PP - Textos Diversos XX (Marcelo Lopes de Souza e etc.)
Marcelo Lopes de Souza
(PP) - O Campo Libertário Hoje, Radiografia e Desafios:
646 -
Anarquismo/libertarianismo clássico: certa
obsessão pelo consenso e a desconfiança ou hostilidade em relação a decisões
por votação e maioria (quase sempre vinculadas ou reduzidas à “democracia”
representativa).
647 - Daniel Guerin
tentou aproximações, mas não foram muito consistentes parece. Em seus últimos anos, Karl Korsch, um dos
“conselhistas” (ou “comunistas de conselhos”) mais famosos, cogitava sobre uma
espécie de fusão entre o marxismo e o anarquismo; e Murray Bookchin, que, assim
como Castoriadis, teve origem no marxismo, rompeu com suas origens sem perder o
respeito intelectual por Marx. Lembra e cita os enfáticos elogios, apesar
das divergências, que Bakunin fez a Marx quando este lançou “O Capital”
648 - Comentador: Durruti dizia frequentemente que “Los
Solidarios” era uma vanguarda revolucionária formada para liderar o povo na
revolução social (o Durruti tinha uma série de tiradas mais atribuíveis ao
Stalin que ao Bakunin).
649 - Mais de um
comentador discorda que exista obsessão pelo consenso no anarquismo clássico e
crê que isso é inclusive muito mais atribuível aos jovens atuais. Outros
criticam enfaticamente as conclusões de Marcelo sobre o anarquismo clássico,
pois este seria muito diverso.
650 - Felipe, Nunca se chegará a uma conclusão objetiva,
universal, se Hakim Bey é ‘anarquista’ ou não, ou se Antonio Negri é ‘marxista’
ou não.
651 - Muitas críticas
anarquistas pesadas ao artigo.
652 - Marcelo, na segunda
parte, vai criticar a ortodoxia e estatismo de David Harvey e sua empolgação
com Brasil, América do Sul em geral e China.
653 - Bookchin não secundarizou, de modo algum, a
questão da produção, de um ponto de vista geral; movido por uma constatação de
que “nos EUA, as fábricas estão silenciosas, os guetos, não” – ou seja, a
domesticação do movimento operário, a “assimilação” dos sindicatos etc. -, ele
buscou, quase desesperadamente, alternativas práticas. Foi menos uma questão de
“opção” que de busca de oportunidades de ação.
654 - Um comentador
critica Hakim Bey: Não há em Bey nenhuma
proposta, nenhuma estratégia de libertação coletiva e tampouco princípios
ancorados no tronco histórico do anarquismo (classismo, ação direta,
necessidade de se mobilizar coletivamente, necessidade do anarquismo estar
ligado a classe trabalhadora, etc.).
655 - Outro comentador: O anarquismo nunca pôde contar com Estados
bancando traduções e publicações de seus clássicos, produções teóricas e
acadêmicos vivendo somente de pesquisa — como foi o caso do antigo mundo
“socialista”. Seus clássicos até hoje não foram publicados (autores como Errico
Malatesta, até hoje, não têm suas obras completas publicadas, nem em italiano),
sua história nunca foi contada devidamente (a história da Revolução de Shimin,
na Manchúria, entre 1929 e 1931, em que os anarquistas tiveram participação
decisiva, sequer é conhecida tendo sido o anarquismo foi “apagado” da história
nos relatos da direita e da esquerda). A própria obra completa de Bakunin só
foi publicada, em CD, em 2000. Muitos outros exemplos poderiam ser dados.
Marcelo Lopes de Souza
(PP) - O Lugar das Pessoas nas Agendas Verde, Marrom e Azul:
656 - Os muros
convenientes e que em nada tocam nos interesses dos ricos: Interessantemente, conforme confirmado pelo próprio Instituto Pereira
Passos, claudicante think tank urbanístico da Prefeitura carioca, as favelas
escolhidas para serem “contidas” estavam entre as que menos vinham crescendo (a
primeira delas, Santa Marta, onde chegou a ser construído um muro, tinha
apresentado até mesmo decréscimo de cerca de 1% da área ocupada por
construções).
657 - Tudo tem sido usado
inclusive como desculpa para modelar a cidade aos grandes eventos.
658 - A despeito de um plano alternativo à remoção
das famílias (o Plano Popular da Vila Autódromo [9] ) demonstrar que é
ambiental e socialmente defensável a manutenção da maioria das famílias no
local, um argumentos ecológicos têm sido esgrimidos pela Prefeitura (mesmo com
a Concessão de Direito Real de Uso concedida pelo governo do estado do Rio de
Janeiro anos atrás): além de ser uma ocupação irregular e parcialmente situada
em área non aedificandi, a remoção de quinhentas famílias se justificaria para
preservar as margens da Lagoa de Jacarepaguá – argumento curioso, já que a
maior parte das casas localizadas à beira da lagoa são de classe média e
representam uma pequena parcela do total de imóveis a serem sacrificados, sem
contar o fato de que a lagoa já se acha há muitos anos imprópria para o banho e
a pesca devido à poluição causada em grande medida pelo esgoto doméstico nela
despejado in natura pelos “condomínios exclusivos” situados ao redor do sistema
lagunar formado pelas lagoas da Tijuca, de Jacarepaguá e Marapendi.
659 - Defender remoções de população pobre, sem empenhar-se
em saber até que ponto irão as famílias removidas não somente engrossar o caldo
da segregação residencial em outro lugar, mas reproduzir o mesmo padrão de
ocupação precária nesse outro lugar (geralmente a periferia distante), é miopia
ou hipocrisia. (...) Os custos
econômicos dos investimentos em obras de engenharia para estabilizar encostas,
garantir macrodrenagem etc. tendem a ser pequenos em comparação com os
benefícios sociais.
Márcio Antônio Cruzeiro
(PP) - Redução da Jornada de Trabalho Sem Redução de Salário:
660 - Coloca que o
capitalismo brasileiro se esquece de que redução de jornada incentiva
investimentos em aprimoramento da mais-valia relativa. Além de proporcionar a melhoria da qualidade de vida do trabalhador e
geração de novos postos de trabalho, pode ser um grande avanço ao
desenvolvimento capitalista, uma vez que tornar-se-á uma injunção para
incremento de investimentos, com vistas à produção da mais-valia relativa. No
setor público, reduzir o tempo de trabalho pode colaborar para aprimoramento de
processos, melhorias tecnológicas, desburocratização e, em consequência,
serviços mais eficazes e céleres aos usuários.
661 - Texto do meio de
2015: Mesmo no ano de 2013, quando a
tecnocracia capitalista de esquerda, instalada no poder, concedeu incentivos
fiscais, na ordem de 78 bilhões de reais, a taxa de investimento industrial foi
quase nula. Os ratos capitalistas embolsaram os incentivos, não promoveram
melhorias tecnológicas, não geraram mais empregos, e com o acirramento da crise
promovem demissões em massa e cobram mais e mais incentivos.
662 - Eugênio comenta: Os gestores só reduzirão a jornada de
trabalho quando isso for imposto pelos trabalhadores em luta, do contrário o
incremento em mais-valia relativa se dá mantendo-se o tempo de trabalho (e
salário) dado e, portanto, aumentando-se a taxa e a massa de mais-valia, ou
seja, revertendo o desenvolvimento tecnológico a favor do incremento da
exploração. Diz que, além disso, nem sempre o capitalista tá com grana pra
investir: Se compensa colocar bolivianos
alojados em cubículos e costurando à mão, ao invés de comprar uma máquina de
costura que poupa tempo e esforço do trabalhador, venham bolivianos. A luta
é global. Tem que ser: Uma vitória
isolada de fato pode resultar na perda de competitividade (ou redução das
margens de lucro) daquele capital que remunera um mesmo valor por tempo de
trabalho menor, além disso estimulará à mecanização, visando alcançar o nível
de produtividade socialmente necessário. Sendo assim não adianta dizer que a
redução da jornada é boa também para os capitalistas, pois não é, e só será
concedida quando os trabalhadores arrancarem a conquista à força.
FIM DA PARTE I.
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