PP - Textos Diversos XXXII
PP (Mundo) - Mais Um
Culto de Direita Vindo de Itália:
1024 - Simone Di Stefano:
«Você é antifascista?» … Beppe Grillo:
«Essa questão não me diz respeito. o M5E é um movimento ecuménico.» (Conversa
entre Grillo e um dos principais dirigentes do partido neofascista CasaPound,
11 de Janeiro de 2013).
1025 - «Antes de degenerar, o fascismo tinha um
sentido de comunidade nacional (que foi buscar directamente ao socialismo), o
maior respeito pelo Estado e a vontade de proteger [a instituição de] a
família.» (Roberta Lombardi, deputada do M5E, 21 de Janeiro de 2013).
1026 - “A Casta vs. As Pessoas Honestas” é o
enquadramento conceptual mais poderoso na Itália de hoje. (...) A raiva e a
frustração foram canalizadas contra membros do parlamento, os seus salários, o
financiamento público dos partidos políticos, etc., os quais, sendo reais, são
problemas menores do sistema. Entretanto, as medidas de austeridade e as
políticas neoliberais eurocráticas devastavam a sociedade, sem encontrarem
oposição. Diferentemente da Grécia, da Espanha e de Portugal, não houve a
resposta de lutas de massas.
1027 - Por trás das expressões que Grillo usa de
forma abstracta (e.g. “funcionários públicos”) há hospitais e serviços de
urgência, bombeiros, escolas e infantários, serviços sociais para os idosos e
os doentes graves, «assim como insituições democráticas que tratam de manter
esses serviços em funcionamento». Prega, ainda, a total eliminação dos
sindicatos.
1028 - É certo que Grillo menciona o capitalismo,
as culpas dos banqueiros, etc. Ele faz isso. No entanto essa parte do discurso
dele nada tem de peculiar, limita-se a recuperar todos os clichés dos
populismos europeus de direita.
1029 - Há certo
antissemitismo que denuncia um “capitalismo sem pátria” e quer a saída do país
da zona do Euro. (...) O mais importante
que há a dizer sobre a atitude “anti-austeridade” e antifinanceira de Grillo é
que isso não passa de uma fachada. É uma piada. Afinal: Grillo é um
multimilionário, raios! Sempre que um movimento populista conservador é eleito
e toma o poder, a sua retórica “anticapitalista” e antifinanceira evapora-se
depressa e acaba a administrar o status quo, capital financeiro incluído. (...)
Depois de passar meses a chamar-lhe “Rigor Montis”, Grillo afirmou
implicitamente que o ex-conselheiro internacional da Goldman Sachs é um “mal
menor”, se comparado com os partidos políticos. (Sobre “Monti”, o
primeiro-ministro “técnico”.)
1030 - Lorotas de Grillo.
O último líder político a conseguir 100%
do parlamento italiano e a fazer coincidir o seu movimento com o Estado acabou
pendurado de cabeça para baixo numa praça de Milão. O que aconteceu com vinte e
seis anos de atraso, mas hoje em dia as coisas acontecem mais depressa, não é?
Há a internet e tudo o resto. Piadas à parte, Grillo deveria estudar a história
do seu país antes de fazer essas declarações provocatórias que não auguram nada
de bom para ninguém.
1031 - Em Parma, o partido
fez tudo que criticou.
1032 - Não obstante tudo o que se diz sobre
democracia directa ou democracia interactiva online, o M5E é uma organização de
cima para baixo sem organismos intermédios entre Grillo e Casaleggio e a malta
dos fãs-activistas. Todas as decisões importantes são tomadas por esses dois
sexagenários abastados, e a “democracia directa” só é importante para apelar às
bases para concordarem de forma tele-plebiscitária. Deu exemplos concretos
satisfatórios no texto.
1033 - Há uma mentalidade
clara de culto, afirma. Linchamento virtual de traidores acontecem.
1034 - Defende a
sacralidade das fronteiras da pátria e tem “ex-fascistas” em seus quadros.
1035 - Há “esquerdistas”
(vi 40% num site) rendidos ao partido como “é o jeito”. Algumas das exigências e propostas do M5E são exactamente as mesmas que
nós temos feito durante anos e anos! Os seus programas incluem o “rendimento
dos cidadãos”, a defesa do bem comum, a ecologia… Sei de muitas pessoas de bem
que se tornaram activistas do M5E. Talvez possamos usar tacticamente o M5E para
derrotar o velho sistema político, é o que eles estão a fazer, não é?
1036 - O programa “toca-a-todos” do M5E não pode
deixar de nos trazer à memória o fascismo primitivo do Programa de San Sepolcro
(1919). Nessa altura, o fascismo era ainda um movimento “nem-nem” (“nem
esquerda nem direita”) que lançava palavras de ordem revolucionárias em todas
as direcções.
PP (Portugal) - A
Esquerda da Polícia:
1037 - Ora, sucede que, se quisermos classificar os
polícias e os militares como trabalhadores, então eles definem-se como
trabalhadores do aparelho repressivo, que tem como função disciplinar a
sociedade e obrigá-la ao trabalho. (...) A questão é que, enquanto partidária
da estatização da economia, aquela esquerda não dispensa o aparelho repressivo
central e, por isso, tem desde já de construir e manter as pontes com a polícia
e com as forças armadas que lhe permitam governar num desejado amanhã — desejado
por ela.
1038 - Portugal sequer
precisa de forças armadas e deveria reduzir drasticamente as policiais, já que
tem os mesmos números (ou maiores) de assassinatos com policiais “a mais”. Se os polícias querem apresentar-se como
trabalhadores, então devem ser avaliados como tal e só podemos deduzir que lhes
falta produtividade. O bom senso económico impõe uma drástica redução dos
efectivos policiais. E enquanto a polícia seria vocacionada para finalidades
úteis, nomeadamente a fiscalização do trânsito, em especial a protecção dos
peões nas faixas de atravessamento, os agentes postos na disponibilidade
integrar-se-iam na classe trabalhadora à qual dizem pertencer.
1039 - Tudo desafogaria
as prisões, se crê.
PP (Portugal) - A
Esquerda do Tribunal, Os Perigos do Ativismo Judicial:
1040 - A ligação umbilical da esquerda ao texto
constitucional possui uma clara base histórica. De facto, a aprovação da
Constituição da República Portuguesa a 2 de abril de 1976 contou apenas com a
oposição à direita, então exercida pelos 16 deputados do Centro Democrático e
Social (CDS). À esquerda, o voto foi unânime, um sinal da marcha pelas
instituições iniciada pela esquerda, em particular pelo PCP. (...) Embora
possamos encontrar alguns elementos indicadores do contexto pós-revolucionário
(ou contrarrevolucionário) da altura – a transição para o socialismo mediante
“a apropriação coletiva dos principais meios de produção, solos e recursos
naturais, e o exercício do poder democrático das classes trabalhadoras” (Artigo
80.º) –, o texto aprovado tem sido sujeito a diversas revisões. Noutras palavras,
a Constituição de 1976 já não é bem de 1976.
1041 - Ao mesmo tempo
garante direito à propriedade e herança.
1042 - TC (STF de lá)
bloqueando a austeridade: Exemplos
recentes deste aparente ativismo são o chumbo do corte das pensões do setor
público, com base no argumento da violação do princípio de proteção de
confiança, ou a declaração de inconstitucionalidade da extinção do posto de
trabalho por parte da entidade empregadora, interpretada pelo TC como uma forma
de despedimento sem justa causa.
1043 - Parecem ter a
ilusão de que o TC é técnico e incorruptível, estando acima dos acordos
políticos de ocasião dos representantes do poder real.
1044 - O anticapitalismo só começa onde o
autoritarismo estatal, em vez de se reforçar, depara com contra-instituições
baseadas em princípios de organização opostos.
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