PP - Textos Diversos VIII
Dokonal (PP) - A Economia
das Lutas do Transporte:
217 - Do ponto de vista do trabalhador, o tempo
perdido no deslocamento para o trabalho é já um tempo de trabalho. Ele não
perderia esse tempo se não fosse trabalhar.
218 - Lembra que a
mais-valia recuperada aqui (tarifa zero) pode ser compensada com nova perda
acolá (intensificação da exploração, seja trabalhando mais ou ganhando menos).
219 - Ao tornar mais confortável o transporte
coletivo, reduzindo o desgaste decorrente dos deslocamentos, os capitalistas,
ao mesmo tempo que atendem às reivindicações dos trabalhadores, também melhoram
a produtividade de quem se desloca. Não é por acaso que os transportes
coletivos mais confortáveis se localizem nas áreas onde os trabalhadores são
mais qualificados; há uma relação direta entre mais-valia relativa e conforto
dos transportes coletivos. No caso brasileiro, em que a mais-valia absoluta
prevalece no transporte coletivo, os trabalhadores mais qualificados têm
resolvido parte do problema com a aquisição de veículos próprios.
220 - Cita exemplos de
lutas que podem ser de quatro tipos, misturando individual-coletiva como
“ativa-passiva”. Catracaço seria um bom exemplo de coletiva ativa. Na quebra coletiva da disciplina, no exato
momento da ruptura do tecido social, os trabalhadores tomam ciência de que
possuem o controle desse tecido e de que a possibilidade de criação de algo
novo é palpável.
221 - Pensa-se
intervenções nos comentários ao texto. Há
de se pensar também na não-necessidade de deslocamento ou em deslocamento
menores. Como? Medidas mitigadoras já feitas em outros países capitalistas de
centro: controle da especulação imobiliária nas áreas centrais através da
aplicação de tetos nos preços de aluguéis, tetos nos preços de terrenos e
imóveis, associados à uma exigência de porcentagem mínima para a habitação de
interesse social em todos os novos empreendimentos imobiliários nas áreas
centrais.
222 - Capitalismo não faz
muita coisa à toa: Se a jornada formal de
trabalho hoje é menor que a do início da revolução industrial, o tempo que se
demanda para a preparação da vasta mão-de-obra para o “mercado de trabalho” é
infinitamente maior. (...) Por exemplo, diminui-se a jornada de trabalho
aumentando o ritmo da produção. O capitalista nunca arca, e nunca arcará com os
custos da produção; é sempre o produtor, o trabalhador que arca com esses
custos.
223 - Dokonal contesta a
visão acima: Tampouco vejo o capitalismo
como um sistema linear de soma zero, como você parece indicar em algumas
passagens do comentário. Nem a redução da jornada de trabalho nem o aumento
salarial são simples trade-offs que se anulam reciprocamente. A razão para isso
é a própria capacidade de criação de valor que os trabalhadores têm.
224 - Beto, o opositor,
diz que o que pretendeu afirmar foi que os capitalistas tendem a se apropriar
tanto do que “perderam” por outros modos, quanto do “mais-valor” novo que o
trabalhador sempre é capaz de criar.
225 - A
classe trabalhadora impôs sucessivas reduções da jornada de trabalho, que os
capitalistas de cada vez recuperaram, aumentando a complexidade das tarefas
executadas no interior do novo horário. (...) Para que a qualificação e a
intensidade do trabalho possam aumentar, têm de se multiplicar também as horas
dedicadas à instrução e à preparação da força de trabalho. Resumo: nem toda
redução de jornada implica apropriação desse tempo novo pelo trabalhador.
226 - Empresas mais
avançadas/pioneiras e suas rodadas de superlucro. Uma mágica do capitalista? Esses superlucros não são “mágica”, são
trabalho não pago. Mas trabalho não pago de quem? Dos proletários das empresas
concorrentes que possuem composição orgânica menor (proporção entre capital.
constante capital. variável desfavorável) e são forçados a trabalhar mais por
menos, já que a ameaça de perder seus empregos se intensifica, ao mesmo tempo
que os seus empregadores vendem a mercadoria com mais valor cristalizado (isto
é, mais trabalho) mas a um preço abaixo, única maneira de não serem engolido
pela concorrência e não falir. (Não se isto aqui está 100% correto. Lucro não é mais-valia. Há diferenças)
Douglas Barros (PP) -
Reflexões Sobre Uma Certa Herança Marxista:
227 - Critica Kurz, não
lembro se com justiça ou não: Por isso,
se livrar da categoria do trabalho condenando toda a luta dos trabalhadores
como simplesmente modernização do capital não soa bem.
228 - Aqui novamente aparece o saudoso Arabel que
depois de falar sobre a rígida estrutura de caserna do partido bolchevique diz
o seguinte: “Não é coincidência que quase todos os processos revolucionários
que conseguiram tomar o poder e se manter nele, seja o marxismo-leninismo a
herança de quase todos eles”. Oculta diversos fatos, como a própria supressão
dos sovietes e sua capacidade decisória e organizativa em nome da centralidade
bolchevique, oculta também a perseguição política aos “adversários” que se
tornaram inimigos políticos da nascente burocracia encabeçada por Lenin. Há
ainda vários episódios que ficam para um outro ensaio. Mas o que mais marca na
fala do Ortodoxo e mouco Arabel é: “Os elementos centrais da tradição se
apresentaram como os mais acertados”.
229 - Afirma que a classe
operária cresceu estatisticamente no Brasil lulista, mas agora é muito mais
difícil se organizar enquanto classe. Quantitativamente o cenário parece até
mais promissor, mas qualitativamente não. Cita toyotismo como grande causa
disso, ao menos assim me pareceu.
230 - É a luta que instaura a necessidade de uma
organização mais efetiva e não o contrário.
231 - Fala em novo
cenário da crise estrutural do capital. Não sei bem a que se refere.
232 - Arabel não gostou
da citação: Ja haviam me apresentado por
ai como um leninista heterodoxo, mas ser chamado de ortodoxo mesmo defendendo
que existia uma classe de gestores URSS, que era capitalista, apenas por
defender que a classe trabalhadora é o sujeito revolucionario pela posição que
tem nas relações sociais de produção, por defender a necessidade de uma
estrategia no sentido mais antigo da coisa e defender uma organização com
unidade na politica para conseguir executar, isso dai é coisa nova.
233 - Um comentador diz
que o texto não é profundo, pois deixa de contra-argumentar a crítica
fundamental de Lênin de que as greves e respostas dos trabalhadores tendem a
ser defensivas ou no mínimo bem limitadas, não visando um programa.
234 - Diogo, comentador:
… o aumento de produtividade (com a
mais-valia relativa) passa a ser a forma predominante de obtenção e incremento
da mais-valia. Mas quando esse movimento predomina, a tendência é de expulsão
dos trabalhadores do setor produtivo. Acontece que essa galera expulsa não vai
pra praia pegar sol. Eles precisam recorrer a meios menos produtivos para se
apropriarem da renda geral. Então o trabalho, para essas pessoas, continua
sendo tanto ou mais exaustivo do que nos setores do centro do capitalismo.
235 - Ao fim, há nos
comentários um debate de muitas teses sem muitos desenvolvimentos para a
complexidade que os temas levantados pediriam.
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