Dados e Fatos (Mundo) - Parte XXIII - Irlanda e Mito Liberal

 Le Monde Diplomatique Brasil - As Verdades Sobre a Irlanda e o Mito Liberal:

449 - Tecnocratas de todo o mundo - Colômbia, França, Lituânia, Jamaica, Reino Unido… Aqui no Brasil sei de Meirelles... - citam o “exemplo irlandês”! País pequeno - quatro milhões de habitantes.

450 - Motivo: “entre 1994 e 2004, o crescimento médio do Produto Interno Bruto (PIB) atingiu 7 %, um desempenho duas vezes superior ao da economia estadunidense. Três vezes mais rápido que o da zona do euro.”

451 - Diz que adotaram o imposto para empresas mais baixo da Europa (é o nosso IRPJ, de 34% no máximo). Ademais, fizeram um pacto pela “moderação sindical”. (não sei bem como foi, pois não detalha).

452 - (Antecipo que já vi no google que o país se ferrou na crise e só agora voltou ao nível de PIB per capita que tinha em 2006/07. Voltou a crescer a partir de 2014. A receita principal foi corte de gastos e desvalorização do euro pra crescer com as exportações. Dívida pública estava em 120% em 2012/13 e agora vai para 100% do PIB. Segundo o “Mises” o gasto público desceu de 65% do PIB em 2010 para 33,9% do PIB em 2015!!! Esses 65% aí foi para salvar o sistema financeiro em 2010, pois não era antes um país de grandes déficits. Em 2011, já tinham caído pra 45% os gastos. Enfim, cumpriu a “troika”. Parece que faltou o “IMB” falar que os Juros que o BCE irlandês praticamente doou a Irlanda foram generosíssimos e que o empréstimo foi de 13% do PIB e de longo prazo. O IRPJ baixo foi mantido durante a crise)

453 - Ainda Google: alguns são céticos quanto à recuperação recente da Irlanda, para além do motivo “BCE” que já citei acima. Compartilho o excelente trecho: “– Os principais parceiros comerciais da Irlanda são a Inglaterra e os EUA que, no período em questão, registaram crescimento económico rápido, em contraste com o que ocorreu com os principais parceiros económicos de Portugal (com a excepção de Angola, antes da queda dos preços do petróleo). O desempenho dessas economias permitiu à Irlanda crescer através das exportações;

– A Irlanda registou entre 2008-2015 uma melhoria das suas contas externas de 12 pontos percentuais do PIB. Este tipo de política macroeconómica é do tipo “beggar thy neighbour”: não é possível a todos os países passarem simultaneamente de países deficitários a excedentários e, para a Irlanda o poder fazer, outros países no mundo viram as suas contas externas agravarem-se”.

– O regime fiscal da Irlanda atrai muito investimento directo estrangeiro (e.g., Apple), sobretudo dos EUA, porque permite que as grandes multinacionais quase não paguem impostos. Isso significa que o emprego e o PIB são, em parte, determinados pelo que ocorre a essas grandes multinacionais. Ou seja, o desempenho da Irlanda é muito mais o resultado do desempenho das grandes multinacionais que estão localizadas na Irlanda – não “por acaso” – do que das políticas de austeridade impostas pela troika. Gostaria de ter tempo pra testar a veracidade de todos esses razoáveis argumentos.

454 - ...Outro soltou: “Na Irlanda, olhar para o PIB pode ser enganador. Existe uma diferença de 23% entre o PIB e o Produto Nacional Bruto”. Acrescentando o diário: «A capacidade irlandesa de atrair empresas para o país é um dos principais motivos para uma saída mais rápida da crise. Com um stock de Investimento Directo Estrangeiro superior a 140% do Produto Interno Bruto (PIB) e uma procura interna ainda débil devido aos esforços de austeridade, a Irlanda vai para onde forem as suas multinacionais.»

455 - Da série “assim é fácil”: “A Irlanda acedeu ao lugar de primeiro paraíso fiscal mundial em termos de repatriação de lucros (à frente das Bermudas): esses chegaram a 20 % do PIB. Nessas condições, os economistas preferiram medir a atividade irlandesa com base no Produto Nacional Bruto (PNB) ao invés do PIB. Pois, apesar do seu tamanho (apenas 1% da população europeia), a Irlanda atraiu um quarto dos investimentos americanos ligados à abertura de novos empreendimentos.”

456 - “Diminuição do salário do funcionalismo (até 20 %), redução dos auxílios para as famílias de 10 %, e amputação semelhante de todas as prestações sociais. Quando, em fevereiro de 2010, a Europa estimou que a Grécia deveria “ir ainda mais longe” na austeridade orçamentária, foi com toda naturalidade que a Alemanha a aconselhou a “imitar a Irlanda””.

457 - Le Monde disse que o FMI pregou cada vez mais cortes para resgatar a confiança. Em 2010, mais uma vez. Agora eu entendo a escada 65-45-35. FMI não achava “45” suficiente.

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