PP - Textos Diversos XV

 

Karina (PP) - Polarização, O Som do Silêncio:

446 - Desde Collor houve 61 tentativas de impedimento de presidentes a maioria feita por cidadãos comuns, mas várias feitas por partidos de oposição, como 4 pedidos petistas para o impedimento de FHC. Collor foi inocentado de todas as acusações que embasaram a abertura do impeachment (aqui e aqui). Essas duas afirmações apontam para um mesmo sentido: o impeachment é um instrumento político, não jurídico.

447 - Coloca que o PT apostou mais em acordos parlamentares para enfrentar o golpe no jogo político mesmo do que em manifestações de rua ousadas e combativas. Com isso, legitimou o jogo.

448 - Critica a extrema-esquerda crítica ao PT por só apresentar soluções de longo prazo (trabalho de base) e não ter proposta de curto prazo.

449 - Karina: A princípio a defesa de uma pauta, até então popular, por um burocrata é uma tentativa de cooptação, por si só não garante sucesso na cooptação. O que determina o sucesso desta tentativa é como a classe irá lidar com tal tentativa, se irá se sustentar neste burocrata igualando suas propostas e delegando a ele o papel que deveria ser da luta ou se independente deste irá continuar com sua proposta e fazendo a luta debaixo, pressionando e forçando os de cima, enfrentando e jamais não se aliando a eles.

450 - Fagner: Segundo Gorz, a “reforma anticapitalista” é aquela que é “reivindicada não em função do que é possível no quadro de um sistema e de uma gestão dados, mas do que deve ser tornado possível em função das necessidades e das exigências humanas”, “ela não se determina em função do que pode ser, mas do que deve ser”. E Gorz contrapunha esse tipo de reforma às “reformas reformistas”, a “reforma reformista” como aquela que “subordina seus objetivos aos critérios de racionalidade e possibilidade de um sistema e de uma política dados” (conferir André Gorz, “Estratégia Operária e Neocapitalismo”, Rio de Janeiro, Zahar, 1968) (...) Ou seja, para esses autores, as reformas possuem um potencial anticapitalista e revolucionário, se não estão já enquadradas pelo próprio capitalismo e se apontam para a autogestão. New Deal seria exemplo de reforma contrarrevolucionária.

 

Kristian Williams (PP) - As Políticas de Denúncia:

451 - Refere-se a uma mulher que foi silenciada por manifestar opiniões “patriarcais”. Algumas pessoas – na sua maior parte mulheres, curiosamente – confessaram-me estar com medo de tomar uma posição na controvérsia, com receio de escapar ao padrão definido e de serem denunciadas de má feministas.

452 - Por que as feministas do evento negavam a conveniência de um debate acerca da eficiência ou não da responsabilização de acusados de agressão? “Discordamos da possibilidade de uma «discussão política» às nossas custas. O resultado poderá ser a nossa vida ou morte”.

453 - Sob este esquema, garante-se à partida que nenhuma sobrevivente possa ser igualmente uma abusadora, e que nenhum abusador possa ser o sobrevivente de uma violência cometida por outrem.

454 - O Patriarcado não é mais um modo de poder ou um sistema de estratificação social e torna-se, ao invés, identificável pelo comportamento de um homem individual, podendo este mesmo considerar-se a sua personificação.

455 - Critica qualquer pessoa cujo radicalismo consiste na denúncia de alegados defeitos dos outros.

456 - À medida que o nosso círculo se torna cada vez mais pequeno, diferenças menores adquirem uma importância acrescida, levando a mais suspeição, condenação e exclusão – diminuindo o círculo ainda mais. Comportamo-nos, noutros termos, não como um movimento mas como uma cena – e uma cena particularmente facciosa, isolada e hostil.

 

Legume Lucas (PP) - Mobilidade Urbana Como um Problema:

457 - Por que se investe em transporte coletivo? Estes são feitos com o intuito de garantir que pessoas e mercadorias circulem de maneira mais rápida pela cidade, já que para o empregador não é interessante que um funcionário chegue atrasado ou cansado em seu trabalho, pois assim ele renderá menos.

458 - Sob a perspectiva dos gastos públicos, há também que se considerar o alto índice de problemas de saúde advindo de nosso modelo de mobilidade, incluindo atropelamentos, doenças respiratórias e stress.

459 - Segundo recente pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a cada um real investido no transporte coletivo, doze são investidos no transporte individual. As diferentes esferas de governo financiam diretamente a produção de uma mobilidade urbana excludente, centrada na cultura do automóvel em detrimento da valorização do transporte coletivo.

460 - Copa: A construção das novas linhas não leva em conta as demandas cotidianas dos usuários e tem seus traçados pensados para garantir o trajeto dos hotéis e aeroportos para os estádios. Mantém-se uma lógica excludente de construção da cidade, na qual os interesses dos setores populares não são levados em consideração.

461 - O trabalhador paga imposto e tem que dar mais-valia aos patrões e, em troca, sequer recebe direito à cidade. Equipamentos e infraestrutura voltados a outros interesses e deslocamento pago.

462 - Tarifa Zero além das vantagens óbvias: Ao abrirmos espaço para novas experiências sociais, sensíveis e estéticas, estamos criando espaço para novas maneiras de ação política, pois criamos possibilidades de reinterpretação do mundo. Além de ser evidentemente mais fácil ir a uma manifestação ou reunião política se este deslocamento não é pago.

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