Filosofia - Textos Diversos XXIX

 

Gilbert Harman - Indução - Enumerativa e Hipotética:

465 - Há induções demonstrativas e não-demonstrativas. Em todos os casos de induções não-demonstrativas, a evidência é compatível com várias hipóteses.

466 - Como a gente costuma escolher hipóteses tiradas da nossa indução? O texto defende que é dessa maneira: encontrar a hipótese concorrente mais simples e compatível com a evidência. Cita adicionalmente a questão da coerência, mas achei mal explicado (ou não tive paciência). Ademais, diz o texto, Sam pode simplesmente ter desejado muito que não tivesse sido manipulado por Alberto na questão dos supostos pêssegos sem caroços.

467 - Dedução não tem a ver com inferência. Não é inferir nada. É concluir mesmo. De uma premissa. Qualquer problema está na premissa.

468 - Conservadorismo: Historicamente, alguns filósofos parecem ter suposto que deveríamos ignorar o conservadorismo. Deveríamos construir uma visão segura por meio de passos auto-evidentes a partir de fundações auto-evidentes. De acordo com isso, qualquer coisa a que não se pode dar uma tal justificação deve ser rejeitada. Outros filósofos supuseram, de modo mais razoável, que o que requer justificação é a mudança de crença: você está justificado a acreditar no que acredita na ausência de qualquer ameaça específica a essa crença.

469 - O resumo desse texto é: indução correta é um negócio complicado.

 

Habermas - A Idéia de Universidade:

470 - Idealismo alemão: as estruturas institucionais são formações do espírito objetivo.

471 - Ideia de universidade: um estatuto e formas de vida intersubjetivamente compartilhada pelos seus membros.

472 - Humboldt e Schleiermacher queriam autonomia científica com organização estatal, tudo pra se livrar da tutelas religiosas. Também recusavam possíveis pressões utilitaristas da burguesia. A ideia era formar cientistas.

473 - As ciências seriam unificadas sob o comando das que ciências da natureza e do espírito, ligadas pela filosofia. Tudo contra as ciências utilitárias. Professores e alunos servem a ciência. Não é a hierarquia o mais importante. Falava-se também em abstinência política.

474 - Na prática, exceto pela organização estatal da autonomia científica, esse projeto todo não se realizou. A realidade falou mais alto. Virou mais técnica que voltada a uma práxis científica autônoma.

475 - Como a universidade alemã não teve qualquer resistência ao nazismo, ficou provado que era uma ideia sem substância.

476 - Jaspers aparece e volta a implorar pela liderança unificadora da filosofia como fator de reflexão acerca das ciências. Schelsky prefere propor uma “teoria das ciências”.

477 - Jaspers propõe como autonomia científica uma rede internacional que protegeria os Estados livres dos totalitários. Capacidade de ação política e autogestão participada.

478 - Nada disso aconteceu. E as rotinas não deixam tempo para problematização, concluiu Habermars. Os reformadores de esquerda sempre fracassando nessa ideia.

479 - Schelsky fala de que a única vantagem disso é que a universidade não precisou perder se desmantelar em outras instituições, cada qual com sua função. Ou seja, a ampliação de funções da universidade foi o que garantiu a sua unidade.

480 - A pluralidade de disciplinas não comporta uma força totalizante, conclui Habermas. Propõe a coesão nas formas comunicativas de argumentação científica. E que isso não é novidade desde Schleiermacher.

 

Habermas, 80 anos:

482 - Habermas reencontrou seu caminho filosófico pelas vias da hermenêutica, do pragmatismo e da filosofia da linguagem, o que demonstra sua dívida com a obra de Hans-Georg Gadamer e as sugestões de seu amigo Karl-Otto Apel.

483 - A esfera pública, para além do mercado e Estado, como mediador democrático dos diversos interesses, desde que seguindo regras procedimentais consensuais.

484 - Em outros livros seminais como o Técnica e ciência como ideologia, (1969), e na sua obra magna A teoria do agir comunicativo (1981), Habermas retoma sua senda original armado da ambição científica de tentar demonstrar a existência empírica de uma racionalidade "comunicativa" que não se confundiria com a racionalidade instrumental e sistêmica de Estado e mercado.

485 - O conceito de "ação comunicativa" é central nessa empreitada. Ele serve para mostrar, na dimensão da ação social concreta, que o comportamento efetivo dos indivíduos pressupõe uma relação interna com valores morais e políticos que foi, historicamente, tornada possível, pela expansão do horizonte reflexivo possibilitado pela capacidade, historicamente recente, de se autocriticar como indivíduo e como sociedade. (Ô Habermas…)

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