Filosofia - Textos Diversos XXXI - Hegel, Introdutório Para Lê-lo

 

Hegel - Introdutório Para Lê-lo:

529 - Pode-se explicar uma coisa pela causa ou pela razão. A primeira fornece uma explicação realista. A segunda fornece uma explicação idealista.

530 - Hegel diz que a explicação causalista/realista vai só adiando a explicação de verdade. Uma causa que tem causa nisso que tem causa naquilo e causa naquilo outro… E nunca se chega à explicação definitiva. (algo do tipo: quem causou o big bang?)

531 - Então Hegel quer que as coisas se expliquem pela razão. Um fogo pode um dia não queimar, mas dois mais dois têm que ser sempre quatro e isso sim é explicação racional.

532 - Coisa (matéria) é individual. Razão não é coisa. È universal. As leis da trigonometria, por exemplo.

533 - Quer-se a razão do Universo e não uma “explicação” causal.

534 - Platão também pretendeu explicar as coisas a partir da ideia: Vejo neste mundo uma mesa, uma cadeira, um lápis. Não passam de sombras das idéias de mesa, cadeira, lápis, que se encontram no mundo das Idéias. Estas, sim, é que têm realidade.

535 - Platão acha que a ideia de cadeira já existia no Mundo das Ideias antes da materialização da cadeira.

536 - Silogismo: “todo homem é mortal. Se Pedro é homem, então é mortal” possui categorias universais. Mas neste próprio silogismo há categorias plenamente universais. Quando digo "todo" e digo "é", estou falando de duas categorias: de "totalidade" e de "existência. (...) Aquilo que deve ser, de algum modo, fonte de todos os seres, não pode ser aplicável apenas a alguns seres, como homem, mesa, etc. Citei o exemplo de "totalidade" e de "existência". Outros exemplos podem ser citados para maior clareza, sem pretender com isto aqui exaurir a relação dos universais hegelianos: "ser", "substância", "qualidade", "quantidade", etc.

537 - Kant e as categorias sensitivas: São sensitivas, já que toda nossa experiência é através da explicação dos sentidos. "Cor", "som", "odor", são exemplos destas categorias. Mas categorias como "totalidade", "unidade", "pluralidade", etc. são destituídas da marca de sensibilidade. (...) Elas são anteriores à experiência. É o que ele chama "a priori". E a expressão latina "a priori" significa exatamente isto: "anterior a", "antes de". Os puros universais de Hegel são as categorias a priori de Kant.

538 - Mas voltando aos óculos azulados, me pergunto: então não percebo os objetos como eles são? Percebo como eles me aparecem através destas lente? Sim. E assim também, segundo Kant, é o próprio conhecimento: não percebo as coisas como elas são. Aplico a elas as categorias que estruturam a minha mente. Do mundo, percebo, portanto, só as aparências. Nunca as coisas como são em si.

539 - Esses “puros universais” são subjetivos e condição do conhecer em Kant. Ao passo que, em Hegel, são o “real”, objetivos e abstratos,, primeiros princípios (anterioridade lógica! Não cronológica, da criação de Deus ou sei lá quem) de onde fluem todos os demais seres e... não têm existência! Pois é, explico a seguir.

540 -Realidade X aparência (só não é aparência se for algo independente da realidade a qual se vincula, é como uma sombra): A realidade é independente. A aparência tem um ser dependente de outro ser. Somente o universal é real, ser autônomo. O resto é coisa. Porém, o universal não existe. Tem ser, mas não existe. O que existe é a aparência, ou seja, pessoas e coisas. O universo, sendo formado de indivíduos, é aparência. Todo ele flui dos universais que Hegel chama de Razão.

541 - O que afirma o idealismo hegeliano: Afirmou, sim, uma prioridade lógica pela qual a categoria de "unidade" precede o ser uno e a categoria de "existência" precede o ser existente. Mas o universal em si independe do individual, não existe em lugar algum e em tempo algum. O universal nunca existiu nem existirá. Tem realidade mas não existência . Inclusive na mente humana não é assim, eis que a existência (a experiência individual) surge primeiro que o universal. Sem problema.

542 - Na religião hindu é que o mundo é mais inconteste ainda como aparência do real.

543 - Estamos, com esta reflexão, apenas regressando, em direção ao passado, confirmando a necessidade lógica de encontrar algo que sempre existiu, sem ter origem num ser anterior. Do contrário, teríamos que admitir que todas as coisas que aí estão (o Universo inteiro) teriam vindo do nada, absolutamente nada. E do nada, nada se faz.

544 - As afirmativas descendentes de Platão (qual categoria descende de qual) não levam em conta a necessidade lógica. O azul vem da categoria cor, mas poderia muito bem não existir. Não explica o azul. Já em Kant, visando a gnosiologia, a unidade não é afirmada. Além disto, elas não se deduzem umas das outras.


(continua...)

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