Dados e Fatos (Mundo) - Parte X

 

Auschwitz - O Grande Álibi - Atalho:

189 - Texto de 1960. Critica a explicação do nazismo pela maldade de indivíduo “x” ou grupo “y”. Seria idealismo burguês.

190 - Defende que guerra no capitalismo é sempre explicada pela “superprodução sempre crescente”. Também pela “superpopulação”. (tenho sérias dúvidas disso, dá pra ser tão determinista assim? O comportamento humano é tão “unicausal”, digamos assim? Isso me lembra o texto sobre o time do Leicester que li há algumas horas...)

191 - Afirma que o antissemitismo alemão, no contexto de arraso econômico imposto pela derrota na primeira guerra, veio na própria identificação do judeu com a pequena burguesia. “Diante da horrível pressão econômica, da ameaça de destruição difusa que tornavam incerta a existência de cada um de seus membros, a pequena burguesia reagiu sacrificando uma de suas partes, esperando assim salvar e garantir a existência das outras. O anti-semitismo não deriva de um "plano maquiavélico" nem de "idéias perversas": ele resulta diretamente da coerção econômica. O ódio aos judeus, longe de ser a causa de sua destruição, é apenas a expressão desse desejo de delimitar e de concentrar sobre eles a destruição.”

192 - Hoje em dia não vemos algo parecido com a questão da imigração?

193 - Na Alemanha, os judeus preenchiam as "condições exigidas" e eram os únicos a preenchê-las: eram quase exclusivamente pequenos burgueses e, na pequena burguesia, o único grupo suficientemente identificável.

194 - Antes da guerra… “É então que começa a liquidação econômica dos judeus: expropriação sob todas as formas, exclusão das profissões liberais e da administração pública etc. Pouco a pouco, os judeus são privados de todos os meios de existência: vivem com as reservas que puderam salvar.

195 - Os países não queriam abrigar pequenos burgueses arruinados fugidos. Só uma parte conseguiu deixar a Alemanha portanto.

196 - Diz que o extermínio dos milhões de judeus foi uma necessidade econômica do capitalismo, pois se tornaram força inútil durante a guerra. (Achei que faltaram os argumentos definitivos, mas os que seguem são até razoáveis…)

197 - Cita o fato (que JB já citou) de que o nazismo queria vender um milhão de judeus por 10 mil caminhões… Mas os aliados não os queriam nem de graça. Ou seja, até os nazistas se deixaram enganar pela propaganda humanitária das potências aliadas. Eichmann foi quem tentou articular esse acordo. Cita a fonte até.

198 - Joel Brand era um “resistente” que tentava articular fugas de judeus. Levou a proposta de Eichmann aos quatro cantos já que a mera assinatura já implicava envio de 100 mil judeus num ato de boa-fé… Quando tudo falhou, “Joel Brand havia entendido, ou quase. Entendera as conseqüências da situação, mas não suas causas. Não era a terra que os excluía, mas a sociedade capitalista. E não por serem judeus, mas por terem sido rejeitados do processo de produção, por que eram inúteis para a produção de mais-valia.”

 

Crítica da Ideologia da Autonomia (Texto Coletivo) - Atalho:

199 - Dá a seguinte lista de recomendações do últimos relatórios do Banco Mundial: “de ampliação da participação social nos orçamentos, de construção de mecanismos de controle sobre os gastos públicos e prioridades de investimentos por parte dos cidadãos (com prioridade ao combate à corrupção), de políticas públicas e projetos não-governamentais que estimulem a auto-organização em cooperativas de produção e consumo mercantil, de ações voluntárias de solidariedade comunitária, de formas autônomas de auto-sustentação e inclusão no mercado, de auto-administração em aspectos variados da vida social etc.”

200 - Além da Hungria, dos tchecos e do maio de 68, “Já em 1953, na Alemanha Oriental, os operários metalúrgicos de Berlim insurgem-se contra a ditadura stalinista exigindo um "governo dos metalúrgicos".

201 - “Não é bem assim” ou “é isso mesmo”?: Particularmente, sobre esse último aspecto, é notável como houve todo um giro no cinema e na publicidade das mercadorias oferecidas, cujas temáticas passaram a mobilizar os anseios de liberdade e independência e a buscar ultrapassar determinados tabus morais tradicionais; nesse momento também cresce e se afirma o chamado "cinema de arte", como contraponto à contestação ao lixo cultural mercantil, e a contracultura surge como um novo nicho de mercado. A recém descoberta categoria sociológica da "juventude" passou a ser um conceito mercadológico central. A natureza aparece como novo cenário do turismo e do lazer, em resposta ao nascente movimento ecológico anticapitalista. A irresponsabilidade moral, o individualismo, o egoísmo argumentado são apresentados como resposta às demandas de autonomia individual. As artes das neovanguardas são levadas para os museus e exposições oficiais, para fazer companhia às obras do modernismo do início do século.

202 - “Ah, mas é só compra e venda que minha cooperativa faz… Sem essa de lucro”. A simples circulação de mercadoria exige dinheiro e, por sua vez, a existência de compra e venda de força de trabalho (para ter esse dinheiro).

203 - Ademais, qualquer cooperativa compra bens de consumo ou bens de produção de grandes produtores…

204 - Por último… A disciplina para o trabalho e experiência educativa que este proporciona não deixa de ajudar na qualificação de mão-de-obra para o mercado de trabalho.

205 - (Enfim, é reconhecer que os pequenos produtores podem ser úteis aos interesses dos grandes também, que poderão recrutar ou não mão-de-obra futuramente, por exemplo. As tarefas que não são tão lucrativas quanto as “atividades-fins” ficam para esses pequenos produtores. O grande capital não precisa se expandir em tudo se isso levar a alguma perda de eficiência/rentabilidade. Foi assim que interpretei).

206 - Diz que o “combate à corrupção” é para que as transnacionais possam eliminar esses custos extras nos investimentos. Dividir o “lucro” com os políticos e burocratas da vida. Não crê que isso vá alterar alguma coisa para o trabalhador. Porém, este é invocado a fazer o “controle cidadão”.

207 - (Por sinal, eu ainda tenho sérias dúvidas sobre este raciocínio. Afinal, uma possibilidade de rentabilidade maior, graças a um tal grau de diminuição da corrupção, não poderia permitir algum aumento de capitalistas competidores? Desde que fossem competidores de fato… Talvez sim, penso. Isso levaria a um preço menor para o serviço. Menos imposto, etc.)

208 - Desde que os produtores de mercadorias não estejam associados todos, não há problema grave para o capitalismo. Essa autonomia de grupos contra grupos permite a lógica do capital a continuar se impondo.

209 - Defende que mais importante que ter um ideal a impulsionar (e, por sinal, a luta nem se trata disso) é agir para negar aquilo que me/nos/lhe nega enquanto o que somos (ou podemos ser). É a experiência cotidiana de negação daquilo que nos nega.

210 - Fala sobre ser previsível. Que a importância da malícia é para que não o sejamos. Porém, não pode deixar de observar que “Baltasar Gracián, em A arte da prudência, na máxima 13, diz: "Agir com intenções: seja segunda ou primeira. A vida do homem consiste numa milícia contra a malícia do homem. A astúcia luta com estratégias de intenção. Nunca faz o que indica. Aponta para enganar, golpeia indiferente no ar e desfere o golpe, atuando sobre a realidade imprevista com dissimulação atenta. A fim de conquistar a atenção e a confiança dos outros, deixa transparecer um intento. Logo em seguida, porém, muda de posição e vence pela surpresa. A inteligência perspicaz previne-se da astúcia observando-a detidamente, espreita-a com cuidado, entende o oposto do que a astúcia quis que compreendesse e percebe de imediato as falsas intenções. A inteligência ignora a primeira intenção, aguardando a segunda, e até a terceira. A simulação cresce mais ainda ao ver seu truque descoberto e tenta enganar contando a verdade. Muda de jogo, engana com a aparente falta de malícia, sua astúcia se baseia na maior franqueza. Mas a observação se adianta, discernindo através de tudo isso e percebendo as sombra envoltas em luz. Decifra a intenção, que parece mais singela"

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