PP - Textos Diversos XXI

 

Anotações Sobre “Passa Palavra - Janeiro de 2013 a Agosto de 2016

Parte II

 

 

Obs.: Estes textos da pasta NÃO estão organizados por ordem de data. Ordem alfabética.

 

Maria Orlanda Pinassi e Felipe Augusto Duarte (PP) - Expansão do Capital e Crise Estrutural no Brasil:

663 - Contexto: No último dia 17 de abril, a Presidente da República, sem qualquer acusação real sobre sua conduta pessoal ou pública, foi submetida à verdadeira condenação sumária por uma bancada que tem 60% dos seus membros envolvidos em algum tipo de irregularidade mais ou menos grave. Além disso, “na votação do último domingo, 477 dos 513 deputados votantes só chegaram à Câmara graças aos votos do partido, da coligação ou de colegas mais votados.”

664 - No decorrer destes últimos 13 anos, e por determinação do Banco Mundial, os termos trabalhadores, classe trabalhadora, desaparecem do discurso e das políticas governistas. Desde o primeiro mandato de Lula, o governo vem reduzindo-os todos à condição de pobres dependentes da tutela do Estado. Por meio de políticas sociais focalizadas, insuflou neles o fetiche pelo consumo e uma corrosiva consciência pequeno-burguesa. O resultado é uma perigosa desertificação ideológica.

665 - Traz números fartos sobre violência e impunidade no campo nos últimos anos. Dos 1270 casos de homicídios registrados no campo entre 1985 e 2015, apenas 108 foram julgados. O mesmo descalabro para os assassinatos nas cidades. Também traz números ruins de trabalho escravo, infantil e desemprego.

666 - Cita inúmeros desmontes na área social pretendidos ou já em ação pelo governo Dilma a fim de legitimar ajuste fiscal.

667 - Enquanto isso continua a crescer o consumo de produtos de luxo no país. Entre 2006 e 2012 o mercado de bens de luxo expandiu-se 236%, uma média de 39,3% ao ano. Joias, vinhos, roupas e carros de grifes internacionais lideram as vendas de shoppings que verificam em setembro de 2015 um aumento de 25% em comparação com o mesmo período de 2014. O faturamento das grifes internacionais registrou elevação da ordem de 33% na mesma base de comparação. O que reforça a sugestão de que o modelo de consumo de massas da estratégia neoliberal de desenvolvimento dos últimos 13 anos redundou na restrita modernização dos padrões de consumo da população, com pouca mobilidade social e tímido processo de redistribuição da renda pessoal que, entre outros, encobriu a forte tendência a concentração da renda funcional em favor dos lucros.

 

Mehmet Dogan (PP) - A Atualidade do Povo Curdo no Oriente Médio:

668 - O conflito entre Israel e os palestinos não tem de fundo um processo revolucionário que possa mudar completamente a realidade do Oriente Médio.

669 - Durante os anos 1970 e 1980, nas mesmas décadas que na Argentina, houve regimes ditatoriais. Na Turquia, o imperialismo controlava o Estado através do exército turco, que – vale a pena dizer – é a segunda maior força da OTAN, obviamente depois do exército ianque. O movimento revolucionário, a esquerda revolucionária turca e o povo curdo foram vítimas de uma repressão brutal. Em 1980 se operou um golpe de Estado e em apenas 3 meses houve um pouco menos de 600 mil presos. Há ainda 20.000 desaparecidos à força, e hoje em dia temos 12.000 presos políticos.

670 - Movimento atual nascido na Turquia: Essa frente desenvolveu uma nova ideologia que se chama confederalismo democrático. As bases dessa ideologia aparecem durante 1998, momento em que o PKK se transformou de um partido clássico marxista-leninista em um partido socialista mais comunitário, que se transformou de um partido independentista em um partido confederado. Essa transformação implica uma crítica profunda ao Estado nacional capitalista.

671 - Os franceses, britânicos e gringos dividiram toda a região com o critério de “uma família, um Estado”, como se pode ver por exemplo nos casos do Qatar e do Yêmen. O objetivo, obviamente, consistia em dividir o Oriente Médio para poder controlá-lo mais facilmente. Não há nenhum argumento antropológico, sociológico ou político que possa legitimar a divisão geopolítica atual do Oriente Médio. Por isso que a União de Comunidades do Curdistão tem uma postura muito crítica a respeito de se criar uma nova divisão, um novo Estado curdo. (...) A mãe-natureza é a vítima desse sistema de superprodução e consumismo.

672 -  Em 1984 não havia outra maneira de lutar senão através da luta armada porque havia uma ditadura na Turquia, e no Iraque tínhamos Saddam Hussein.

673 - Logo surgiram novos movimentos políticos e sociais, que nasceram primeiro na Turquia, porém não se limitaram a ela justamente porque nós, curdos, também vivemos na Síria, Iraque, sob as fronteiras arbitrárias que nos impuseram.

674 - Na Turquia, faz umas semanas, houve eleições. Os companheiros participaram das eleições e conquistaram quase 10% dos votos. obtendo 36 deputados na Assembleia Nacional, e mais de 100 prefeituras. Se vocês viajarem por ali, verão o que é uma prefeitura socialista comunitária.

675 - A gestão tem que ser co-presidencial. Uma mulher e um homem. Desde os anos 1980 as mulheres já começaram a se organizar em brigadas especiais de mulheres, não somente para a luta armada, mas atuando em toda sociedade em geral.

676 - Querem tomar o controle do Estado.

677 - Então, com dois representantes – um homem e uma mulher – de cada etnia, a população decide, através de uma forma organizativa muito direta, a política social, econômica e ecológica da cidade.

678 - Buscam sempre o consenso.

679 - Lista de terrorista dos EUA: O PKK nunca realizou ataques sobre organizações civis, nem econômicas, somente contra guarnições ou estruturas militares. Na Europa, setores relevantes da população sabem que o PKK defende o povo, que não é uma organização terrorista.

680 - Esculhamba o Estado Islâmico e fala que se impõem pelo medo. Eles mesmos provocaram o conflito entre sunitas e xiitas, duas ramificações do Islã, e agora dizem “vejam, os bárbaros não entendem a democracia, se matam entre si, precisam de nós”. Para legitimar, assim, uma intervenção e presença permanente na região, jogam com a Al Qaeda/Estado Islâmico. … Quase 85% dos mercenários da Al Qaeda são jovens que têm nacionalidade francesa, alemã ou britânica. Não vêm de países árabes, não vêm do norte da África. São estrangeiros, são jovens dos bairros pobres de Paris, de Marselles, de Londres ou de Berlim. Trouxeram essa força reacionária contra nós, contra todos os povos desta região.

681 - E, claro, logo após a destruição: quem reconstrói tudo? Suas empresas multinacionais. O que ocorreu na Iugoslávia está ocorrendo nas nossas regiões, e por isso digo que querem balcanizar a região. A única força que pode apresentar um obstáculo a esse plano é o PKK, uma verdadeira força democrática e revolucionária.

682 - Nos comentários, Beto considerou o discurso por demais nacionalista e apassivador do povo, como alguém a ser defendido pelo partido.

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