Fagner Enrique (PP) - Mário Pedrosa e o Golpe de 1964 II
(continuação...)
298 - Ademais, o nacionalismo econômico entra muito em voga enquanto ideologia.
299 - Mesmo com os desfalques - que levaram a pessoas nos EUA dizerem que eles é que eram explorados pela América Latina - o governo americano, continuou a fazer, por conta própria, empréstimos à AL: Para o governo americano, contudo, trata-se de uma decisão pensada para minorar os efeitos da crise econômica: o governo interveio “para encontrar sobretudo os meios dos latino-americanos continuarem pelo menos a comprar produtos norte-americanos”.
300 - Ainda se preocupavam em expulsar os alemães das oportunidades de negócios.
301 - O Estado vira, portanto, um empreendedor imperialista privado a fim de salvar o imperialismo americano. “Pela primeira vez na história do imperialismo americano”, escreve Arthur Pincus, citado por Pedrosa, “a conexão devedor-credor foi tomada a Wall Street e trazida à esfera das relações intergovernamentais, com os vinte países hispano-americanos, vinte países devedores, como Estados e os Estados Unidos, a única nação credora, como um Estado”.
302 - [15] Id., ibid., p. 45. Em outra citação de Pedrosa do economista Samuel Bemis, lê-se: “os Estados Unidos emprestaram cerca de dois bilhões de dólares às repúblicas latino-americanas entre 1920 e 1928. Antes de findar 1938, já haviam recebido um bilhão e quatrocentos milhões de dólares como pagamento de juros e principal da dívida, ao mesmo tempo em que se estimava o mercado das dívidas em suspenso em quinhentos milhões de dólares. Uma perda líquida de capitais se deu, pois, de cem milhões de dólares (1,5 por cento). Bom resultado, comparado à contração da renda nacional provocada nos Estados Unidos pela crise (id., ibid., p. 45)”.
303 - Em suma, a intervenção “inortodoxa” do Estado, dando novo fôlego ao mecanismo das trocas através de “doações”, “presentes”, se fazia, então, necessária, segundo Pedrosa, pelo fato de se ter concentrado, num só país, todo o capital exportável [24].
304 - Roosevelt suspende a emenda Platt e inaugura a política da boa-vizinhança (até com a URSS de certa forma) já temendo uma Segunda Guerra com Hitler. ... E os governantes e capitalistas latino-americanos chegavam, até mesmo, a se iludir, quer com a dimensão do seu novo poder de barganha, quer com a duração dessa dependência dos Estados Unidos em relação à América Latina.
305 - Muitos capitalistas privados nos EUA desaprovaram todo esse imperialismo de Estado (e capitalismo de Estado) de Roosevelt, coloca.
306 - Porém, é preciso levar em conta que, apesar de tudo, as corporações privadas americanas nunca perderam, para o Estado, o monopólio dos mercados e das fontes de matérias-primas.
307 - Um dos objetivos dos EUA, em documento, com a cooperação é inclusive dotar a América Latina de algum desenvolvimento para que pague sua dívida.
308 - O ponto alto da ameaça alemã à hegemonia continental americana foi o ano de 1937, quando “a Alemanha atingia o auge de sua ofensiva no sentido de açambarcar o mercado latino-americano” [1]. Em 1937, “a Alemanha tomava o primeiro lugar, isto é, o lugar dos Estados Unidos, como fornecedor do Brasil” [2] e “desafiava Washington, comercialmente, politicamente, em toda a América Latina” [3].
309 - Estado Novo: Os integralistas desfilaram fardados diante do Palácio da Guanabara, em frente a Getúlio Vargas, que lhes fez a saudação integralista.
310 - O Brasil era estratégico - inclusive geograficamente - dizia um relatório. E a construção da usina de Volta Redonda teve a ver com esse aliciamento (entre outros empréstimos). Além do mais, os Estados Unidos não se limitaram a financiar o empreendimento, pois que, através do Export Import Bank, supervisionavam todos os investimentos e forneciam, ainda, assistência técnica, bem como todo o equipamento necessário.
311 - Os EUA voltar-se-ão, então, para a reconstrução da Europa. Durante a Segunda Guerra Mundial, a balança de pagamentos passa a ser favorável aos países latino-americanos e verifica-se um acúmulo de saldos em ouro e divisas, o que fez parecer que o caminho para o desenvolvimento havia sido, enfim, encontrado [29]. Mas, infelizmente, para os países latino-americanos, a guerra teria fim e, com ela, a cooperação econômica e financeira dos Estados Unidos.
(continua...)
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