Filosofia - Textos Diversos XLIII
José Amorim de Oliveira
Jr. - A fraqueza e a transgressão como elementos de obtenção do melhoramento:
71 - Nas comunidades
fortes, com costumes e moral muito definidas, se um indivíduo”sai” e
experimento novidades, estará fazendo isso sem o apoio, estabilidade e força
dessa comunidade. Portanto, será “fraco” nessa empreitada. Porém, para o
filósofo alemão, isso não parece ruim: a
instabilidade, a desordem, inoculada pelo indivíduo fraco, que possibilita a
idéia de se quebrar o ciclo da moral, de sair-se do embrutecimento (“sombra da
estabilidade”). Ou seja, insgurança pode ser um progresso.
72 - A ilustração que o autor usa pode passar-nos por simplista, mas ela
retrata bem o que ele quer dizer: “raramente uma degeneração (...) não tem uma
vantagem por outro lado. (...) O zarolho terá um olho mais forte”, por exemplo,
visto que ele transforma uma fraqueza em algo positivo, em um progresso.
José Amorim de Oliveira
Jr. - Afirmação da Existência, em Nietzsche:
73 - A essência é
indemonstrável: Nietzsche considera que “(...) o ser é uma ficção” e que “o mundo das aparências é o único real. O mundo-verdade
foi acrescentado pela mentira.”
74 - Não diríamos que se provoca a destruição do conceito de ser, mas que se
institui uma nova ontologia: o ser é o próprio devir, o próprio vir-a-ser. A
efetividade, em sua multiplicidade, ao invés de contrapor-se ao ser, o
constitui.
75 - Nietzsche por vezes
parece meio condescendente quanto à questão do céu: “(...) pode ser da constituição básica da existência o fato de alguém se
destruir ao conhecê-la inteiramente – de modo que a fortaleza de um espírito se
mediria pelo quanto de ‘verdade’ ele ainda suportasse, ou mais claramente, pelo
grau em que ele necessitasse vê-la diluída, edulcorada, encoberta, amortecida,
falseada.”
76 - A recusa nietzschiana em aceitar qualquer distinção entre diferentes
tipos de realidades (umas mais reais do que as outras), ao lado da valorização
do devir, da mudança, do sensível, são ingredientes para uma Filosofia
Positiva. A filosofia que Nietzsche nos demonstra rompe com os dogmas criados
pela filosofia metafísica tradicional, pois adota este mundo, esta existência,
como o modelo, como o ponto de partida e o ponto de chegada de sua filosofia,
sem recorrer a modelos ideais e fantasiosos (‘fantasmagóricos’, como diz o
autor).
77 - Em vez do sofrimento
servir pra cavar uma vaga no céu, deve servir para fortalecer. Aprendizado. Aí
vem o célebre “o que não mata, fortalece”. É a dor do parto. Não é o sofrimento
negativo cristão.
José Leon Crochík -
Teoria Crítica e os Estudos sobre o Preconceito (Adorno):
78 - Adorno,
especialmente, adorava a psicanálise.
79 - Há quem critique a
teoria de Adorno com o seguinte: Assim, o
tipo denominado de ‘conservador genuíno’ mostra que há indivíduos que são
politicamente conservadores, mas não têm tendência fascista, ao contrário do
pseudoconservador, que é favorável ao ideário conservador mas não à democracia.
80 - Biling diz que
preconceito e autoritarismo são causados por condições sociais e não
transtornos de personalidade. É outra crítica.
81 - O texto defende que
Adorno não defendia a supremacia dos fatores psicológicos: o estudo de características
psicológicas individuais é importante, não como elemento isolado para se
entender uma questão que os autores insistem ser de gênese social, mas para
evidenciar como a ideologia se reproduz a partir da incorporação individual,
mediada por necessidades psíquicas.
82 - Contato como
solução. Escola com migrantes. O primeiro
desses projetos já tem uma avaliação, que mostra que o rendimento dos alunos
migrantes melhorou, enquanto os dos não migrantes continuou semelhante. O outro
projeto não tem ainda uma avaliação formal, mas análises realizadas em outros
países mostram o acerto da proposta. Nos dois projetos, nota-se a presença da
idéia de que o convívio de pessoas com características distintas pode diminuir
o preconceito, que é a idéia subjacente à hipótese do contato.
83 - Há estudos que
mostram que o contato pode ser até reforçador de preconceito. Tudo depende de
outras variáveis agindo em conjunto.
84 - A necessidade da sobrevivência, ao que parece, leva-nos a ser cruéis.
No limite, o poder de escolha de quem vai morrer se relaciona à própria
sobrevivência. No nível social, como a conclusão do estudo da personalidade
autoritária indica, só a transformação social que elimine ou, ao menos,
minimize a necessidade de competição e fortaleça a cooperação é capaz de
eliminar o preconceito. Assim, um dos limites importantes à tentativa de
diminuição do preconceito através do contato é o fato de que a necessidade de
dominação é imanente ao nosso sistema social; dominação essa que, segundo
Horkheimer e Adorno, é resposta à ameaça constante que paira sobre nós, caso
não nos adaptemos aos preceitos vigentes, sendo que um desses preceitos é a
constante competição.
85 - Mais relativização
da “hipótese do contato”: Rofé e
Weller(1981) analisaram a hipótese do contato em relação com a ameaça que é
percebida no exogrupo. Partiram da hipótese, estudada já por outros autores, de
que o contato pode ser positivo se a ameaça representada for pequena e que não
reduz o preconceito se for grande.
86 - Em síntese, os dados experimentais dos estudos citados indicam que o
contato entre grupos conflitantes tende a ser profícuo, desde que garantidas
algumas condições: cooperação, amizade, ilustração, um clima cultural geral
adequado…
87 - A lógica em que
opera a razão instrumental: A realidade tal como pode ser captada é tida
como o referente último, sem se perguntar pela sua gênese e potencialidades de
transformação; ela é naturalizada e eternizada; disso resulta um hiper-realismo
que se alia com a busca pragmática dos resultados, e a percepção imediata passa
a se destacar da realidade como a sua verdade.
88 - ...Assim, todos os
problemas se tornam problemas de adaptação ao meio. … os
problemas políticos tornam-se problemas administrativos; os problemas sexuais,
disfunções que apontam para falhas do desempenho individual; as questões
educacionais tornam-se falhas do sistema de ensino ou do aprendiz; os problemas
econômicos convertem-se em falhas do sistema; os problemas familiares são
reduzidos à psicologia; os valores se conformam à realidade estabelecida, não
são refletidos, a não ser pelo grau de adaptação que permitem; o lazer e o
trabalho devem ser organizados tendo em vista a perpetuação do existente.
89 - Após pesquisas com
questionários de correlação…: Assim, as
hipóteses da pesquisa foram confirmadas. Os sujeitos que aderem à ideologia da
racionalidade tecnológica tendem a ter um maior número de características
narcisistas e vice-versa. (...) Por fim, cabe mencionar que as correlações
obtidas, ainda que significantes ao nível de 0,01, são de magnitude mediana e
que as amostras estudadas não são representativas da população, o que leva à
necessidade de outros estudos que confirmem, ou não, os encontrados nessa
pesquisa. Isso, no entanto, não invalida o que estamos defendendo neste ensaio.
(usaram estudantes de universidade)
90 - De
outro lado, se, como Adorno (1986) afirmou, em cada época, a sociedade leva os
indivíduos às regressões psíquicas que necessita para a sua reprodução, os
desejos e as características narcisistas e sadomasoquistas, que podem estar
associados com a defesa ideológica da técnica, implicam as configurações
individuais necessárias para a reprodução social.
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