Dados e Fatos (Mundo) - Parte V

Dossiê Sobre a Bolívia:

76 - São relatos da efervescente Bolívia dos meses antes da queda de Banzer, em 2001.

77 - Na época, era 50% de indígenas e 60% de campesinos. Não sei hoje.

78 - País monoprodutor. Primeiro a prata, depois o estanho. Agora a coca.

79 - Em 1952 milícias operárias e camponesas, destruíram o exercito da oligarquia local, enxotando os barões do estanho de suas mansões palacianas; porém essa insurreição foi castrada pelos nacionalistas burgueses.

80 - Fala de movimentos insurgentes em 71 e 85 que chegaram a estabelecer poder dual, ocupar sedes de governo e exigir o fim do capitalismo. Não sei se há exagero.

81 - Em 2000 explodiram revoltas e piquetes contra Banzer. "Não foi raro contemplar assembléias com mais de 25.000 camponeses que decidiam que rumos deveria tomar o movimento."

82 - Os dirigentes sindicais, com seu democratismo e vassalagem aos partidos burgueses arrastaram a COB e o movimento operário à passividade, não surpreendendo sua ausência.

83 - Critica o personalismo de Evo Morales e Quispe que frearam o movimento ao aceitar acordos em que o governo fazia concessões. Em outro texto os chamam de meros oportunistas.

84 - Cenário de governo acuado: “Os alteños, realizam manifestações buscando a expulsão das multinacionais que lucram com a água e a eletricidade. O povo de Oruro está mobilizado para impedir a venda às multinacionais da fundição de Vinto. Desempregados de empresas estatais ocupadas estão resistindo à polícia, reclamando que não tem porque desocupar e que a empresa é deles. Enquanto isso, cocaleiros e camponeses do altiplano ameaçam com medidas de fato para os primeiros meses do ano 2001.”

85 - Após, trata da marcha ocorrida no início de 2001, a C.O.M.U.N.A.L., que percorreu 500km até La Paz e foi duramente reprimida. Chegando à capital, após mais uma repressão (O resultado foi o assassinato de um trabalhador e de uma anciã e pancadaria generalizada), convocou greve geral e paralisação de estradas.

86 - Desempregados, devedores (que querem anular dívidas com os bancos), professores, transportadores; empregados da principal asseguradora médica estatal... Vários aderiram à greve.

87 - Banzer, temendo os 4000 bolivianos em marcha, fechou acordo com a COB - Central Obrera Boliviana. Buscou setores para isolar os camponeses produtores de coca do Chapare, que iniciaram uma marcha para a sede do governo e depois bloquearam a estrada entre Santa Cruz e Cochabamba, tudo para se opor à erradicação do cultivo dessa planta

88 - Faz a seguinte acusação a respeito dos acordos da burocracia: “A Coordenadoria da Água, organização de base que expulsou as multinacionais, e de latente potencial autogestionário, foi desfigurada nas mãos do neo-dogmatismo, assaltada por uma gangue de oportunistas de raiz bolchevique, que em conluio com a direita, dividem os lucros.”

89 - Uma das maiores limitações da greve geral, além da restrita pauta de reivindicações e da desorganização deliberada imposta pela burocracia, foi a não adesão do proletariado industrial à mesma - os outrora combativos mineiros e os petroleiros. A greve ficou reduzida fundamentalmente a trabalhadores de serviços e camponeses cocaleiros.

90 - Os mineiros hoje são apenas 10% do contingente de antes. A crise do estanho cortou os empregos.

91 - O bloqueio de estradas avançou em junho de 2001 e os militares passaram a deter dirigentes sindicais.

92 - Na segunda-feira, 2 de julho, centenas de pequenos devedores ocuparam um edifício bancário armados de dinamite, gasolina e molotov, retendo 60 burocratas. Exigiam o cancelamento total de suas dívidas, acusando o banco de usura. A participação de anarquistas feministas foi vital para o desenrolar dos acontecimentos. O governo os prendeu após negociação fingida. Ocorre que os protestos de rua fizeram com que os soltassem (ao menos naquele momento).

93 - Os devedores são cerca de doze mil famílias.

94 - Em 6 de agosto, Banzer renunciou por motivos de saúde - câncer que o mataria nove meses depois.

95 - O último informe traz uma curta biografia horripilante do tal Banzer. Só um trechinho: “Os dados levantados pelas organizações de direitos humanos mostram que, no mínimo 300 foram executados, 200 desaparecidos, entre 1971 e 1978; 14750 pessoas encarceradas por "ofensas ao regime"; 19140 foram obrigadas a sair do país; a imprensa foi reprimida: 68 jornalistas exilados, 32 presos, 20 emissoras sofreram intervenção; os sindicatos colocados na ilegalidade; as universidades fechadas.

96 - A Transparência Internacional chegou a elencar a Bolívia de Banzer como o segundo Estado mais corrupto do mundo.

97 - Mas o gorila Banzer não apareceu do nada, nos anos 70 seus apoios foram o imperialismo norte-americano, o vaticano, a ditadura brasileira e a burguesia nacional.


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