Filosofia - Textos Diversos XXXII - Hegel, Introdutório Para Lê-lo
(continuação...)
545 - Hegel e a identidade de opostos: 1) este princípio imprincipiado deve ser, num sentido, uno e múltiplo. Dele todas as coisas devem proceder necessariamente. 2) Mas se "C" procede de "B" e "B" de "A", segue-se que "C" esteve contido antes em "B" e "B" contido em "A". Afinal, o primeiro princípio deve, de uma certa maneira, conter todas as demais coisas. (...) A idéia de uma "identidade de opostos" parece esquisita à primeira vista. Não será tão estúpida se refletirmos mais. Se admitirmos que no universo há seres opostos, contraditórios, e se admitirmos que tudo veio de um único ser, qual será a conclusão? Que, em algum momento, opostos são idênticos. São opostos e idênticos.
546 - Contradição e luta dos opostos. “Deve haver uma contradição no ovo, na semente e na criança” Se tudo estiver profundamente pacificado dentro de cada um destes três exemplos, se nenhuma luta, contradição, oposição, houver, nunca surgirá uma segunda realidade.
547 - Antítese é a negação da negação. Faz cessar a contradição da antítese que está sempre já implícita na tese.
548 - Movimento dialético: A Síntese se transforma por sua vez numa nova Tese de outra tríade, quando suscita uma nova negação, uma nova Antítese que pede outra conciliação numa nova Síntese.
549 - Mas se considerarmos o conceito de "SER" temos a categoria mais vasta, mais ampla, mais abstrata, na qual todas as outras se encontram implicitamente. A primeiríssima Tese do sistema de Hegel é portanto o "Ser". E achada a primeira tese, estamos em condições bem mais fáceis de encontrar sua Antítese e sua Síntese. Qual é a negação, a Antítese de Ser? É o não-ser, ou seja, o NADA.
550 - O devir é a síntese entre o ser e o nada.
551 - A diferença entre o conceito de Ser e qualquer Ser concretamente existente são os seus atributos. E o ser sem atributos é o nada. Alguém é. O que?! Nada, simplesmente é. Daí se falar em identidade.
552 - Aí Hegel faz todo um sístema de tríades (tese - antítese - síntese) com mil categorias bem abstratas. Ser Nada e Devir é só a primeira. Vai ter Ideia… Essência… Noção… Espírito… Natureza… Os encadeamentos me parecem arbitrários.. Eu precisaria de um mapa explicativo e olhe lá.
553 - Tríade importantíssima: Idéia (= Tese), Natureza (= Antítese), Espírito (= Síntese).
554 - A Ideia Absoluta é uma síntese sujeito-objeto. É algo próximo a nossa noção de Deus. É a verdade absoluta. (Tentou-se explicar e não vi razão alguma para isso ser real ou mesmo existir).
555 - Uma primeira razão pode supostamente explicar a si própria devido a isso: Trata-se de um sistema de idéias, de categorias, de universais, que vão desde a primeira, que é a primeiríssima tese da primeiríssima tríada e se chama Ser, até à última, anterior à Natureza e que se chama "Idéia Absoluta". (...) É a primeira razão de que antes se falava. E ela se explica a si própria. A "Idéia Absoluta" se explica por tudo o que vem antes, desde o "Ser, Nada, Devir". E esta primeira tríade se explica por tudo o que vem depois até a "Idéia Absoluta". Porque o que está explícito na "Idéia Absoluta" já estava implícito no Ser. E tudo o que está no Ser se explicita no que vem depois. O Ser está contido na "Idéia Absoluta" explicitamente. A "Idéia Absoluta" está contida no "Ser" implicitamente. (Lógica? Difícil ver).
556 - Voltemos a uma questão atrás: uma bola de pingue-pongue, dissemos, é uma soma de universais, deles declinamos alguns. Mas uma questão pode surgir: será que uma bola se reduz a isto mesmo? Será que não há algo inconhecível, impenetrável? Hegel acha que o inconhecível não existe. (E por qual motivo isso não é um “achismo”) (É que só nos resta aceitar isso)
557 - Hegel afirma que as suas categorias são objetivas. Qualquer objeto se dissolve, analiticamente, em soma de universais, como a bola de pingue-pongue. Ela não é mais do que leveza, rotundidade, alvura, sonoridade, etc. Para negar a objetividade dos universais deveríamos negar a objetividade da bola. (...) Quem existe, pois, é a bola, não os universais de que ela é composta. Esta soma de universais existe porque, conjuntamente, forma um indivíduo, uma coisa. E coisa, indivíduo, tem existência. Mas considerando cada um separadamente, nenhum destes universais tem existência.
558 - A expressão "identidade do Ser e do Conhecer" expressa que o sujeito (o lado do conhecimento) e o objeto (o lado do ser) são idênticos. Sujeito e objeto não são duas realidades independentes, cada uma exterior à outra. São dois aspectos diferentes da mesma realidade.
559 - O Espírito é o terceiro grande momento do sistema de Hegel. É a Síntese da Idéia (que só é real) e da Natureza (que só existe). O espírito é a ideia fora de si: A Razão que, em si, sozinha, não se poderia manifestar nem existir conforme acima agora tem no Homem sua manifestação e sua existência dentro da Natureza.
560 - O Espírito Subjetivo é a tese e o objetivo a antítese: categorias outras como a Moral, o Direito, a História, a Política, são modalidades do Espírito despidas do caráter de individualidade, colocadas fora de cada um dos homens, objetivadas, portanto. Objetivação do “eu” no que ele tem em comum com todos os homens. As instituições não são caprichos de um ou outro, pertencem ao Espírito Objetivo.
561 - A mente não é escrava da lei. Ao contrário, a ama.
562 - A característica do Espírito é a liberdade. A gravitação é uma determinação exterior ao ser e é própria da Natureza, da matéria, pura exterioridade. A liberdade é uma determinação interior do ser, é autodeterminação.
563 - Diz que antigamente só o Faraó era livre e todo mundo escravo. E que o número de pessoas livres foi só subindo durante a história.
564 - A História em Hegel é o strip-tease do Espírito: Cada civilização, com suas leis, seu regime político, sua ética, representa globalmente um momento do Espírito.
565 - O momento do espírito absoluto, portanto, se dá quando a mente se percebe a si própria em qualquer outra coisa, seja sol ou terra, luz ou flor, ou qualquer outra coisa que imaginar se possa. (...) O Espírito Absoluto é portanto o conhecimento do Espírito pelo Espírito.
566 - A viagem vai até na religião: Esta apreensão tem três momentos que são subdivisões em momentos outros do Espírito absoluto: a arte, a religião e a filosofia. Estes três momentos são sucessivas aproximações do Espírito, em busca da plena liberdade e da infinitude. Talvez finitudes ainda possa haver na esfera da arte e da religião. Somente na filosofia o Espírito absoluto é absolutamente livre e infinito.
..
Comentários
Postar um comentário