PP - Textos Diversos XXXVI
Soraia Soriano (PP) - O Velho e Novo no Debate Sobre Estratégia:
1115 - Afirma que muitas críticas à luta autônoma de 2013 a 2016 partem de uma análise com categorias engessadas, que subestimam a novidade interessante que alguma luta fora da cartilha pode estar parindo.
1116 - Ela se contrapõe a outro texto. Discordo quando o texto afirma que as ocupações de escolas pelos estudantes secundaristas em final de 2015 fortaleceu a burocracia sindical petista (Apeoesp). (...) Ora, a luta era direcionada às escolas do Estado (hoje PSDB, amanhã pode ser PT), portanto se houve de fato algum ganho eleitoral ou pontual que seja, como falas públicas da Bebel querendo se apropriar do movimento, queda do secretário e a revogação da reorganização escolar, é óbvio que o PT vai se aproveitar deste “ganho”, inclusive porque tinham secundaristas ligados a eles presentes na luta. (...) Depois de uma greve de 90 dias dos professores, encerrada sem nenhum ganho, a Apeoesp se desmoraliza ainda mais quando os secundaristas, numa luta organizada autônoma em relação aos partidos partidos, derruba o secretário da educação e barra a reestruturação das escolas, secretário este que a Apeoesp teimava em negociar permanentemente.
1117 - Era fala comum dos estudantes a de que ninguém falava por eles naquele movimento, muito difícil, portanto, de cooptar para negociar.
1118 - O outro texto critica a ausência de uma base fixa nessas lutas autônomas.
1119 - O elemento que considero mais importante neste tipo de luta é a sua capacidade de se generalizar, e isto só é possível, como alguns já analisaram, por conta da ausência de controle total da luta.
1120 - Em um contexto de forte repressão, o caráter de enfrentamento, as táticas de rua sob um Estado democrático em momento de refluxo das lutas radicalizadas e crise das organizações de esquerda as táticas podem carregar elementos de superação.
Suellen (PP) - Reflexão
Acerca das Nossas Lutas Pelo Feminismo:
1121 - “O Estado capitalista não é formado só por
algumas das peças de jogo, mas, sobretudo pelas regras de jogo”. - JB
1122 - Como exemplo, e seguramente não como marco
inicial, em 1885 já apareciam reflexões como no periódico italiano La questione
Sociale que abordavam temas como família, relações livres, exploração do
trabalho fabril e diversas formas de violência conjugal.
1123 - É de grande importância também apontar que
não existe apenas um tipo de feminismo, mas muitos feminismos, dentro das
correntes existentes algumas se reivindicam liberais, marxistas, libertárias,
radicais, as feministas da igualdade, pós-feministas, multicuturalistas,
antiessencialismos, enfim são muitas as correntes. Numa simples interpretação
poderia-se resumi-las em feminismo classista ou não.
1124 - Coloca que a
própria divisão “mulheres machistas x mulheres feministas” de algumas é
excludente.
1125 - Critica a
patologização e expulsão dos “agressores”.
1126 - Critica a defesa
do mal menor, como defender Dilma pelo feminismo ter avançado com o governo da
mesma. Seria como o pequeno agricultor que defende a presidente fechando os
olhos para as benesses ao agronegócio e ausência de uma política mais incisiva.
1127 - Ainda atenta às bagagens históricas das
lutas feministas, não só Bakunin poderia ressurgir nas mobilizações de rua, mas
algumas feministas que desenvolveram importantes atividades autônomas e que
teriam muito a nos ensinar…desde modos de alfabetização, cursos sobre as
condições das mulheres que se prostituíam, até a construção de um hospital
maternal denominado Louise Michel (a revolucionária francesa que participou da
Comuna de Paris) realizando do pré-natal à discussões sobre sexualidade. Estas foram
experiências do coletivo Mujeres Libres (à época da Guerra Civil espanhola).
1128 - URSS: A abolição da família, em vez do conflito de
gêneros dentro dela, era pensada como a chave da emancipação das mulheres. A
socialização do trabalho doméstico eliminaria a dependência das mulheres para
com os homens e promoveria uma nova liberdade nas relações entre os sexos.
(...) Para os sujeitos daquele tempo histórico a necessidade era de criações de
lavanderias públicas, alimentação em restaurantes coletivos, assim como as
crianças estariam sob a criação e responsabilidade pública.
1129 - Comentários: Ao mesmo tempo, desde o advento da lei, não
se pode observar redução das taxas de violência doméstica e tampouco a solução
construída via sistema de justiça criminal tem se desdobrado em efetiva
proteção para as mulheres.
Theodoros Karyotis y
Antonis Broumas (PP) - Os Movimentos Sociais Frente ao Ascenso do Syriza:
1130 - A dominação capitalista resolve suas
contradições não com a concessão de determinados direitos e privilégios para os
oprimidos, como certa vez no passado, mas sim com a imposição de um estado
permanente de exceção, onde todas as medidas de engenharia social são
justificadas e todos os protestos são vistos como um início de hostilidades.
1131 - No contexto europeu uma possível conquista
do poder do Estado por um partido de esquerda não é percebido como um mal
necessário, mas como um objetivo estratégico para mitigar o impacto do assalto
neoliberal sobre o tecido social. Na mitologia da esquerda moderna, o Estado
está implicitamente visto como a última fronteira da política “real” em
oposição ao aumento do poder social do capital; deste modo a crítica da
essência burguesa da natureza do poder do Estado pode ser ignorada. Esta
concepção do Estado, apoiado pela maioria dos partidos de esquerda
contemporâneos, está ficando atrasada até com relação a abordagens ainda mais
antigas da esquerda social-democrata, que mantinham ao menos uma conexão mínima
com o objetivo estratégico de transformação social.
1132 - Argumentamos que a aspiração das classes
médias de retorno a um estágio “humano” do capitalismo não será cumprida.
1133 - Através desta política de “pau e cenoura”,
não só o estado deixa de ser enriquecido pelo dinamismo dos movimentos sociais,
mas também os últimos são subordinadas às prioridades do Estado, muitas vezes
perdendo seu momento e eventualmente desaparecendo. Na Grécia se viveu uma
situação semelhante quando o PASOK, social-democrático e “radical”, chegou ao
poder em 1981, marcando o fim da efervescência política que caracterizou o
período após a transição democrática em 1974, assimilando muitos movimentos
sociais dentro do regime corporativo que estabeleceu. Mais ou menos nos mesmos
anos pôde-se ver um caso semelhante em Espanha, com o governo socialista de
Felipe González.
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