PP - Textos Diversos XXVII

 

PP - ABC Cooperativa:

897 - Uruguai. Patrão afundado em dívidas. Intermediaram acordo com o Ministério do Trabalho e evitaram o desemprego assumindo três ônibus cedidos e gerindo a empresa.

898 - Assembleias semanais aos sábados. Decidem tudo lá. Não há um conselho diretor que paira acima e só aparece uma vez no ano, como em outras empresas “recuperadas”. Eleitos por voto, os cargos da presidência e secretarias da cooperativa podem ser destituídos pela decisão de qualquer assembleia.

899 - Contra todos os prognósticos, a ABC voltou a operar sob controle operário e superou as dívidas deixadas pelo patrão falido com a Prefeitura e o Banco da Previdência Social. Mais do que isso, aumentou os salários acima da média nacional e ampliou os postos de trabalho – de inicialmente 9, no ano de 2013 eram já 15.

900 - Outro esforço da cooperativa foi de estabelecer uma rotatividade de funções – manutenção, direção, cobrança – em seu interior. Além disso, a ABC criou também uma escola para motoristas de ônibus inexperientes, na qual se formam novos trabalhadores para a própria cooperativa e para empresas de ônibus em geral.

901 - Mantiveram o cobrador. Ao contrário de outras empresas. Em 2006, a ABC criou também um centro cultural num bairro de periferia, onde desde 2010 transmitem uma rádio comunitária, a Iskra 102.9 FM, que pode ser sintonizada em um raio de 20 km.

902 -  Como a aprovação de um reajuste depende da decisão consensual de todas as partes (a prefeitura, que regula o sistema, e as empresas), há anos a ABC barra qualquer possibilidade de aumento.

903 - Denuncia-se vários boicotes do governo à expansão de suas atividades. A ABC permaneceu operando apenas a do bairro Real San Carlos – e, toda vez que tentou ampliar seus serviços, foi impedida pelo governo.

904 - Comentador Beto discorda da tática porque, segundo Emma Goldman, “Uma idéia nova nunca pode caminhar dentro da lei”… Logo, como Ministério do Trabalho permitiu… (...) Acrescenta: Mas a partir do momento que nós mesmos gerenciamos a catraca e cobramos a passagem, estamos indo de rumo ou contra esse ideal?

905 - Um comentador critica uma “autogestão” que presenciou: Em Jandira, em pouco tempo os cooperados passaram a contratar trabalhadores ainda mais precarizados para ocupar seus postos, também se transformando em patrões, por mais parecidos com trabalhadores que fossem.

906 - Reclama-se bastante nos comentários sobre o fato de ainda valer a lei do valor e, portanto, não existir autogestão naquele sentido mais generalizante. Ué, claro.

907 - Humanaesfera: Contra o ativismo, a única coisa a fazer hoje é, primeiro, falar tranquilamente como proletário de igual para igual com os outros proletários, e, se houver oportunidade, apresentar e debater com clareza nossas finalidades e os meios de alcancá-las e melhorá-las. Propõe: a superação da greve pela tática da produção livre, gratuita.

 

PP - Agora Só Faltam 3 Reais... E Um Imenso Desafio:

908 - Marca um protesto com marcha divulgada e ofício à SSP reivindicando o controle da segurança pelos próprios manifestantes, visto que a presença ostensiva da polícia mais gerava problemas que o contrário. A manifestação, que reuniu mais de duas mil pessoas, pretendia marcar também sua solidariedade à luta dos trabalhadores dos transportes, exigindo a readmissão das dezenas de metroviários e rodoviários demitidos após greves de suas categorias às vésperas do início da Copa do Mundo.

909 - Entretanto o ato simbólico pretendido pelo MPL foi marcado por uma tensão. Como lidar com uma parcela da juventude que entende a radicalidade da ação política unicamente na destruição de agências bancárias ou outros símbolos do capitalismo? Como evitar o roteiro: a) quebra de vitrines de banco ou de concessionárias de carro de luxo – b) repressão policial, bombas de gás e balas de borracha – c) manifestantes dispersados – d) movimentos sociais criminalizados? (...) a construção de uma estratégia política comum exige coesão organizativa para se atingir os objetivos aspirados. Quando uma tática se sobrepõe a qualquer diálogo e decisão coletiva coloca-se um desafio para um movimento organizado.

910 - Estes expedientes foram importantes nos levantes de junho e devem sempre ser deixados à manga.

911 - Leo Vinicius: Para ser realista, acho que uma parcela dos jovens que se engajam nesse tipo de ação não são capazes de rever sua ação justamente porque na prática ela não é encarada como tática, mas como um desejo, que tem um fim em si mesmo.

912 - Elitismo anarquista nojento, segundo JB, nos comentários de um black block auto-assumido que pergunta porque deveriam ver a “tática” como tática: Estive nesse ato como integrante do Black Bloc e posso dizer que eu não busco nada pra além daquele momento em si. Me considero o que hoje seria chamado de “pós-anarquista”, não acredito no messianismo Revolucionário e muito menos nas vias institucionais. O Capital ganhou e o aquecimento global está aí pra transformar drasticamente a vida humana e não-humana em menos de um século. Não há tempo para revolução, a revolução PRECISA ser agora, amigos, a revolução PRECISA ser a vida cotidiana; o papel da esquerda no século XXI é de resistência ao Estado e ao Mercado, além de buscar a todo momento a demonstração de que outros modos de existência são possíveis – seja enfrentando a polícia ou vivendo em comunidades alternativas, buscando romper por completo com a sociedade de consumo. (...) Esperemos a aprovação da “massa”? Para quê? Ano passado a “massa” foi as ruas fantasiada de verde e amarelo, gritando pelo fim da corrupção. E não me venha dizer que não foi a “massa” quem foi as ruas, mas sim a classe média eleitora dos tucanos. Eles não são “massa”? A classe baixa eleitora do PT está muito feliz comprando geladeira e televisão, obrigado; estão cagando pra sua política.

 

PP - Ainda Existimos, A Que Será Que Se Destina

913 - Pablo comenta: É nesse medo da coisa piorar que deixamos de tensionar e pressionar por melhorias, mas primeiro, uma ditadura militar não seria pior para nosso trabalho do que o atual contexto, em que há ditadura militar em todas as periferias e estado de exceção para todas as lutas mais radicais, anticapitalistas. Esse democracia perfeita, que o texto fala, é o pior cenário possível pra nós. Anticapitalistas afinados com o petismo, construindo a frente de esquerda. Isso é o pior cenário possível. CUT, MST e MTST assimilados pelo campo democrático-popular. Pior impossível. Extrema esquerda confusa e cogitando “recuo estratégico” para defender a legalidade dessa democracia restrita, autocracia velada, fascismo sorridente (como disse o ulisses)… pior impossível.

914 - Outro comentador: o FORA TODOS foi a consigna que unificou boa parte dos argentinos no 2001. Resolveu alguma coisa? Não. Entregou o país nas mãos de um presidente eleito com 20% dos votos e que em 10 anos foi capaz de cooptar uma enorme fração dos movimentos de massas que surgiram na época da crise.

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