PP - MST S A I

 

PP - MST S A:

943 - Primeiro contato: O primeiro encontro entre a VCP e a direção do MST, representada por Ciro Correa, ocorreu em 2004, sendo intermediador Oded Grajew, um empresário defensor da responsabilidade social das empresas e do bom relacionamento entre as empresas e os movimentos sociais. A resposta oficial do MST foi negativa quanto à aliança institucional com a VCP, mas sem que ocorresse uma oposição do Movimento à participação individual dos assentados [2]. (...) Posteriormente, parte da militância do MST e da Via Campesina destruiu uma grande quantidade das mudas plantadas em 2007, em resposta a uma ameaça do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de retirar os lotes a estas famílias, já que à época fugiam às normatizações de espécies a serem plantadas nos assentamentos.

944 - O segundo caso é com a Fibria (ex-Aracruz) e começa com uma ocupação de mulheres em 2006 para denunciar o “deserto verde” e a própria matriz produtiva do agronegócio.

945 - A Fibria, produtora de celulose e papel, formada pela junção da Aracruz e da Votorantim, anunciou no final de 2011 o projeto de um assentamento de 10 mil hectares no interior baiano, destinado a assentar mil e trezentas famílias, tendo por parceiros o Incra, o governo da Bahia, chefiado por Jaques Wagner, do PT — o qual contou com a Fibria entre os financiadores da sua candidatura — e o MST. (...) “Queremos ensinar aos jovens do MST como usar ciência e educação para desarmar um antagonismo desnecessário”. “Desnecessário” para qual dos polos e correspondente a quais interesses?

946 - A Fibria recebeu em agosto os líderes do MST em sua reunião anual estratégica. O apoio social às comunidades vizinhas faz parte das metas para 2025, que a empresa espera fechar nos primeiros meses do ano que vem. ‘Queremos divulgar para sermos cobrados’, diz Penido.

947 - Em março de 2008 as mulheres do MST e da Via Campesina realizaram uma série de mobilizações em áreas de grandes empresas transnacionais, entre elas a da empresa de celulose de origem sueco-finlandesa Stora Enso, acusada, entre outras coisas, de ter adquirido ilegalmente 56 mil hectares na fronteira com o Uruguai. A ideia era denunciar a monocultura e devastação ambiental. (...) João Pedro Stédile também se posicionou sobre tal situação, afirmando ser possível o plantio de eucaliptos em pequenas propriedades: “Um pequeno produtor poderia cultivar digamos, dois hectares de eucaliptos numa propriedade de dez hectares. Mas as empresas de papel e celulose não querem este modelo, por julgarem que os lucros são insuficientes. Exigem sempre o lucro máximo, ignorando as consequências sociais e ambientais”.

948 - Empresa procurou contato com MST e disse que as consequências negativas da desocupação via ação policial (14 pessoas feridas) não foi prevista nem apoiada pela empresa.

949 - Traz citações de Stédile sobre interesses brasileiros e estrangeiros, que parecem ter substituído o discurso “patrão-empregado”.

950 - Curioso: Por iniciativa da ONG Amigos da Terra, o MST foi convidado a ir à Suécia e à Finlândia, em abril de 2011, para realizar uma série de debates sobre Soberania Alimentar, Agroecologia, Reforma Agrária, Agronegócio, além de participar da reunião anual de acionistas da Stora Enso. O indicado para participar foi Marcelo Durão, do setor de relações internacionais do Movimento, para quem “O momento mais trabalhado foi a exposição das denúncias dos crimes realizados pela Stora Enso/Veracel no Brasil dentro da reunião anual dos acionistas da empresa” [21], da qual, curiosamente, traz a seguinte informação: “Estas denúncias causaram desconforto por parte da diretoria da empresa e aos acionistas, tanto que após o termino da reunião o próprio presidente da empresa fez questão de vir conversar sobre a importância das denúncias, da presença do MST e que queria estabelecer diálogo aqui no Brasil” [22].

951 - Manolo comenta: Um movimento grande como o MST não é livre de contradições, e é a partir destas contradições que podemos tentar encontrar tendências do seu desenvolvimento futuro. Na contradição entre ações de enfrentamento a transnacionais e ações de aproximação com transnacionais, que tática está levando a melhor? Qual delas tende a se desenvolver mais, e qual dela tende a ser progressivamente abandonada? (...) Conversando sobre o artigo com um amigo meu que é de um grupo de juventude muito ligado ao MST, ele argumentou que o caso da Fibria/Veracel no Extremo Sul da Bahia é uma retirada tática, pois não havia outra saída possível. (...) Em suma, uma derrota estratégica, que faz do Extremo Sul baiano território interditado à reforma agrária.

952 - MST e Pão de Açucar: Essa transação comercial — em que a principal rede varejista [retalhista] do país comprou 15 toneladas de arroz orgânico da Cooperativa de Produção Agropecuária Nova Santa Rita, do Rio Grande do Sul — foi anunciada como a maior já realizada entre o Movimento e um mercado, sendo intermediada e tendo o apoio do programa Brasil Sem Miséria, do governo federal. (...) Milton Formazieri, da coordenação nacional do MST, justificou a transação dizendo: “Parece contraditório, mas sentimos a necessidade de expor e divulgar mais sobre o movimento para a classe média, mostrar que nossa produção é social e ambientalmente sustentável”.

953 - Sandra Caires, gerente comercial de orgânicos do Pão de Açúcar, cita uma pesquisa do Ministério do Meio-Ambiente, divulgada em agosto de 2011, na qual 85% dos consumidores entrevistados se declararam mais propensos à compra de produtos se forem fabricados sem agredir o meio ambiente, como é alegadamente o caso dos orgânicos.

954 - Pepe Vargas pede calma com o fim do neoliberalismo, paciência. Diz que é um longo processo e que as contradições - agrotóxicos, transgênicos, código florestal, paralisia da reforma agrária - permanecerão enquanto isso. Interessante…

955 - Um grupo decidiu produzir arroz sem herbicida da Monsanto. Contudo, além da dificuldade de conseguir um selo de certificação de produto orgânico, a dependência em relação às empresas multinacionais não se encerrou aí, pois elas controlam, além da tecnologia agrícola, a comercialização do produto. Huli nos conta que a produção de arroz tem cada vez menos valor no mercado, com o que os 1.600 hectares que os assentados cultivam não lhes estão permitindo sequer sobreviver da terra.

956 - MST e agenciamento de trabalhadores. Miguel Carter informa que no ano de 2000 as cotas financeiras decorrentes do assalariamento temporário dos trabalhadores da Coopertchê alcançaram US$400.000, correspondente a um quarto do que foi arrecadado pela seção estadual do movimento no ano [16]. Por outras palavras, para uma parte substancial dos seus fundos o MST do Rio Grande do Sul recorreu a uma forma de exploração que os trabalhadores um pouco por todo o mundo têm denunciado como sendo uma das mais nocivas. (...) Os trabalhadores, quando iam para o acampamento, recebiam uma cesta básica e deveriam compor as Frentes de Trabalho, laborando parte do tempo para as empresas agroindustriais. Ora, a verba conseguida com a exploração da força de trabalho originou uma divisão entre os militantes desta instância do MST e sua direção estadual. Quando a direção estadual não consentia em realizar certas ações, os militantes podiam contar com o dinheiro arrecadado com o trabalho temporário fornecido às empresas para sustentarem ações distintas das chanceladas pela direção. Frente a isso, a direção estadual passou a interceder junto à administração das empresas para que o dinheiro não chegasse às mãos dos militantes.

957 - A utilização de força de trabalho enquadrada em cooperativas de trabalhadores prestadoras de serviços vem crescendo no ramo produtivo agrícola de frutas e horticultura, pois é vista como um meio de diminuição dos custos de produção para as empresas do setor, principalmente nos casos em que não é possível a mecanização da colheita.

958 - JB: O Sartre e os demais animadores do Les Temps Modernes — no romance com outros nomes — sabiam muito bem o que se passava na União Soviética stalinista, mas achavam que denunciar isso era fazer o jogo dos norte-americanos. (...) Foi o que sucedeu a Trotsky, foi o que sucedeu aos dirigentes e a muitos militantes do POUM durante a guerra civil espanhola

959 - josesoraresmelo: “Se vc não tem condições e capacidade teórica para arregimentar a maioria, interferindo dentro de qualquer movimento, só resta a você acatar a decisão dessa maioria. Ou vamos continuar a formar seitas dissidentes. Primeiro PT, depois PSTU, depois PSOL, depois…” (...) Taiguara 06/05/2013 at 02:52: Segundo a lógica (?) do josesoaresmelo, o PT nem teria nascido.

960 - A apologia da agricultura familiar e a agroecologia surgiram no MST sobre os escombros do cooperativismo e da produção colectiva», escreveu João Bernardo. Artigo de 2012.

961 - Ainda de acordo com a Organic Trade Association, as vendas totais de produtos orgânicos, que foram de 50,9 bilhões de dólares em 2008, atingiram 54,9 bilhões em 2009 e a progressão manteve-se. «As vendas globais de produtos orgânicos continuam a desafiar o declínio econômico», escreve a Soil Association, «crescendo 8,8% em 2010 e mantendo o crescimento em 2011» (veja aqui).

(continua...)

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