Textos e trechos sobre Educação e Organização
Ana Rosa Lorenzo Vila - Asambleas y Reuniones:
5 - Começa com uma longa explanação de possíveis problemas em assembleias e reuniões. Meio que todas já passaram pela minha cabeça (ou já os vi na prática). Então foi uma parte meio chata de ler.
6 - O problema desses textos é o, sei lá como chamar, excesso de didatismo, como o da frase “é necessário que as decisões tomadas sejam boas”... ou “não pode haver coação na decisão” - mais ou menos assim. Imagina…
7 - Algumas outras regras de reuniões são também bem básicas, mas, de tanto não as ver sendo seguidas mesmo em bons coletivos, talvez valha a pena anotar. Exemplo: todas as opiniões e sugestões devem ser levadas em conta numa decisão. Ou seja, todas as pessoas participam. E para que isso ocorra de verdade, todas as pessoas devem ter as informações essenciais para tomar cada decisão.
8 - Outra obviedade pouco seguida é que as reuniões precisam ser preparadas. Não só a pauta já trazer as ideias previas contrastadas e fundamentadas para debate decisório.
9 - Se quiser dar ainda mais objetividade a reunião, o facilitador pode percorrer alguns caminhos:
— Elaborar documentos previos y hacerlos llegar a las y a los participantes.
— Organizar consultas o entrevistas con personas expertas en las cuestiones que vamos a abordar (bien personas que hayan superado alguna vez los mismos problemas, bien profesionales del asunto).
— Consultar y dar a conocer, en la asamblea, documentos o materiales sobre el tema (una posibilidad es que cada persona se encargue de leer un documento y se haga una puesta en común de todos en una parte del tiempo de la asamblea).
— Haciendo grupos de trabajo previos a la asamblea donde se discutan los problemas y las alternativas con más tiempo.
— Traduciendo informes, cuentas o informaciones complicadas a un lenguaje comprensible por todo el mundo.
— Aprovechando los espacios informales para hacer comentarios clarificadores e ir tomando postura.
10 - Convocatória deve incluir a ordem do dia. Outra coisa que pra mim é meio óbvia, mas volta e meia não se faz. Propõe-se prazo de antecedência para a divulgação dessa ordem. Quanto mais detalhada, melhor. Tempo de duração estimada de cada pauta é uma boa.
11 - Possibilidade de ter sempre um último microponto de pauta, que é a avaliação da reunião.
12 - Afirma que depois de uma hora e meia cai muito a produtividade de qualquer reunião. Ademais, as decisões passam a ser tomadas mais por cansaço que pela certeza.
13 - Uma reunião longa precisa ser dinâmica. Alternar grupão e grupinho, por exemplo. Prolongamentos inesperados precisam de um consenso coletivo e compromisso de empenho. Do contrário, não vale a pena continuar.
14 - Supostas pesquisas mostram que o número ideal de pessoas numa reunião é de cinco a dez. Dividir em subgrupo para depois atuar como unidade, em grupão, é uma opção.
15 - Técnica para informe, que gostei: “não vou contar nada que vocês não queiram saber” ou “a responsabilidade de estar bem informado é de quem faz as perguntas”. Ou seja, faz um informe bem breve mesmo, sem medo de ser incompleto, e depois abre para perguntas. Deixa o ouvinte ligado.
16 - Reuniões de criatividade. A técnica da chuva de ideias deve ter relatorx para que algumas não se percam.
17 - Nas reuniões de discussões, pode-se utilizar a técnica de confrontação de argumentos. Agindo-se como advogado mesmo. Cada grupo defende uma posição sem procurar ponderar algo que não lhe seja favorável (deixa isso pra depois). Por isso, é algo meio teatral.
18 - A decisão por consenso vincula mais as pessoas e faz com que as questões tenham que ser bem discutidas.
19 - Tem uma parte interessante sobre gestão de dissensos, mas, ao menos nos grupos em que trabalhei, poucas vezes eles foram bombásticos.
20 - Algumas moderações de reunião são bem simples, bastando controlar a palavra. Porém, o interessante mesmo é que a postura seja mais ativa. Sistematizando sugestões e ideias; incentivando a participação de todos; fazendo perguntas em momentos de travamentos; propondo métodos de dinamização das reuniões; mantendo o foco nos objetivos da reunião e tocando em todos os pontos da ordem do dia… Mas se o grupo já está fazendo tudo isso automaticamente, ótimo para o moderador! Pode ficar mais na dele.
21 - Modificações de ordem do dia? Só por consenso e calculando o tempo que será acrescido, se for o caso.
22 - Quando a balbúrdia, o caos e as trevas estiverem instaurados, defende que o/a moderador/a dê um piti pra chamar atenção. Depois se sai com uma coisa positiva, “vamos lá, falta pouco, já avançamos muito…”
23 - Uma técnica de participação, para além da divisão em subgrupos é a “roda de opinião”. Todo mundo vai falando a sua. Técnica sempre utilizada no bem ou mal.
24 - Fala de técnicas para chegar a uma assembleia já com o debate pré-aquecido. Distribuir textos antes… Realizar “pré-assembleias”...
25 - Mais pro final do livro tem uma parte muito “meio filosófica” sobre comunicação, poder, emoções, etc. Achei pouco prática.
26 - Defende fervorosamente que ao fim de toda reunião tenha um espaço de avaliação da mesma.
27 - Pode ser acertado, o início da reunião ou assembleia, que uma pessoa será responsável por anotar tudo que se passará e as impressões sobre a reunião. Ou seja, é escolhido um avaliador da reunião, para dar um parecer ao final. Ele só observa e anota. Depois pode ter rodas (rodada) de opinião/avaliação.
28 - Propostas de ação para resolver um problema (tipo o velho “criar comissão”) é melhor que criticar no grupão a forma como o grupo tem debatido ou tentado resolver o mesmo.
29 - Como grupão inibe críticas, pode rolar grupinhos prévios ou questionários individuais (anônimos?) a serem apresentados depois.
30 - As páginas 86 e 87 (ou é 77 e 78) traz um questionário interessante.
31 - Roda de “o melhor e o pior da reunião”. Outra forma interessante de avaliação.
32 - Depois traz métodos de avaliação de cada pessoa da reunião. Acho que aí já é um troço muito sofisticado.
(Outro texto:)
138 - “Há estudiosos que afirmam que as razões para uma boa reunião se encontram 50% no que se faz antes dela começar. Mais um percentual de 30% cabe ao bom coordenador e apenas 20% está sob responsabilidade dos participantes para que a reunião seja de fato um sucesso”.
139 - Tarefas que envolvem uma reunião: a) definir os objetivos da reunião (tem que todo mundo entrar na mesma sabendo onde quer chegar e o que se vai resolver) e preparar a pauta (pra mim, quanto mais detalhada, melhor); b) divulgar/convocar previamente os participantes; c) preparar o local confortável e organizado; d) prever o horário certo de iniciar e de terminar, evitando desgastes; e) o coordenador tem uma missão de garantir as falas e que todos opinem; f) as decisões devem virar encaminhamentos bem definidos, com desddobramento de tarefas (eu incluiria responsáveis e definição de prazo para os mesmos); g) avaliar a reunião para saber o que se deve melhorar.
140 - Como são duas horas, é bom pensar em coisas simples como “banheiro próximo”; “água pra beber”... Lanches para reuniões maiores…
141 - Propõe mística para abrir uma reunião, nem que seja um hino.
142 - O coordenador da reunião organiza as falas; mantem a ordem; anota e sistematiza os encaminhamentos, agrupando os complementares e pondo em disputa os contraditórios.
143 - Alguns encaminhamentos resultam em atividades complexas que precisam ser planejadas em separado (grupinhos, etc.)
144 - Ao fim, sugere-se que o “secretário” leia as resoluções/encaminhamentos. Ao que se segue a avaliação da reunião; a marcação da próxima e um alegre encerramento da reunião para deixar todo mundo com saudade - é o que diz lá.
...
Educação da Classe Trabalhadora, Marx Contra os Pedagogos Marxistas:
109 – Texto de Tarso Bonilha Mazzotti.
110 - Critica a aposta no “marxismo cultural” (pareço olavete falando assim) de Demerval Saviani, autor da Lei de Diretrizes da Educação Nacional, e sua “educação única politécnica”, fornecedora das bases culturais para um “novo homem”.
111 - Afirma que, na verdade, Marx tratou sim de cultura e a educação ao colocar que a aposta principal no lançamento dessas bases seria não uma “reforma educacional” (digamos) e sim a existência de tempo livre para o desenvolvimento humano, ou seja, a redução da jornada de trabalho.
112 - Segundo o autor, a regulamentação do trabalho era um dos principais pontos de pauta da AIT.
113 - Interessante como parte dos pontos da AIT são hoje quase textos fiéis das dogmáticas de direito trabalhista da vida: “No Congresso de Genebra da AIT (1866) os pontos 3 e 4 trataram da questão da regulamentação do trabalho. O ponto 3 examinou a necessidade imperativa de se reduzir as horas de trabalho, propondo que fosse de oito horas, como limite legal —o que já era reivindicado pelos operários dos Estados Unidos. Propunha-se, também, que se lutasse pela abolição do trabalho noturno; a jornada de oito horas atingiria os trabalhadores adultos de ambos os sexos. Além disso, as mulheres deveriam ser excluídas de todo e qualquer trabalho noturno e daqueles que “firam o seu pudor e onde seu corpo fique exposto aos tóxicos ou a outros agentes nocivos”.
114 - A educação escolar das crianças menores de nove anos era outra exigência a ser arrancada do Estado burguês.
115 - Trabalho produtivo (remunerado) com ensino e ginástica. Seria a conjugação indispensável, para Marx, ao desenvolvimento de homens completos. Ao que entendi, inclusive para as crianças maiores de nove anos. Seria assim um “trabalho regulamentado”. Sei lá, isso me pareceu dar um pouco de razão ao plano de Saviani.
116 - O quadro da Alemanha do início do século XX é impressionante: “Note-se que em 1907 havia 12 milhões e 500 mil trabalhadores assalariados na Alemanha, assim entre 65% a 68% da população era classificada como sendo proletária — incluindo-se as mulheres e crianças— o que justificava a afirmação de Vermeil de que “a Alemanha de Guilherme II era, às vésperas de 1914, um país proletarizado em três quartos” (apud Broué, 1971, p.18). Em 1914 o SPD possuía 89 jornais, diversas revistas teóricas e culturais com um milhão e meio de assinantes —sustentando onze mil assalariados do partido. O SPD, por seu lado, era mais do que uma “máquina de combate”, era uma “contra sociedade”, pronta para substituir a existente. Dessa maneira, o Partido tornou-se um “meio de vida” para milhares de trabalhadores assalariados.”
117 - Alguns historiadores sustentam que a “baixa cultura” do proletariado alemão teria sido responsável pela derrota na revolução alemã 1919-1923. Contra estes:
Caso nos fiemos nas observações de Pierre Broué, um historiador que examinou com detalhes a situação alemã no período, então será preciso considerar que o proletariado alemão era relativamente bem instruído, capaz de lutar por seus interesses imediatos e mediatos, bem como “de transformar sua vida e a dos pequeno burgueses, estraçalhados pela concentração capitalista, que eles julgavam, com alguma razão, que poderiam ser seus aliados” (Broué, 1971, p.19)
118 - Aponta que Bernstein “pelegou” (termo meu) pelo contato com os “neokantistas” de Marburg, que julgavam Kant como o “pai verdadeiro e real do socialismo alemão”. (Olavo compartilha opinião parecida, pois odeia Kant…)
119 - As ideias de Bernstein (1899) foram condenadas em 1903 na teoria, mas adotadas na prática do partido cada vez mais presente nas entranhas do Estado.
120 - Marx propunha escolas diferentes. A dos trabalhadores cuidariam dos interesses do mesmos. E dirigidas por estes. E seria a combinação de estudo e trabalho (e ginástica), não de “educação pelo trabalho”, como queriam os reformistas. Estes também queria uma escola “não classista”, segundo eles para abolir as diferenças de classe… Segundo eles, estavam criando condições subjetivas para o “novo homem”, o não-capitalista.
121 - Em Marx, a escola das crianças ensinaria gramática, ciências modernas e tecnologias. Nada de religião, filosofia, ideologia… Para tudo isso, os adultos que criassem suas escolas. Não fica muito claro no texto os porquês e os detalhes disso.
122 - O “homem novo” também era uma ideia fixa de Bogdanov, que influenciou Bukarine e Gramsci. Criou até um movimento chamado “cultura proletária”. Isso me lembra Tim Maia...
123 - Quem educa os educadores? Marx perguntaria em Teses sobre Feuerbach. Só a práxis revolucionária.
124 - Defende que Marx jamais concordaria com uma educação pelo trabalho, já que pretendia justamente a abolição do trabalho assalariado.
125 - Sobre a razão por trás do clamor pelas escolas técnicas. “Assim, por exemplo, ficam escandalizados quando pais trabalhadores sustentam que seus filhos necessitam de uma escola profissional, ou técnica, e não da escola acadêmica. Argumentam que tais trabalhadores são “inconscientemente” burgueses, ou melhor, que estão “dominados pela ideologia burguesa”, são “reformistas”. Não compreendem que, pelo simples fato de existir uma alta rotatividade nos postos de trabalho, o pai proletário fica sem horizonte para manter seus filhos por 12 ou mais anos na escola, sem que eles trabalhem ou mesmo “aprendam uma profissão” (Mazzotti & Oliveira, 2000)”.
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