PP - Textos Diversos IX

 

Elia Gran e John Tarleton (PP) - Fight For Quinze Dólares e a Mcdonaldização dos Sindicatos nos EUA:

236 - Governadores de Califórnia e New York cederam e vão adotar o novo salário mínimo em 3-5 anos. Causa? Fight for 15$, uma campanha sindical que conseguiu envolver empresas com pouco ou nenhum nível de filiação. O que recebiam não dava para pagar seguro de saúde.

237 - Narra a história. Essa foi a primeira de muitas greves e atos de rua realizados em especial por trabalhadores de fast food que exigiam um salário mínimo de US$15 por hora e um Sindicato. (...) a relevância do Fight for $15 não se deve tanto ao número de funcionários de fast food, lojas de moda, hospitais, empresas do setor de segurança, etc. que envolveu, mas porque ele conseguiu representar o desconforto de mais de 64 milhões de americanos que recebem salários de miséria.

238 - O sindicato que apoiou o movimento com mais força foi o SEIU, o Sindicato Internacional dos Empregados do Serviço. Esta central é a segunda maior do país e forneceu 70 milhões de dólares em recursos para o movimento Fight for $15, incluindo o dinheiro para os organizadores e campanhas midiáticas.

 

Entrevista Com Trabalhadora da GFK Kleiman Signos (PP) - Precarizados em Luta:

239 - A empresa tem uma lista de convocação eventual para trabalho de pesquisa telefônica, que não é uma atividade permanente. Porém, os trabalhadores combativos sofrem manipulação da lista para ficarem lá embaixo.

240 - Perseguição por cobrar salários e valores atrasados…

241 - Também houve várias demissões por perseguição. Então a partir dessas reivindicações a empresa decide despedir a Alessandra e o Fabiano, dois ativistas destes conflitos, e hoje estamos na porta da empresa todas as segundas, quartas e sextas-feiras, de 12h a 15h, com nossa bandeira, panfletos, vendendo comida para os companheiros para poder juntar dinheiro para o fundo de luta.

242 - Processaram a empresa por perseguição sindical também. Na petição, 87% dos companheiros reconheceram a autora do texto como “delegada”, mesmo não sendo algo formal.

243 - O apoio do sindicato mesmo foi tímido. Ajudaram em um protesto. (...) decidimos como agrupamento de trabalhadores precarizados manter as medidas de luta, esperando que os rapazes do sindicato voltem a se aproximar e que a delegada do sindicato na empresa, Natália Fronteira, possa descer do prédio e vir colaborar e dar algum tipo de resposta frente ao que está ocorrendo aqui com a gente.

244 - As mobilizações levaram um ano e houve algumas reincorporações de demitidos. Querem mais reincorporações e fim da lista discriminatória de pontuação.

 

Eugênio Varlino (PP) - Revolta Popular Contra a Tarifa, Nota Sobre os Limites da Tática:

245 - Diz que a revolta inspirou inclusive protestos contra as UPP no Rio de Janeiro em bairros periféricos na mesma época. Nesse sentido os protestos apareceram como forma de liberação e desencadeamento de uma rebeldia mais ou menos instintiva contra a ordem de coisas e contra algumas das facetas mais desagradáveis do capitalismo.

246 - Afirma que a coisa mudou em 2015: O grande número de manifestantes, bem como a forte repressão policial, não mais surpreende e não chega a encher de indignação à população que não participa dos atos e não sente na própria pele a violência gratuita dos policiais, tal como ocorreu em 2013, o que até aqui tem dado certa folga aos governantes e capitalistas do setor de transporte.

247 - A polícia e os governantes aperfeiçoaram as respostas táticas. Passe livre estudantil e melhor bloqueio de rotas de fugas são alguns exemplos em SP. Cercam atos e até evitam que ocorra.

248 - O que mudou é que até o momento esses gigantescos atos parecem exercer uma pressão muito menor sobre o poder público, no sentido deste se ver impelido a atender às reivindicações, se compararmos à pressão que atos até mesmo de igual magnitude exerceram há cerca de um ano e meio.

249 - MPL: … recentemente tem se esforçado, com sucesso, para realizar os próprios Atos na periferia da capital paulista.[8] O intuito é potencializar a amplitude política e geográfica dos protestos, descentralizando-os, o que pode dificultar sua repressão policial e reforçar a pressão sobre o poder público.

250 - Ao oferecer espaços de mobilização e de organização da classe, o MPL e outras organizações buscam superar um dos supostos limites das revoltas de 2013: a falta de espaços organizativos capazes de garantir o maior envolvimento da classe trabalhadora como um todo (desempregados, trabalhadores informais e assalariados de carteira assinada), não apenas nos protestos de rua, mas em articulação com as lutas específicas nos locais de trabalho e moradia.

251 - Em 2013: Foi um belo começo de generalização da revolta popular, mas os trabalhadores não conseguiram manter e estender maciçamente essa revolta popular nas periferias e locais de trabalho, criando assim as condições para uma radicalização das lutas que chegasse a tomar a forma de uma greve geral constitutiva de órgãos de poder popular, o que certamente levaria à contestação de bem mais que os 20 ou 50 centavos da tarifa.

252 - Um comentador ressalta que manifestação de rua não é revolta popular, que é quando o governo recua para restabelecer a ordem frente a ameaça de caos e descontrole total. “Esse elemento que caracteriza a ‘revolta’, a quebra da ordem, a fuga de controle, é essencial a meu ver para definição dessa “tática”. Mas no texto aqui ela aparece apenas como se fosse manifestações que bloqueiam ruas. Acho portanto que aqui se fala de tática de manifestações de rua, e não de revolta.”

253 - O autor critica o MTST: Fizeram isso mesmo! E junto, na sequência, houve ainda o oportunismo do MTST próximo à Copa, com um ato de umas 20 mil pessoas em SP, mostrando que tinha capacidade de mobilização e depois disso usando disso como moeda de troca na negociação para não realizar atos durante a copa, em troca de prioridade no MCMV – Entidades…

 

Ex-Bancário (PP) - Apontamentos Sobre Lutas nos Locais de Trabalho:

254 - Texto de 2015 que não vê ascensão atual de lutas. De toda forma, por fora das greves ritualísticas institucionalizadas, ganharam notoriedade nessa última década no Brasil apenas as lutas em algumas grandes obras, como em Jirau e Santo Antônio, onde a concentração de operários remonta à do período fordista e a disciplina foi re-imposta com a ajuda da presença permanente da Força Nacional.

255 - Coloca que os trabalhadores bancários não pareciam tão animados com o movimento de greve e luta coletiva quanto às cúpulas do sindicato, limitando-se a só se importar mesmo com o aumento salarial e de benefícios monetários recebidos.

256 - A apatia e a monetização nesse sentido são reflexos de um realismo, de uma percepção de impotência que não é falsa, já que os trabalhadores não veem nos fatos a possibilidade de transformação.

257 - Sobre adicionais de risco: A monetização é assim a contrapartida material da impotência.

258 - Conscientização não resolve. Às vezes se sabe que a coisa é errada. Para romper o fatalismo, é “necessário que ele experimente uma nova condição de vida e trabalho”.

259 - No pólo químico de Porto Marghera os trabalhadores chegaram a auto-organizar a redução da jornada de trabalho, o que obrigava as empresas a contratar mais funcionários para o turno que havia sido criado pelos próprios trabalhadores. Essa autorredução da jornada era a forma direta e prática de reduzir a exposição ao ambiente insalubre das fábricas.

260 - Essas lutas nos locais de trabalho eram organizadas e decididas diretamente pelos próprios trabalhadores, sem participação dos sindicatos, numa expressão por excelência de autonomia operária. Aos sindicatos restava o papel de coordenação nacional da negociação e das ações externas aos locais de trabalho. Como ressalta Gianni Sbrògio, ex-operário de Porto Marghera: “frequentemente a passividade operária pode ser superada, pois ela apenas traduz uma ausência de referências políticas e organizativas alternativas ao sindicato”.

261 - Partir das questões concretas que afetam o cotidiano dos trabalhadores é lição sabida e indispensável. Não é o trabalhador que tem que se transformar em um comunista para lutar, é o militante comunista que tem que ser um trabalhador, ser um igual, compreender os paradoxos e contradições que ele enfrenta na atividade, suas angústias, os valores do seu ofício para, a partir daí, perceber as possibilidades de ação e mobilização, e como igual se tornar uma possível referência.

262 - Hoje é mais difícil: Ligada a essa tendência a terceirização no setor avança, pulverizando ainda mais os locais de trabalho e dividindo ainda mais a categoria.

263 - Pequenas estratégias: Explícita ou implicitamente, em curtos diálogos durante a jornada de trabalho, alguns trabalhadores “combinavam” o cumprimento parcial ou o não cumprimento de uma determinada meta, ou trocavam informações sobre dificuldades que poderiam ser alegadas para justificar o não cumprimento. Algumas vezes, em grupos mais entrosados e que conviviam há mais tempo, esse tipo de combinação ocorria de forma quase imperceptível, apenas através de pequenos sinais, como uma frase curta ou algum comentário discreto.

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