PP - Textos Diversos XXXVIII
Um Trabalhador (PP) -
Mais Um Dia na Linha de Montagem:
1157 - Utilidade real da
greve em alguns casos: Nem sempre o negócio
é esse, no entanto – assim com o negócio de um mini-chefe não é o funcionamento
100% correto dos processos. O negócio algumas vezes é poder e dinheiro.
Demonstração de poder diante dos patrões para conseguir uma posição de diálogo
privilegiada ou mostrar mais competência que os atuais interlocutores. Dinheiro
para sustentar esse poder, esse destaque à revelia daqueles que trabalham para
que a grana exista e circule com legitimidade. São milhares de reais e algumas
oportunidades preciosas de sentar à mesa com figurões. A situação é duplamente
benéfica. Para o patrão, algumas reuniões e benesses (de milhares de reais que
sejam) sindicais custam muito menos que míseros 10% de aumento para um conjunto
de trabalhadores que ainda pode querer mais por ter conseguido um tanto. Para o
representante, um pequeno desgaste de levar “a base” no banho-maria custa muito
menos que o risco de uma ousadia recompensada com destituição ou perda da
interlocução que dá sentido à sua existência… afinal, conseguindo algo por suas
mãos, é bem possível que os trabalhadores decidam que querem ainda mais e que
não necessitam de intermediários.
1158 - Como criar momentos de organização livres
dos olhos de quem tem outros interesses – aqueles encontros que já somos tão
bons em criar no nosso cotidiano de trabalho pra resmungar ou rir juntos?
Unity and Struggle (PP) -
5 Formas para Construir Um Movimento Depois de Ferguson:
1159 - O Presidente Obama passou uma lei para
colocar câmeras no uniforme dos policiais, mas isso não impediu os policiais de
continuarem matando pessoas negras. O assassinato de Eric Garner foi flagrado
pela câmera assim como muitos outros e isso não salvou a vida dele. Muito pior,
essa reforma pode ser usada contra as pessoas que supostamente deveria
proteger: um estudo recente revelou que as câmeras no uniforme ajudam muito
mais a polícia do que suas vítimas.
1160 - As forças policiais se desenvolveram nos
Estados Unidos para capturar escravos fugitivos, acabar com greves e prevenir
multidões famintas de tomar aquilo que precisavam para viver.
1161 - Quando nós decidimos se alguém está certo
baseando-se apenas na sua identidade, nós impedimos o movimento de crescer
através da experiência e do debate.
1162 - Para
superar a polícia, a supremacia branca e o capitalismo, nós teremos que ocupar
os escritórios do Estado, as prefeituras, as estações da polícia; tomar as
nossas escolas, locais de trabalho e sistemas de transporte; e prover educação,
saúde, transporte, bens e serviços de graça para nossas comunidades.
V V (PP) - Emancipação ao
Contrário, Relato de Dois Ex-Trotskistas:
1163 - Minha relação com o partido sempre se
pareceu com minha relação com a Igreja, em ambos eu frequentava mas não
contribuía ($) e ouvia todo sermão sem questionar, apesar de não entender porra
nenhuma do que diziam, mas nunca deixei de cumprir minha obrigação revolucionária
de votar “sim” nas deliberações da direção.
1164 - Mas tanto a minha mãe quanto o meu amigo da
fábrica estavam errados, nunca me arrependi, aprendi muito sobre mim neste
período, nunca imaginei que nascer negra, pobre, mulher e lésbica seria tão
valorizado, o partido foi o espaço em que me senti no topo da estratificação
social, neste curto espaço de tempo vivi numa pirâmide invertida, a lógica era
do quanto mais fodido melhor. Demorei para entender o porquê, mas minha teoria
é que o sonho de todo partido de esquerda é ser o PT e ter um Lula.
1165 - Outro relata que
seu papel no partido era vender jornal, não se meter no dinheiro do fundo
partidário e ler os materiais que vinham do topo para a base como “formação
política”. Havia documentos para a base e documentos para a direção. Isso mesmo
nas teses da vida. Carta de desligamento então… nem se fala. Só por fora do
partido para ler.
1166 - Formação
cartilhesca: Eu não vi, por exemplo, as
diferentes concepções do que é o Estado na obra do Marx. Aprendi que ele
formulou uma única concepção e que Lênin, muito acertadamente, adotou, assim
como o Partido Bolchevique, assim como Trotski, que também a adotou na IV
Internacional, e pronto.
1167 - O centralismo
democrático envolvia inclusive punições a desvios.
1168 - Lembro-me também como certa vez uma reunião
do núcleo em que eu participava foi transformada em um tribunal e que este se
arrastou por várias reunião porque discutíamos o que fazer com um ex-militante
que havia ficado com dinheiro do partido. O caminho adotado para o caso foi
dar-lhe uma surra como forma de forçá-lo a devolver o dinheiro, já que por
semanas se recusou a fazer. (...) Esta política não foi efetuada porque aquele
ex-militante não demorou muito a entrar em outro partido, e este outro era um
partido com o qual logo seria feita uma aliança em uma disputa eleitoral.
1169 - Arrecadação: Lembro-me também de como aqueles que faziam
as maiores doações eram valorizados no interior do partido, lembrados pelas
direções, sempre citados, ganhavam prestigio e poder, já que normalmente eram
eleitos para as direções. Abnegação e dinheiro eram muito valorizados.
(...) Os pobres mesmo, aqueles que têm
que fazer milagre com o salário para sustentar ou ajudar a família, não
aguentavam mais que duas ou três campanhas. (...) Tenho na memória dois casos
inesquecíveis. Um cara estava tão endividado com o partido e com outros
compromissos que, não vendo outra saída, se juntou a outros que não eram do
partido e cometeram um sequestro. Resultado, prisão. De dentro da cadeia ele
mandou uma carta ao partido pedindo ajuda com advogados. O partido o ignorou
completamente.
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