Pablo Polese (PP) - A Esquerda Mal Educada
Pablo Polese (PP) - A
Esquerda Mal Educada:
708 - As organizações que buscam se construir de
modo autônomo não têm canalizado suas forças no sentido da formação e
consolidação de uma base permanentemente organizada, que possa ser “convocada”
a qualquer momento. Isso implica que tais organizações sejam caracterizadas por
seu caráter efêmero, ou seja, pela descontinuidade organizativa.
709 - Isso é bom no
aspecto de diminuir o alcance da nociva tática do campo democrático-popular
considera: a estratégia atual se centra
na assimilação das lutas pela via do incentivo à participação popular. Cooptar
os destaques de cada luta contínua e etc. (...) Essa estratégia atual de apassivamento dos conflitos sociais reserva a
repressão apenas aos órgãos da classe que se recusam a serem assimilados por
essa lógica e seus mecanismos próprios de incentivo à participação e co-gestão
dos conflitos sociais.
710 - Elogia o movimento
“O Mal Educado”: não se preocupou em
canalizar seus esforços no sentido de se tornar capaz de gerir todas as
ocupações. Preocupado com a massificação das ocupações, ele buscava dar a linha
estratégica da luta, como qualquer outra organização o faria, mas não almejava
controlá-la e muito menos manejá-la para outros fins políticos, como por
exemplo o desgaste do governo Alckmin (PSDB), em contraposição ao governo
federal sob administração petista.
711 - Alckmin: Depois de falhar no método da imposição à
força, o governo adere aos mecanismos democrático-populares: chama para o
diálogo e defende a formação de grêmios para a participação de estudantes, pais
e professores no debate em torno do modo como se daria a reorganização, tida
como necessária. A suspensão leva à perda da legitimidade pública das
ocupações: “vocês já conseguiam o que queriam, agora voltem a estudar”. Do
mesmo modo, esvaiu-se o fundamento da unidade da luta.
712 - Durante o primeiro mês de ocupações havia
por parte dos estudantes uma recusa expressa à negociação por qualquer veículo
que não fosse o de embate de forças, lembrando as “greves selvagens” que vez ou
outra surgem na história da luta de classes. Em vez de líderes e representantes
dos lados em disputa sentados à mesa de negociação o que se via era uma firme
resistência à integração nos espaços de participação.
713 - A busca, no fim,
pelo isolamento do movimento, da “boa direção escolar” e das negociações
(tática democrático-popular) impediram que outra tática pudesse ser usada: Ficava relegado para o segundo plano,
portanto, a busca de apoio junto a outros setores da sociedade e a promoção de
formas alternativas de educação nas quais a escola pública seria aberta ao
público e se converteria em algo novo, diferente do que está aí. (...) A
autogestão da escola, posta para funcionar de um jeito novo, ao invés da
autogestão da luta nas escolas, que foi propriamente o que ocorreu, só seria
possível se outros setores aderissem ao projeto de autogestão da totalidade do
tecido social, a começar pelos próprios professores (a menos que a nova escola
fosse pensada sem a participação de professores).
714 - Ao virar de cabeça para baixo a antiga forma
de funcionamento daquele espaço a autogestão das escolas em luta se converte em
um ensaio, uma antessala para a autogestão da totalidade social. Não há meio
termo: ou a autogestão se expande para outros poros do tecido social, ou a
hetero-organização se repõe e a luta reflui.
715 - Trotsky, num texto sobre os comitês de
fábrica, diz que os comitês são por natureza organismos de duplo poder dentro
da fábrica, que rivalizam com o poder do capitalista. Por isso eles duram pouco
– ou eles desorganizam o poder capitalista ou o poder capitalista os
desorganiza – e, continua Trotsky, se eles permanecem é na base da conciliação
de classes, e não mais do confronto entre elas.
716 - Um não-trotskista
(acho) comenta os limites da analogia que o texto fez com Trotsky: A analise dele sobre os comites de fabrica
nesse momento são formuladas inserindo a sua relação com a conjuntura geral da
classe, a luta dos estudantes simplesmente não iria abrir uma situação revolucionaria
ou pré-revolucionaria e muito dificilmente iria se expandir para o resto da
sociedade naquele momento.
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