PP - MST S A II
(continuação...)
962 - A agricultura orgânica é feita 85% por agricultores familiares. O texto afirma que sua ideia - Steiner como principal idealizador - nasce no contexto do nazismo. Darré, o ministro, era um ex-membro do escalão superior das SS, não meramente um técnico. Walther Darré convidou vários antroposofistas para preencher os quadros do seu Ministério. Mudando-lhe o nome para agricultura orgânica, ele converteu a criação de Steiner na principal doutrina agrícola do Terceiro Reich e não se cansou de promovê-la, sustentando que se produziam assim alimentos saudáveis e de qualidade superior, sem deteriorar o solo, e fazendo campanha contra os fertilizantes artificiais e os inseticidas.
963 - Em 1940 Darré enviou a todos os ministros um questionário versando a agricultura orgânica e, excetuando Hitler, que não respondeu, nove ministros opuseram-se a este tipo de agricultura com o argumento de que os seus efeitos poderiam prejudicar o esforço de guerra e três foram hostis por se tratar de uma ideia de Rudolf Steiner, mas sete ministros declararam-se favoráveis e três disseram que não se sentiam seguros acerca da questão.
964 - Ao que entendi, foi o modelo de um terço do território alemão. O próprio Darré admitiu em discurso de 36 que: Sob um ponto de vista puramente econômico, a forma e a dimensão da exploração camponesa não são rentáveis. A única razão de ser do campesinato é um fato que a história nos ensina, o de que um povo só se renova através do seu campesinato, o de que um povo deve manter em vida o seu campesinato para manter a sua própria existência». As autoridades nazis sustentaram uma classe de agricultores com custos tão pesados que entre 1934 e 1939, enquanto os orçamentos ministeriais aumentaram em média cerca de 170%, o Ministério da Agricultura viu o seu orçamento crescer cerca de 620%, ultrapassado apenas pelos ministérios dedicados à preparação militar e à repressão.
965 - Vendo a sua influência declinar a partir de 1936 no interior do próprio Ministério dos Abastecimentos e da Agricultura, Darré foi substituído em 1938 na chefia do Departamento de Raça e Colonização dos SS e acabou por ser destituído da posição de ministro em 1942.
966 - Objetivo do artigo: O que se passa é que hoje nos pretendem muitas vezes apresentar a agricultura orgânica como intrínseca e necessariamente anticapitalista.
967 - “BBC Brasil – Há margem para produzir mais alimentos orgânicos no Brasil? Lopes – A produção orgânica é uma vertente importante. No entanto, temos que ser realistas. Vivemos aqui no Brasil uma realidade de clima tropical com solos naturalmente de baixa fertilidade, expostos a intempéries por milhares, milhões de anos. (...) Aqui temos uma grande pressão de pragas e doenças, que, devido à humidade e à temperatura, se multiplicam rapidamente. Então produzir em maior escala conforme os preceitos da produção orgânica não é algo ainda factível. (...) Temos, sim, que fazer com que a produção em maior escala se dê da forma cada vez mais segura e sustentável, racionalizando o uso principalmente dos chamados defensivos ou pesticidas.” (http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/02/130122_embrapa_entrevista_2_jf_cc.shtml)
(...) Por outro lado, quando Lopes diz que quer “que a produção em maior escala se dê da forma cada vez mais segura e sustentável, racionalizando o uso principalmente dos chamados defensivos ou pesticidas,” quero crer que se refere ao sistema de plantio direto (http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Milho/CultivodoMilho_2ed/mandireto.htm). É importante ter em conta que, se este sistema parece efetivamente conservar os nutrientes do solo e eliminar a erosão que há 20, 30 anos atrás era uma das fragilidades do agronegócio (quem não se lembra de reportagens sobre a desertificação causada pelo agronegócio no Sul?), por outro lado, requer o uso de herbicidas (para produzirem a palha que irá forrar o solo, protegendo-o) e sementes geneticamente modificadas resistentes a esses herbicidas (eis a explicação da parceria Embrapa – Monsanto)
968 - Houve crítica althusseriana ao conceito de gênese histórica: ““Os conceitos de origem, de , de gênese e mediação devem ser tomados a priori como suspeitos: não só porque induzem sempre à ideologia que o produziu, (…). O conceito de origem tem por função, como no pecado original, assumir numa expressão o que não se deve pensar para poder pensar o que se quer pensar. O conceito de gênese tem por função por em ação, para as camuflar, uma produção ou uma mutação cujo reconhecimento ameaçaria a continuidade vital do esquema empirista da história” (ALTHUSSER. “Ler O Capital”, p.67)”
JB respondeu: Althusser pensava isso, claro, porque era contrário àquilo que correntemente se chama teoria da praxis. Por isso eu não sou althusseriano. Será difícil convencer um historiador da inutilidade do estudo dos processos históricos, assim como será difícil convencer um economista da inutilidade dos números.
969 - Manolo: Dado isto, não acho que o contínuo alerta do PP sobre as origens da agroecologia queira dizer que “a agroecologia é má porque sua origem é nazista”. Uma vez que estamos, forçadamente, no campo da lógica e da epistemologia, confronto o silogismo de Felipe com uma analogia: a afirmação de Felipe quer imprimir ao PP um primarismo político absurdo, semelhante a dizer que a internet é “má” porque foi criada com base numa estrutura militar estadunidense de comunicação entre computadores, ou que não se pode usar computadores porque a IBM, através de sua subsidiária alemã Deutsche Hollerith Maschinen Gesellschaft (Dehomag), gerou e tabulou os dados das vítimas do holocausto em seus cartões perfurados, e isto é “mau”.
970 - JB: “Quanto às relações do MST com a PBio na Bahia, vejam-se as declarações de Julio César Vasconcelos Campos, do MST, nas págs 10-11. Saliento a seguinte passagem do relatório, na pág. 11: «Entre as grandes vantagens para os agricultores, Campos destaca que a Petrobrás é uma opção ao atravessador, e que houve melhora do preço […]».” (...) Limitações da luta é uma coisa, e é o que a sensatez exige na maior parte do tempo. Mas um movimento que surge como anticapitalista e depois estabelece parcerias com empresários para melhorar os rendimentos dos seus associados não está a conduzir uma luta num âmbito limitado; está a fazer o oposto, a inserir-se nos mecanismos do capitalismo.
971 - Critica-se: “depois que li “O criador da agricultura orgânica foi fulano”, não tive coragem de prosseguir na leitura.”:
.
Comentários
Postar um comentário