Filosofia - Textos Diversos XLV (Kant)

 

Kant - Coletânea de Textos (Inclusive Sobre Neoliberalismo):

111 - O texto sobre neoliberalismo eu já fichei em outra pasta, então vou apenas fichar os inéditos.

112 -  Kant concorda com Hume e com os empíricos quanto ao fato de que devemos todos os nossos conhecimentos às impressões dos sentidos. Mas, e nesse ponto ele concorda com os racionalistas, nossa razão também contém pressupostos importantes para o modo como percebemos o mundo á nossa volta. Em nós mesmos, portanto, existem certas condições que determinam nossa concepção do mundo.

113 - Para Kant, há formas que existem em nossa consciência antes de qualquer experiência. Exemplos: tempo e espaço. Não existem fora de nós mesmos, afirma.

114 - Para Kant, a lei da causalidade não está na natureza, mas dentro de nós.

115 - Ele concorda com Hume em que não podemos saber com certeza como o mundo é "em si". Só podemos saber como o mundo é "para mim" e, portanto, para todos os homens. (...) Em compensação, podemos dizer com certeza como as coisas serão percebidas pela razão humana.

116 - Se um gato desatento vir uma bola rolando, a primeira coisa que ele faz é ir atrás dela. Já um humano olharia para trás para ver quem jogou, porque a lei da causalidade está inculcada na nossa razão. Somos racionais. Queremos saber as causas. Porém, a razão só se desenvolve com a experiência. Por isso, é possível que um bebê fosse atrás da bola também. A não ser que fosse William Sidis.

117 - Quando falamos em leis da natureza estamos falando, na verdade, de leis do conhecimento humano.

118 - Kant e os limites da nossa consciência, do nosso conhecer: Mas quando nos perguntamos de onde vem o mundo, e discutimos algumas respostas possíveis, a consciência fica como que parada, pois não possui qualquer material sensorial para "processar"; não possui o registro de qualquer experiência que possa retrabalhar. Isto porque, como dissemos, nunca iremos experimentar toda a enorme realidade de que somos apenas uma ínfima parte. O mundo sempre existiu (e isso ´concebível?) ou teve uma causa? (quem criou a causa?). Ademais, nem a razão nem a experiência podem provar Deus, segundo Kant. Religião é fé, concluiu.

119 - Kant com os racionalistas e contra Hume aqui: Kant acreditava que todos os homens possuem uma razão prática, que nos diz a cada um o que é certo e o que é errado no campo da moral. (...) Kant considerava a lei moral tão absoluta e universal quanto a lei da causalidade, por exemplo. Esta também não pode ser provada pela razão, e nem por isso deixa de ser inevitável. Ninguém contestaria isto.

120 - (O problema da lei de ouro é que muita coisa é discutível. Seria moral torturar Hitler se ele tivesse acionado um suposto detonador com contagem regressiva para detonar supostas bombas atômicas em todo o planeta e só ele tivesse o código de interrupção? Outra: é moral vigiar alguém para o seu próprio bem? Creio que não, mas enfim…) (Mentir é imoral. Sempre? E para proteger alguém de outrem que quer matar sem razão?)

121 - Ser utilitarista e tentar ajudar ao máximo de pessoas não é mais efetivo? Sim, Kant certamente concordaria com você. Mas só quando nós mesmos sabemos que estamos agindo segundo a lei moral é que agimos em liberdade. Razão é liberdade. Para Kant, enquanto seres sensíveis, estamos absolutamente entregues às imutáveis leis da causalidade. Não decidimos o que sentimos: os sentimentos e sensações aparecem forçosamente e nos marcam, queiramos ou não. Mas o homem não é apenas um ser dotado de sentidos. Ele é também um ser dotado de razão. Pode escolher! (...) A gente pode se escravizar a toda a sorte de coisas. Podemos nos tornar escravos do nosso próprio egoísmo, por exemplo. Ir além de seus próprios desejos e vícios é uma coisa que requer exatamente autonomia e liberdade.

122 - Conhecimento empírico é “a posteriori”  e vem da experiência, dos dados dos sentidos. O “puro” é universal. Vem “a priori”. São juízos universais e necessários.

123 - ...Há juízos que não são desse tipo. Explicando melhor, eles podem ser analíticos (quando o predicado já está no sujeito. Ex: o quadrado tem quatro lados, senão não é um quadrado) ou sintéticos (o predicado acrescenta ao sujeito. Ex: os corpos se movimentam). Neste último caso, pode ser ou não um juízo universal e necessário. Tem juízo sintético “a priori” (como na física e matemática) e “a posteriori” (os mais comuns, que são limitados no tempo e espaço e admitem exceção).

124 - … Exemplo na Matemática: "A reta é a distância mais curta entre dois pontos". Este exemplo não é juízo analítico pois o predicado não está contido na noção do sujeito; no conceito de linha reta, não entra necessariamente a idéia de distância. É portanto sintético. Não é juízo a posteriori pois conhecemos a sua verdade sem precisar medir a distância entre dois pontos. E é estritamente universal e necessário (não há exceções). Logo é a priori.

125 - Sintéticos “a priori”: De acordo com Kant, esses juízos se fundamentam nos dados captados pelos sentidos e na organização mental desses dados, seguindo categorias apriorísticas do nosso entendimento... O conhecimento, portanto, é o resultado de uma síntese entre o sujeito que conhece e o objeto conhecido. Categorias são, assim, conceitos puros.

126 - Para Kant, na sua síntese entre idealismo e realismo, o conhecimento não é dado nem pelo sujeito nem pelo objeto, mas pela relação que se estabelece entre esses dois pólos. O que podemos conhecer são apenas os fenômenos, ou seja, os objetos tais como eles aparecem para nós, mas não como eles são em si mesmos.

127 - Para Kant, precisamos do “dever moral” justamente por não sermos bonzinhos. Nossa natureza não é.

128 - Somos seres racionais, mas também somos seres naturais. Em Kant, a natureza é o reino da necessidade. Da causa e efeito. A liberdade vem da razão prática e a imposição que a razão prática faz a si mesma daquilo que ela própria criou é o dever.

129 - O dever é o imperativo categórico. Uma forma. Não uma análise concreta “a posteriori”. É a “ética formalista” de Kant.

130 - Como não tinha mais Deus para invocar, Kant teve que buscar o fundamento da nossa lei moral na razão.

131 - Dessa forma, embora a liberdade humana seja uma questão problemática no âmbito da razão pura (já que não se pode provar a sua existência ou não), Kant a coloca como uma exigência da moralidade.

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