Manolo (PP) - Os Anarquistas e a Geografia Urbana (Kropotkin e Reclus)
Manolo (PP) - Os
Anarquistas e a Geografia Urbana (Kropotkin e Reclus):
567 - Ambos são da
primeira onda do anarquismo (1860-1930), antes deste ser desmantelado
provisoriamente (até 1960) pelos inimigos de todo espectro que chegaram ao
poder entre 1917 e 1930. (...) Kropotkin
e Reclus chegam à conclusão de que as cidades são um lugar de encontros e um
espaço fértil para atuação política, por terem sido os lugares onde surgiram os
embriões da democracia moderna.
568 - O príncipe rejeitou
seu título nobre e se filiou a uma seção da AIT em 1872. Foi preso em 74 e passou
por vários países até voltar à Rússia
apenas em 1917 para colaborar com o processo revolucionário, mas a escalada dos
bolcheviques ao poder através de um golpe de Estado fê-lo crítico acerbo desta
forma de condução de um processo revolucionário – em conformidade com sua longa
crítica a qualquer governo, mesmo revolucionário.
569 - Manolo defende que,
ao contrário do que se diz por aí, a questão urbana não é secundária no
pensamento de Kropotkin: muito pelo
contrário, está no cerne das preocupações de Kropotkin, quer no âmbito
historiográfico, quer no âmbito geográfico, quer no âmbito político.
570 - As comunas urbanas e as primeiras cidades
medievais eram, para Kropotkin, um modelo de resistência à tirania. Em várias
passagens de sua obra (KROPOTKIN, 1901, 1955, 2000, 2005h, 2009, 2011) mostrou
como estas comunas lutaram contra os senhores feudais, sendo em alguns momentos
vitoriosas. Federalismo e pacifismo na luta.
571 - Cidades nobres
fortificadas começaram a imitar as livres. Estas
cidades nobres, em constante conflito com as cidades livres, foram o embrião do
Estado absolutista (idem, p. 169).
572 - Havia também um fator interno, as “divisões
que haviam surgido dentro das próprias cidades” (idem, p. 169): as famílias dos
fundadores da cidade disputavam privilégios de comércio com as famílias de habitantes
mais recentes; os citadinos, ou burgueses, não faziam questão de proteger as
aldeias dos arredores, formadas por camponeses, a quem deixavam frequentemente
sob o jugo de senhores feudais.
573 - Entretanto, o povo
tinha um papel próprio nisso tudo desde Século XIV. Para Kropotkin, a Revolução Francesa foi impulsionada não apenas pelos
panfletos iluministas, mas pela decidida ação popular de libertação de
obrigações feudais e de retomada de terras das mãos de senhores laicos e
religiosos. Terra era um direito individual e coletivo para eles. (...) O “povo”, territorializado a partir dos
distritos (arrondissements) de Paris e de outras cidades grandes, “fez a
revolução nas localidades, estabelece revolucionariamente uma nova
administração municipal, distingue entre os impostos que aceita e os que recusa
pagar, e dita o modo de repartição igualitária daqueles que pagaria ao Estado
ou à Comuna” (idem, p. 130).
574 - Defendia, assim, a
nova comuna (agora com tecnologia/ciência nova). Federalismo delas substituindo
o Estado, inclusive. Via embriões desse futuro possível: [A] íntima ligação já existe entre as diversas localidades, graças aos
centros de gravitação industrial e comercial, graças a um grande número destes
centros, graças às incessantes relações.
575 - Renda fundiária se
aproveita da expropriação do trabalho comum criador das cidades. Ninguém tem
esse direito. A solução deste problema,
para Kropotkin, é o alojamento gratuito, como proposta pós-revolucionária, e a
expropriação das casas, como ação revolucionária imediata.
576 - Esboça até um guia
prático do expropriação popular organizando e ocupando coletivamente imóveis
excedentes ou até espaçosos. Conclui-se que “O espaço, em Kropotkin, é produto também do desenvolvimento histórico,
e a História se desenvolve no espaço.”
577 - Quanto a Reclus,
Manolo defende que não há determinismo do meio natural sobre o homem, havendo,
na verdade, influência mútua.
578 - Reclus: A “luta de classes”, a busca do equilíbrio e
a decisão soberana do indivíduo, tais são as três ordens de fatos que nos
revela o estudo da geografia social e que, no caos das coisas, mostram-se assaz
constantes para que se possa dar-lhes o nome de “leis”.
579 - Traz longo trecho
sobre hierarquização das cidades e localidades centrais. Manolo afirma que era
um modelo muito sofisticado para a sua época: Enquanto o modelo reclusiano de hierarquização urbana funda-se no
desenvolvimento tecnológico, no deslocamento humano (e no alargamento tecnológico
do alcance deste deslocamento) e nas necessidades do trabalho, o modelo
christalleriano está totalmente enraizado no consumo de bens centrais.
(...) o modelo reclusiano, deste modo, é
muito mais útil a um planejamento do espaço urbano feito por trabalhadores em
função de suas próprias necessidades que o modelo christalleriano, perfeito
para planejar o espaço na perspectiva do Estado e das empresas.
580 - Lacoste e David
Harvey seriam resgatadores da obra de Reclus.
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