Dados e Fatos (Mundo) - Parte XVI

 

DOIS Por Cento da População Tem Metade do PIB Mundial:

324 - Creio que o dado é de 2009. E metade da população mundial tem apenas 1% do patrimônio mundial…

325 - Hoje as desigualdades de patrimônio são muito maiores que as de rendimento.

326 - Eu diria que só 10% da população mundial possui um patrimônio razoável. “O escalão intermediário, com um patrimônio igual ou superior a 61 mil dólares (50 mil euros), abrange somente 10% do universo populacional.”

327 - As Nações Unidas identificaram uma pequena elite de favorecidos, constituída por 13 milhões de indivíduos que possuem fortunas iguais ou superiores a um milhão de dólares. Entre estes, existe um clube ainda mais fechado de super-ricos, cujo patrimônio é avaliado em mais de 1 bilhão de dólares. Em todo o mundo há 499 magnatas deste tipo.

328 - Na China, segundo o presente estudo, esta relação ronda os 40%. Ou seja, dez por cento dos mais abastados detêm menos de metade do patrimônio particular.

329 - No ano 2000, a riqueza acumulada no planeta elevou-se a 125 trilhões, ou seja, o equivalente ao valor da produção mundial durante três anos. (...) Nos Estados Unidos, a riqueza média por pessoa era, no ano 2000, de 114 mil dólares, e no Japão atingia 181 mil dólares. Em contrapartida, na Índia, os ativos por habitante não passavam de 1.100 dólares, elevando-se um pouco mais, na Indonésia, para 1.400 dólares.

330 - (Achei o dado acima interessantíssimo por mostrar que a acumulação patrimonial depende muito do atingimento de um nível básico de rendimento a partir do qual torna-se possível “poupar”, investir, etc. Talvez seja por isso que Gianetti creia que atingir 10 mil dólares o PIB per capita seja tão essencial à felicidade e que valores acima disso causam uma proporção menor de crescimento da felicidade. Será também que isso explica as dificuldades de movimentos revolucionários em atingir grandes dimensões nos países ricos, pela associação “comunismo-perda patrimonial”?).

 

Lula, Política Internacional, Venezuela, Imprensa, Desarmamento:

331 - Afirma que os EUA só “exportam” armas e soldados… O presidente do Timor Leste, jornalista e poeta Ramos-Horta, me informou que os EUA pressionaram-no para que não recebesse os 350 médicos cubanos que lá estão reconstruindo a nação timorense do mais cruel genocídio da era moderna, proporcionalmente falando.

332 - Não há também a menor vontade de informar que o Hezbolah é um movimento político, que tem praticamente a metade do Parlamento do Líbano, que tem cargos no governo libanês, administrando boa parte da política de saúde e de educação daquele país de preciosa presença na formação do nosso povo.

333 - Faz algumas acusações sem citar fonte. Aí nem me animei a anotar. Como jornalistas torturados e presos na Colômbia, México e Honduras de Michelleti.

334 - Observa que a RCTV continua como canal fechado. “Nos EUA centenas de concessões foram revogadas desde meados do século passado. Na França, o presidente Chirac também não renovou concessões. Na Inglaterra de Thatcher, idem. Por que será que contra estes países não houve a escandalosa campanha midiática mundial que se fez contra Chávez?”.

 

Gabriel Passetti - Aborígines e Estado Australiano:

335 - Os aborígenes são 2% da população australiana e uns 350 mil no total.

336 - Quando os ingleses chegaram à Austrália, em 1788 – pouco depois de perderem suas principais colônias, os atuais EUA – aquela região era povoada por mais de 2000 diferentes etnias, que viviam lá a mais de 150.000 anos com uma forma de vida bastante arraigada à terra: eram em sua maioria caçadores e nômades, tendo sacralizado alguns fenômenos naturais e acidentes geográficos.

337 - Acharam ouro e se intensificou a migração, o que desestruturou a sociedade aborígene. Massacre das armas e principalmente das doenças os dizimou rapidamente.

338 - A independência veio em 1905. Naquela época, os coelhos que os ingleses trouxeram, por falta de predadores naturais, começaram a se reproduzir em larga escala e incomodar as plantações dos muitos fazendeiros. O que fizeram? “o governo construiu uma gigantesca tela de proteção que dividia o país em dois: um civilizado, branco, agrícola e à prova de coelhos; e o outro, selvagem e infestado de coelhos.”

339 - Dentro deste contexto, as populações aborígines eram empurradas cada vez para mais longe. Afastadas de suas regiões de origem, sem poderem caçar nem manter sua vida nômade, muitas etnias passaram a depender diretamente das rações alimentares e de vestimentas oferecidas pelo governo.

340 - Quando os nativos podiam entrar nas “cidades” era sem os mesmos direitos civis…

341 - Selecionavam, ainda, crianças aborígenes em campos de concentração para aprenderem a viver como brancos e serem adotadas… (há uma série de proibições, como a de usar a lingua nativa, e rigor disciplinar) Desde que fossem mestiças e casassem com brancos a fim de fazer seus traços sumirem em três ou quatro gerações…

342 - … A ideia era impedir o “surgimento da terceira raça”. A mestiçagem. Haveria apenas brancos e aborígenes na Austrália, estes afastados e em proporção cada vez menor. Enfim, um plano terrível. Em 1951 a lei passou a incluir os aborígenes “não-mestiços”. E em 1972 a lei foi abolida…

343 - Em 1997, a Justiça Australiana havia deliberado que o ocorrido com as “gerações roubadas”, havia sido um genocídio. Porém, negou quatro pedidos de ressarcimento estatal aos descendentes destas pessoas e de seus familiares. A alegação foi de que os pais haviam consentido com a retirada das crianças. Há imprecisões, pois estes pais eram analfabetos, e muitas vezes nem compreendiam o idioma inglês. Sua “assinatura” era na realidade um “X” em uma folha.

344 - Sobre o filme “Geração Roubada”: Para os conservadores, o filme é injusto com aqueles que apenas queriam levar o bem para os bárbaros. Para os descendentes dos nativos, o filme foi ainda brando de mais com pessoas que na realidade teriam sido ainda mais sanguinárias e preconceituosas.

345 - O Protetor-Chefe dos Aborígenes, sempre com a bíblia na mão, é retratado como uma pessoa que realmente acreditava estar fazendo o bem.

346 - O imperialismo sempre usou no mínimo dois modelos de neutralização de populações nativas. Um era segregar e incentivar o crescimento populacional branco acima das demais. O outro? “O segundo modelo foi aquele aplicado no Oeste dos EUA e na Argentina, por exemplo: extermínio – com o uso das mais modernas tecnologias, o Estado tinha o direito de eliminar o sangue impuro e bárbaro das terras até aquele momento improdutivas.”

347 - Escondendo enormes interesses econômicos e um enorme preconceito racial, as elites “civilizadas” de todo o mundo, do século XIX ao XX, aplicaram com maior ou com menor intensidade um projeto que visava manter sob seu controle uma quantidade cada vez maior de recursos, enquanto que paralelamente dizimavam as populações nativas para conseguir suas terras e ao mesmo tempo alcançar o inalcançável e o inútil: a pureza racial. Hoje em dia, todo este processo pode ser descrito como “consolidação dos Estados”.

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