Filosofia - Textos Diversos XXXIX - J. Chasin - Método Dialético

 (continuação...)


654 - A parte sobre concreção é muito difícil de entender o que ele quer dizer. Não é tão claro quanto em outras partes.

655 - Vulgarmente a palavra praxis é entendida como a prática imediata empírica. Resultado: se eu testo uma teoria, se eu monto uma teoria e testo pela prática, se empiricamente dá resultados positivos ela é verdadeira. Se empiricamente ela dá resultados negativos ela é falsa. Isto não é dialética, isto é pragmatismo. Ex: Eu posso estar certo perdendo as eleições e posso estar errado ganhando.

656 - Dialética: Ela não satisfaz em recolher pura e simplesmente algumas evidências empíricas, externas à construção teórica. Exemplo: ela toma uma teoria, que não é algo entendido como hipótese, (na dialética a teoria não é hipótese de explicação, ela subentende que é a reprodução conceitual do real) através dela, a realidade terá que se comportar provavelmente de um jeito ou de outro. Seja qual for o comportamento desta realidade, se a reprodução deste segundo comportamento estiver em articulação adequada com aquilo que a primeira teoria reproduziu do primeiro movimento, está provado. Quer dizer eu tenho a idéia de que a luta de classes é o motor da história. E tenho a atualidade, por exemplo dos Estados Unidos. Nessa luta de classes para Marx o agente transformador é o proletariado. Eu pego na empiricidade nos EUA e a classe operária é uma das camadas menos inquietas e mais conformistas. Se eu tomar a prova empírica para este caso, o marxismo é falso. Porque o país mais altamente desenvolvido do ponto de vista capitalista, com o seu proletariado mais desenvolvido e organizado é o menos revolucionário, portanto a teoria de Marx é uma falsa teoria.

657 - Teria que ver, então se o mesmo método, é capaz de explicar o porquê de isso acontecer. Para dar o remate. Não é porque a classe operária americana hoje não levanta a bandeira revolucionária que esteja resolvida a contradição capital/trabalho.

658 - Se eu não sei algo do objeto, não sei o que procurar. Então, o que eu sei de início? Eu sei uma abstração ontológica. Mínima que seja. Essa abstração ontológica, configurada por todos os elementos mais ou menos aflorados, me permite buscar a concreção. A concreção seria o momento de ciência deste saber que começou ao nível filosófico/ontológico. Para a dialética, não existe diferença entre ciência e filosofia. Ambas são apenas momentos distintos de um mesmo saber. O saber das coisas.

 659 - Em última análise aquela idéia de aproximação do conhecimento que eu coloquei tem aqui um dos seus momentos importantes. Eu parto de uma abstração ontológica, chego ao produto científico concreto. Mas com esse produto científico concreto eu realimento a minha ontologia. Então eu posso agora fazer novamente o percurso e melhorar a minha ciência. Aí quando eu cheguei pela segunda vez ao final da ciência, eu posso pela terceira vez melhorar a ontologia. E posso fazer de novo o caminho da ciência. De forma que cada um desses círculos é um círculo de maior amplitude concreta. Hegel falava que a ciência é um círculo feito de círculos. Neste sentido, estamos aqui numa plataforma hegeliana. Para passar para o marxismo é preciso substituir círculos por espirais. Então eu digo: Uma espiral de espirais.

660 - Afirma que o positivismo pega a laranja e recorta de qualquer jeito. Enquanto que a dialética recorta partindo da própria ontologia da laranja., respeitando as divisões que o próprio ser já tem, analisando a relação das partes com o todo.

661 - Diz que o pensamento não-dialético só deixa o indivíduo e o universal. Tira a particularidade. A classe é uma particularidade. E esta é uma importante mediação.

662 - O que é a coisa? É aquilo que ainda não entrou numa relação com um sujeito qualquer que a transforma em objeto. Objeto é a designação da coisa quando há um sujeito que se relaciona com ela. O em si de um objeto é a coisa.

663 - Para Marx este momento que foi da singularidade muda à universalidade abstrata, que designa, que fala, este é o instante preliminar classificatório ainda não científico. A ciência é um outro movimento, que partindo dessas abstrações faz o caminho de volta para reencontrar a singularidade concreta não mais na imediaticidade da sua mudez, mas na voz multifacética da sua concretude, que é a síntese de todas as determinações colhidas no percurso que vai da abstração à concreção. (...) A universalidade é uma indeterminação. A particularidade vai conferindo determinação a algo indeterminado. O processo puntiforme opera que progressivamente a universalidade vai perdendo universalidade porque ela vai sendo determinada e ganhando concretude, exatamente porque ela está perdendo generalidade.

664 - O texto começa muito bem, mas depois, várias coisas eu não peguei.

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