PP - Textos Diversos XVI

 

Legume Lucas (PP) - O Movimento Passe Livre Acabou:

463 - Contudo, os princípios foram transformados em nossa própria doutrina. Considerávamos essa a única perspectiva correta de atuação e, portanto, seríamos superiores aos demais agrupamentos da esquerda; assim as articulações eram feitas preferencialmente com aqueles que tinham acordo com esses princípios, ou por vontades individuais de algum militante, mas não a partir de lutas concretas.

464 - A horizontalidade, expressa na divisão e na rotatividade de tarefas – que seria fundamental para consolidar uma democratização de saberes e não consolidar posições hierárquicas – resultou em uma ojeriza à especialização, como se fosse um grande pecado alguém ser mais capacitado que o outro para uma tarefa, ou como se fôssemos igualmente bons em todas as atividades. A discussão democrática – fundamental para a oxigenação das mobilizações – abriu espaço para a rediscussão eterna das decisões, feita a partir da vontade individual de cada militante, como se um processo assim fosse democrático.

465 - A mistura entre afinidades pessoais e políticas levou a uma fusão entre os círculos de amizade com os de militância. (...) O sucesso das mobilizações de 2013 teve como uma de suas consequências o efeito de nos apaixonarmos por nós mesmos: as relações de amizade, amorosas e sexuais voltaram-se para dentro do próprio movimento. (...) Para ter acesso às decisões e disputas do movimento era necessário frequentar as festas, os bares após as reuniões, participar dos grupos de amigos, o que deixou o caminho aberto ao nosso fechamento em relação à sociedade.

466 - Grupos exclusivos de mulheres: Uma vez que este espaço está fora de qualquer esfera de controle democrático no movimento, foi possível que pessoas que já haviam saído das instâncias regulares de militância continuassem a frequentá-lo, participando das disputas dos rumos do MPL. A crítica a esse espaço é vista como machismo e aqueles que a fazem são marginalizados e detonados nos fóruns informais do movimento.

467 - … um lado defendia manter o trabalho em escolas e os atos centrais que o MPL estava acostumado a fazer; outro lado defendia a organização de um trabalho exclusivo nas periferias, focando uma organização por bairros. Não rolou tanto a coisa dos bairros, pois… Na tentativa de se manter o consenso interno, tentou-se criar estruturas híbridas que impediam ambos os projetos de serem levados adiante.

468 - Eugênio considera que a culpa nem é dos identitarismos: Se a classe trabalhadora tivesse respondido de outro modo, levando adiante as experiências de luta mais ou menos espontâneas e autônomas ensaiadas em 2013 estes extratos umbiguistas que disputaram o MPL a partir de dentro teriam sido varridos pela história, ao invés de assumirem o controle do movimento e inviabilizarem o prosseguimento do trabalho daqueles militantes que foram saindo aos poucos e mais especialmente agora. Aliás, basta pensar o processo na Rede Extremo Sul, que ruiu mesmo sem feminismo radical tomando as rédeas e sem a estrutura organizativa do MPL, e a meu ver ruiu porque teve que enfrentar esses mesmos desafios objetivos de se levar adiante uma luta autônoma quando capital e Estado vêm com todas as armas buscando direcionar a luta para os fins de sua preferência, ou seja, aqueles apassivadores e se possível lucrativos.

469 - Pessoal do “partido anarquista” critica o texto: A auto-gestão da sociedade também é uma ideologia, não é a natureza espontânea dos seres humanos livres anterior ao pacto social. Não se trata de um Comitê Central que ilumina os trabalhadores, mas construir organização popular sem apresentar suas verdadeiras intenções, i.e. poder popular e o fim do capitalismo, é no mínimo desonesto. (...) O que me parece difícil de entender é se vocês concebem a auto-organização dos trabalhadores como um espaço livre de disputa ideológica e de programa.

 

Leo Vinícius (PP) - Que Horas Lula Volta:

470 - Não é o aeroporto ou shoppings - a popularização de certo consumo - o maior motivador do ressentimento de classe. Afinal… Pela facilidade de signos à disposição e flexibilidade do sistema de consumo e distinção, ele é pouco afeito a gerar ressentimentos dessa ordem. Ou seja, os “lugares bem frequentados” estão sempre se renovando.

471 - O trabalho da empregada ou empregado doméstico é improdutivo nesse sentido, uma vez que não produz capital (não produz mais-valia) e é trocado diretamente por salário. A empregada doméstica estaria assim fora do processo de produção de capital, ou de produção capitalista. (...) Tomando o exemplo das empregadas domésticas, temos um subproletariado que, tendencialmente, se não entrou nos circuitos de trabalho diretamente produtores de mais-valia e capital, ascendeu à proletarização, a uma relação de trabalho e subordinação análoga às relações de trabalho e subordinação capitalistas.

472 - Diz que o ressentimento dos médicos vem da proletarização da profissão dos mesmos. Será?

473 - Não à toa a subordinação em Jirau é restabelecida com a presença da Força Nacional.

474 - MTE perdendo força. Prova disso é o fato da proporção entre Auditores Fiscais do Trabalho e trabalhadores nunca ter sido tão baixa desde o início dos anos 1990.

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