PP - Textos Diversos XXVIII


            PP - Austeridade à Brasileira:

915 - Telemarketing e terceirizadas de baixa qualificação. Por que o governo Dilma começou a austeridade atacando os mais desorganizados, os dependentes do seguro-desemprego? É “eficiente”: A possibilidade de passar alguns meses recebendo sem trabalhar influencia diretamente o quanto alguém está disposto a aguentar a pressão, se sujeitar às humilhações, aceitar o assédio moral, cumprir a longa jornada de trabalho, respeitar as metas etc. Quebra-se a resistência individual, que é a única que possuem no momento.

916 - Disciplinamento do trabalho, o que pode gerar maior produtividade.

917 - Ao mesmo tempo, não se pode perder de vista a disposição de luta coletiva já demonstrada por esse setor. Afinal, foram os jovens trabalhadores urbanos os principais participantes das mobilizações de junho de 2013, iniciadas pela redução das tarifas do transporte coletivo – uma demanda material que afetava os diferentes setores da classe. (...) É de supor que esta parcela da juventude recém-ingressada no mercado de trabalho, com alto grau de precarização, esteja sendo reprimida antes mesmo que possa fundar bases organizativas próprias e à altura da combatividade que se expressou nas revoltas de rua de 2013.

918 - O texto afirma ou no mínimo suspeita que isso seja proposital ao projeto petista. Evitar manifestações contra Dilma. Não poderíamos esperar que os gestores levassem a cabo as políticas de austeridade de tom neoliberal deixando munição e um espaço a ser aproveitado pela extrema-esquerda, voltando-se as contradições contra o próprio governo e os interesses do capital no Brasil. Para o PT seria preferível não atingir os direitos trabalhistas, mas não se trata de opção política e sim de determinações econômicas oriundas dos interesses capitalistas no Brasil, bem como da necessidade de disciplinamento de uma camada potencialmente rebelde da classe trabalhadora.

919 - Leo Vinicius sobre os call centers: Ouvi de um dirigente sindical da categoria, salvo engano em 2013, que numa empresa da região de Belo Horizonte eram contratadas 100 pessoas por dia, apenas para manter o quantidade de empregados, tamanha a rotatividade. Segundo o mesmo dirigente grande parte não aguenta ficar muito tempo. Ficam até um ano, saem. Mas grande parte acaba voltando depois de um tempo, afinal as opções são escassas. (...) É sabido que com 4 meses de trabalho muitos já começam a ter problemas de saúde devido ao trabalho.

920 - Padaqui comenta: Quem é trabalhador sabe o que significa “carteira suja”… Não é à toa que boa parte das empresas contam com o setor de “recursos humanos” (e quando não têm, contratam uma empresa terceira para isso), que parece estar mais apto a enganar o trabalhador do que ser enganado por ele… (...) Por isso que o intuito da limitação ao seguro desemprego pareça ser menos disciplinar o possível trabalhador rebelde (até porque a rotatividade dos postos de trabalho é um princípio dentro do capitalismo, não só para manter baixo os salários como, e talvez principalmente, dificultar os laços de união entre os trabalhadores, inclusive nas empresas de alta rotatividade, pois mesmo quando o trabalhador é nelas readmitido, estes laços – assim como o salário- continuam enfraquecidos) e mais atender as exigências de contenção de gastos públicos.

 

PP - Brasil, Soma e Segue:

921 - Menciona erros dos esquerdistas quanto ao fascismo: Sentindo que as suas formas organizacionais e as suas armas ideológicas são ineficazes perante a democracia, esses grupos esquerdistas profetizam que o fascismo está ao virar da esquina e que é melhor as pessoas apoiarem-nos desde já a eles, grupos esquerdistas, porque a democracia ou será impotente para se opor ao fascismo ou mesmo o convocará enquanto bombeiro da ordem. Mas este erro da apreciação levou a becos sem saída os predecessores desses grupos, tal como levará agora os seus herdeiros.

922 - O texto parece defender, também, uma aliança para além da periferia com os trabalhadores qualificados (mais-valia relativa) que possam se somar ao projeto “autonomista”, digamos. Ao menos uma parte deles. Não entra nesses detalhes.

923 - Um integrante do Reaja critica que o MPL possa ir à Brasília e ao Roda Viva para impor sua luta sem ser criticado e um  movimento pelos desencarceramento não possa. JB justifica:

Em resposta ao comentário inserido acima, considero que a ida à televisão ou entrevistas concedidas a jornais e revistas de grande tiragem são oportunidades pouco frequentes, que devem sempre ser aproveitadas. Quanto à ida a Brasília de representantes do MPL de São Paulo, ela ocorreu

– no contexto de uma negociação por uma exigência concreta: a redução da tarifa;

– e num momento em que o MPL beneficiava do apoio de uma colossal movimentação de rua e estava, portanto, em posição de superioridade.

Pelo contrário, a ida das Mães de Maio a Brasília ocorre

– num quadro em que o governo federal precisa de ajuda para definir uma nova estratégia perante os surtos de violência em manifestações

– e na sequência de uma relação continuada que as Mães de Maio têm mantido com a Secretaria de Direitos Humanos do governo federal.

Finalmente, a participação na iniciativa do prof. Boaventura Sousa Santos, visando o lançamento de uma Universidade Popular dos Movimentos Sociais, e que abrangeu um amplo leque,

– ou revela a conivência com uma manobra destinada a reforçar a inserção dos movimentos sociais na área governista

– ou revela ingenuidade política.

 

PP - Certa Esquerda, A Dívida e Os Juros:

924 - Inserção no Euro, ao contrário do que se diz, possibilitou financiamentos da economia a juros mais baixos que a década anterior, diz o texto. Foram os capitalistas com menor inserção das suas empresas na economia internacional que menos aproveitaram o euro para reconverter tecnologicamente os processos de trabalho e, por essa via, aumentarem a produtividade do trabalho. Esta foi a situação inversa da Irlanda onde, na zona euro, os gestores aumentaram a produtividade em mais de 40% entre 1999 e 2011, ao passo que a produtividade em Portugal aumentou apenas 11%, correspondendo a 30% da produtividade irlandesa, como pode ver-se aqui.


PP - Linha Popular, Um Novo Horizonte:

939 - No último domingo, dia 14/12, a população do Jardim Novo Horizonte I e II organizou uma linha de transporte coletivo e um posto popular de saúde. O bairro, na Zona Leste de São Paulo, fica entre o Parque do Carmo e a Cidade Tiradentes, e não tem qualquer equipamento público de saúde, nem escola nem ônibus.

940 - O movimento do Jd. Novo Horizonte começou a partir de um grupo de jovens que, cansadas de subirem as ladeiras todos os dias, tendo que conviver com o cansaço e a falta de segurança, iniciaram conversas na paróquia local. A partir de então, começou uma articulação com o padre Paulo, militantes das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e militantes do Fórum Popular de Saúde de Itaquera que se organizaram para apoiar a comunidade. (...) Na primeira reunião, as jovens buscaram o apoio da Associação de Moradores e passaram de porta em porta divulgando a atividade, chegando a reunir mais de 60 pessoas na paróquia. Nessa reunião, foi apresentada a iniciativa da população dos bairros da Ponte Seca e do Mambu, no Marsilac, que em março deste ano organizou uma linha popular gratuita. Ficou decidido que “copiariam” a ideia no Jd. Novo Horizonte. Mesmo sem ter tido nenhum contato direto até então, a luta dos trabalhadores do Extremo Sul da cidade servia de inspiração para as trabalhadoras da Zona Leste.

941 - As ações diretas organizadas nesse dia 14 serviram para mostrar a clara disposição de luta para garantir a efetivação dos serviços públicos no bairro. Construiu-se uma unidade prática entre militantes por transporte, por saúde, associação de moradores, CEBs, militantes da Ocupação Copa do Povo, em apoio aos moradores do bairro e para pensar a continuidade da luta de maneira conjunta com os outros bairros da cidade.

942 - Na reunião tinha um bocó que só falava em reunião com as autoridades, pois a presença dele, como representante de uma “associação de passageiros” resolveria tudo. Como levaram a ação direta adiante como tática, esse cara passou a espalhar por aí que o movimento pretendia queimar a lotação disponibilizada por um motorista. Com isso o motorista que iria disponibilizar o ônibus desistiu do evento. Arranjaram uma kombi nesse outro bairro.

.

Comentários