do partido, que agora vive a crise mais grave de sua história. Desde que o PT começou a ganhar suas primeiras prefeituras, consolidou seu domínio no campo sindical e passou a controlar fundos de pensão, tudo isso criou um grupo de militantes profissionais e de assessores que não voltaram ao mercado de trabalho. Tem pessoas que estão há 20, 25 anos sem saber o que é o pagamento de um salário no mercado de trabalho".
155 - Outro exemplo no mesmo sentido veio da coluna de Ricardo Galhardo no “O Globo”:
Questionada nesta quarta-feira pelo presidente do Grupo Abril, Roberto Civita, sobre os motivos que a levam a fazer propostas apenas para as classes menos favorecidas, deixando de lado os outros 75% da população de São Paulo, a candidata do PT a prefeita, Marta Suplicy, respondeu:
- Para você ficar vivo.
Marta não se estendeu no assunto e Civita não fez mais perguntas mas a ex-ministra do Turismo sugeriu que, sem políticas sociais, os pobres poderiam fazer uma revolução.
- Você sabe do que eu estou falando. Não ficariam nem as paredes - disse ela a Civita.
156 - Roger Agnelli respondeu algo parecido a Miriam Leitão quando essa criticou a suposta falta de pulso firme de Lula com o MST. O contexto era a interrupção de uma linha férrea de transporte de minério da Vale por doze horas.
157 - Singer considera que Lula conquistou a adesão do “subproletariado” graças ao tripé “bolsa família - aumento do salário mínimo - e aumento do crédito consignado”.
158 - Narra um processo em SP de substituição da tática da ação direta e realização de ocupações pela da elaboração de cadastros atualizados mensalmente à espera de projetos governamentais de construção de moradia.
159 - Também trata de como o tal movimento por moradia paulista se jogou de corpo e alma na estratégia eleitoral para eleger um vereador (e também Marta, mas esta perdeu pra Serra), sendo que este rompeu com o acordo, segundo boa parte do movimento, antes mesmo de assumir. A coordenação rachou e duas coordenadoras viraram assessoras políticas do vereador. Enquanto isso, Serra ajudou a desarticular o movimento promovendo desocupações.
160 - Um ex-militante histórico do PT, Gaiola, coloca que a estratégia eleitoral toma tempo e energia demais. Tem eleição em todo ano par e as campanhas duram de seis a oito meses. Nos anos ímpares há eleições internas do partido e muitas vezes boa parte das sindicais, o que também dá muito trabalho. Ou seja, a luta de classe virou “ganhar eleição”.
179 - Coloca que o “transe” (cura pelo contato com o divino) também ocorre nas religiões de matriz africana, logo, muitos evangélicos vêem estas como “concorrentes” a serem destruídas.
180 - Interessante que o pentecostalismo surge como um anuncio de acirramento da luta de classes entre capital e trabalho pela escassez do segundo e desespero dos famintos que passariam a invadir as propriedades atrás de comida e serem recebidos com balas. Isso em 1900 e pouco, nos EUA.
181 - Escolas noturnas; apoio legal às vítimas de agressões do Estado; compra de remédios e pagamento de funerais. É o modo pelo qual um movimento islamista no Marrocos substitui a esquerda “aburguesada” de lá e se tornou o “governo da favela”.
182 - A Universal em alguns bairros aluga/compra van’s para oferecer transporte gratuito às igrejas.
183 - O canto e possibilidade de aprender instrumentos musicais ou mesmo ter contato com alguma atividade cultural regular. É mais uma coisa que atrai.
184 - “Sejam bem vindos, voltem sempre e tragam mais dez”. Assim o autor do texto foi saudado numa igrejinha da periferia onde foi assistir a um culto.
185 - … Em duas horas de culto os pastores falaram apenas uns 30-40 minutos. No mais, foram apresentações lúdicas e culturais da própria comunidade, com conteúdo religioso, claro. O ambiente era de alegria e sentimento comunitário.
186 - Marco, o autor, narra uma história de uma excelente militante que toda semana ia à igreja evangélica de seu bairro, pois adorava cantar e o culto sempre “bombava”. Logo…
187 - À pag. 70 do Pdf, faz um excelente resumo de possíveis sofrimentos diários de um(a) trabalhador(a) e passa a analisar a crescente queixa de “sofrimento difuso” da população - inclusive com números. 50% dos medicamentos vendidos hoje são “psicofármacos”. Não se tem mais tempo para tratar as doenças. Tratam os sintomas.
188 - Psicólogos e terapias custam caro. As experiências catárticas dos cultos cumprem um pouco dessa função. São “enormes hospitais da alma do povo”.
189 - O pentecostalismo reconstroi uma comunidade e isso não tem apenas uma função psíquica, mas também econômica. O irmão de fé que indica fulano a um emprego, por exemplo.
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